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Além de habilidades técnicas já bem estabelecidas, o novo profissional de tax deve ter comunicação e facilidade em transitar entre áreas, conseguindo dar passos em suas carreiras para alcançar o C-Level. O tema foi discutido em webinar promovido pela Comissão Técnica de Tributos do IBEF SP no dia 27 de outubro, com participação da líder da CT, Meily Franco, tax director South Latam na Alstom Transporte.
Na ocasião, profissionais da área discutiram as características que um profissional da área deve ter para alavancar sua carreira na trajetória até cargos mais elevados. Ricardo Basaglia, managing director no PageGroup, moderador do painel, destaca que 90% dos profissionais são contratados por questões técnicas e são demitidos por questões comportamentais.
Diante disso, Elisangela Alvares Silva, controller na The Estée Lauder Companies Inc. Brasil, destaca que o profissional de tax precisa entender quais estratégias estão alinhadas com a empresa, contribuindo para o crescimento, saindo da zona de conforto. “São nos desafios que existem as oportunidades e melhorias. É importante ainda que ele construa um time com pessoas que não tenham só o conhecimento tributário, mas de tecnologia, trazendo geração de valor”.
Marina Biondo, head of tax and customs na BMW Group Brasil, ressalta a importância de mostrar o impacto da empresa e ter muita informação. “Vale a gente mostrar em reuniões o fruto do trabalho que a gente faz”. Segundo ela, como muitos profissionais de tax tiveram uma parte da carreira em consultoria, há ainda um receio de ir para empresas e ficar estagnado. “Hoje eu vejo que estar estagnado na carreira pode significar muitas coisas. No meu time, estamos num total de 20 pessoas, e tenho que identificar os desejos individuais e possibilidades dentro da empresa, e nesse processo eu sou o mais transparente possível”.
Elisangela reforça que a cultura de business partner precisa estar no cerne de atuação desse profissional, que deve estar próximo de outros times. “Reforço a importância de ter informações confiáveis. É muito importante que essa área tenha credibilidade sobre as informações que ele está colocando sobre a mesa”, diz Elisangela.
Desenvolvimento do perfil do profissional – Abordando o que o CFO espera do líder de tax, Gilberta Lucchesi, CFO na Repsol Sinopec Brasil, destaca que além das competências técnicas, espera-se um bom processo e gerenciamento dentro da área, além de resultados positivos através de novas ideias, ações, reuniões, busca por benchmarks, saindo de tax e vendo o que o mercado está fazendo. “A parte técnica já é esperado que a pessoa tenha. O que é ressaltado agora são as soft skills, a empatia, bom relacionamento, com comunicação e credibilidade. Isso é necessário para o trabalho de todo mundo e esperado pela diretoria”, diz.
Não viver somente o mundo tributário e estar atento ao que ocorre ao redor, sabendo o impacto financeiro de um determinado projeto, foi um ponto ressaltado por Elisangela no debate. “Visando cargos futuros, ele precisa mostrar o resultado ligado à estratégia da companhia, e como tax trabalha dentro dessa estratégia. O profissional precisa sair de linhas de tax e ir para uma visão mais ampla sobre a companhia, como ela foi criada e como manter um crescimento contínuo”.
Marina complementa dizendo que a comunicação é um dos principais fatores que ajudam o profissional de tax a se manter na empresa. “É um desafio desenvolver uma comunicação mais fluida, mais clara e menos técnica, e atingir seu público, que pode ser tanto o CFO quanto o diretor de vendas”, destaca.
Transição – Para quem busca uma transição de carreira, há diversas oportunidades. Elisangela diz que em seu caso ocorreu migração da área de tax para a área de controller. “A pessoa precisa sair da zona tributária e buscar um conhecimento financeiro e a transição entre as áreas dentro de controladoria, trabalhando junto com o time de planejamento financeiro. Consegui abrir muito minha cabeça através desse time”. Ela diz ainda que o profissional deve buscar informações e desafios, saindo do status atual. “Com certeza o conhecimento tributário vai ajudar quando tiver olhando qualquer planejamento e formação de um novo negócio”.
Mas para ocorrer uma transição, é preciso que o profissional trace um planejamento de carreira, conforme ressalta Gilberta. “O profissional deve saber onde quer chegar e se está preparado para isso”. Elisangela diz também que é preciso ter paixão pelo que faz. “Seja protagonista da sua carreira e tenha paixão por ela”.
Trajetória – Gilberta destaca que o contato com outras áreas é importante para o profissional que deseja galgar um posto mais alto na área financeira. “Se hoje cheguei a CFO, foi através da carreira de tax. Essa é uma área muito ampla, que dá contato com contabilidade, finanças, operação, expondo o profissional para a empresa toda. É preciso se adaptar diariamente, então é uma área muito desafiadora, e isso pode estimular as pessoas”, diz.
Gilberta diz ainda que o job rotation é importante para o crescimento profissional dentro da empresa, e a área de tax tem uma interlocução com muitas áreas. “Quanto mais afinidade e empatia você tem dentro da área, melhor será para o profissional. O job rotation é uma excelente oportunidade profissional e pessoal. Eu extrapolei todas as oportunidades, funciona muito bem até para preparar o líder, se estiver dentro do plano de carreira de cada um”.
Ricardo Basaglia destaca que na cabeça da maior parte os profissionais de tax, o crescimento em assumir novas responsabilidades e ir para outra área pode ser uma quebra de paradigma maior. “Cada empresa vai dar um caminho diferente, e a abertura é fundamental”, complementa.