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Comunicação em tempos de crise

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Fabio Mattos, gestor da SOAP, dá dicas para as lideranças acertarem na comunicação com diferentes públicos.

Em cenários de pressão, até os líderes mais experientes podem cometer erros na comunicação com seus públicos. Saiba como minimizar ou até mesmo evitar esses deslizes – que podem custar caro para a reputação – com as dicas de Fabio Mattos, gestor da SOAP, consultoria de comunicação especializada em soluções para apresentações corporativas.

Comunicar para liderar – Quando uma empresa atravessa um momento de turbulência, a credibilidade das lideranças é decisiva para que os colaboradores aceitem com maior facilidade as mudanças e conservem a motivação para superar os desafios.

“A comunicação é um ativo estratégico para que o líder possa conquistar credibilidade e conduzir o time na direção dos resultados que a empresa necessita”, destaca Fabio Mattos.

Fabio Mattos, gestor da SOAP

Postura transparente – Construir uma relação de confiança com a equipe é responsabilidade do líder, ressalta Mattos. E o primeiro passo para transformar um ambiente corporativo inseguro, obscurecido por dúvidas e incertezas, em um ambiente seguro e confiável é a transparência na comunicação.

“Transparência é saber dividir com o time os acontecimentos, até os limites do sigilo da empresa. A comunicação do líder deve ser frequente e diária”, afirma o especialista. “A liderança precisa deixar claras as regras e as metas, e dar feedback para o time”.

Via de mão dupla – A comunicação interpessoal é uma via de mão dupla. Para estabelecer empatia com a equipe, é fundamental estar disposto a ouvir e não só falar. É aí que entra a figura do líder participativo: aquele que escuta os colaboradores, respeita as diferentes visões, e está aberto a entender outros pontos de vista, mesmo que não concorde com eles, observa Mattos. “O líder deve estar próximo das pessoas, e substituir o julgamento pela curiosidade”.

Com quem você está falando? – O foco na audiência é outro aspecto fundamental para o líder que deseja estabelecer uma boa comunicação. Seja para apresentar um projeto ou anunciar medidas duras na empresa, o exercício de compreender como o outro lado interpretará as informações é essencial.

“É preciso ter a capacidade de se colocar no lugar do receptor da mensagem. Entender como ele enxerga o mundo, acolher a sua visão e, mais do que isso, estar atento aos aspectos emocionais envolvidos na relação”, ressalta o especialista.

Como comunicar más notícias – Em algumas ocasiões, o CFO é encarregado de assumir o papel de “portador das notícias ruins”: comunicar cortes nos orçamentos de departamentos, cancelamento de projetos ou até mesmo redução no quadro de funcionários. Como então dar notícias negativas sem desmotivar as pessoas?

Estabelecer uma conexão emocional com o público-alvo – e não simplesmente dar uma notícia seca – é fundamental para gerar empatia, observa o gestor da Soap.

“Ao comunicar uma notícia ruim, o líder deve se mostrar preocupado com o lado humano dos envolvidos, tentar pensar com a cabeça do outro, e ser transparente sobre a situação”, aconselha Fabio Mattos. “É necessário explicar o porquê daquela decisão e passar a segurança de que a informação é verdadeira”.

Conciliar interesses – Comunicar medidas impactantes exige também a habilidade de negociação, interpretada aqui como a arte de conciliar interesses.

Ao informar um corte de funcionários, por exemplo, é importante não só explicar os motivos de algumas pessoas estarem sendo dispensadas, mas também enfatizar os esforços da empresa em preservar o maior número de empregos, e auxiliar os funcionários que enfrentarão a fase de transição. “É importante trazer para o discurso informações relevantes e que interessem ao outro lado”.

Comunicação com público externo – Em várias empresas, o CFO também acumula o papel de RI. Mas não é apenas neste caso que a atenção deve ser redobrada com os comentários dentro fora do ambiente corporativo.

“Atualmente, qualquer pessoa com um smartphone pode registrar um acontecimento. Não existe mais conversa ‘off the record’ ou reunião secreta. Quem pensa que pode ainda se comunicar desta forma está perdido”, alerta Mattos.

Na comunicação com o mercado, um erro comum é focar nos aspectos técnicos da apresentação e esquecer o que realmente interessa ao público. Utilizar o mesmo formato para diferentes públicos é também uma falha recorrente. “Mudou a audiência, mudam os interesses e muda a proposta de valor daquela mensagem”.

Em uma prospecção de clientes, por exemplo, de nada adiantará fazer o discurso padrão sobre a empresa e produtos se o interlocutor não enxergar qual a proposta de valor da companhia que atende à necessidade do seu negócio. O mesmo cuidado deve ser observado na comunicação com o investidor.

“É preciso evitar a comunicação “eu, eu, eu”. Priorize as informações que são relevantes para cada público. Só depois de estabelecer essa conexão com o interesse da audiência é que ela estará disposta a ouvir o que você tem a dizer”, conclui o gestor da SOAP.

(Reportagem: Débora Soares / Foto: SOAP)

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