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IBEF SP na Imprensa: Entrevista para Folha de S. Paulo

Corte da nota do Brasil é recado para Temer agir rápido, dizem analistas

Por Tatiana Freitas, Mariana Carneiro e Joana Cunha – 06/05/2016

rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Fitch não surpreendeu economistas, mas eles interpretaram a perspectiva negativa dada para o rating como um recado ao vice-presidente Michel Temer: é preciso agir rápido.

Com a perspectiva negativa, a Fitch indica que pode voltar a reduzir a nota.

“É mais um recado para o governo sobre a necessidade de dar uma resposta rápida para a situação fiscal”, diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

Para ela, a posição da Fitch, ao manter a perspectiva negativa, destoa da atitude de investidores internacionais, que parecem dar o “benefício da dúvida” para o eventual governo Temer. “A agência não parece dar esse benefício”, afirma.

“A Fitch impõe urgência a Temer e assume que as perspectivas para o novo governo são bastante difíceis”, diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Para ele, se Temer não anunciar rapidamente sua equipe e seus planos para a economia logo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, novos rebaixamentos poderão ocorrer.

Assim como a Fitch, Perfeito cita as dificuldades de Temer para formar um governo de coalizão, o que deve dificultar a aprovação de reformas. “O Congresso não deve aprovar nada relevante até as eleições [em outubro].”

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também destaca as desconfianças sobre um eventual governo e os prognósticos de longo prazo. “Por outro lado, se não houvesse mudança política, perderíamos ainda muitas notas pela frente”, afirma.

José Cláudio Securato, presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), também avalia que pesou na decisão da Fitch as perspectivas ruins de curto prazo para o Brasil.

“A evolução política, a aprovação do afastamento da presidente e a formulação do novo governo abrem um caminho, mas essas perspectivas são de médio prazo. As de curto ainda são negativas.”

RETROVISOR

Os economistas também avaliaram que corte na nota reflete mais o passado do que o futuro. “É natural o rebaixamento, não é uma surpresa. A situação fiscal do Brasil é muito séria”, diz o economista Tiago Berriel, da PUC-Rio e da gestora Pacífico.

Segundo ele, porém, a iminência do impeachment de Dilma faz com que “tudo o que reflita a situação atual seja um pouco irrelevante”. “É uma percepção do passado. Não deveria ser importante frente a todas as incertezas sobre o futuro”, diz.

Mauro Schneider, analista da MCM, avalia que o timing do anúncio é “curioso”, já que ocorre a poucos dias da esperada posse de Temer. “A agência parece estar ajustando a nota ao cenário que foi materializado no governo Dilma”, disse. “Não parece descrença com um eventual governo Temer, mas um atraso em relação às demais agências [de risco]”.

André Leite, sócio da gestora TAG Investimentos, estima que os impactos do novo rebaixamento sejam reduzidos. “Isso já estava na conta. É um olhar no retrovisor. O mercado agora está mais preocupado com o futuro.”

Fonte: Folha de S. Paulo

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