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Cultura organizacional, folclore ou realidade?

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O tema é polêmico e motivo de discussão acadêmica e profissional. E mais uma vez evidenciamos que o assunto é muito dependente da vontade da organização (do entendimento sobre o assunto) ou da imposição dos órgãos reguladores.

Mas por que é tão difícil o aprimoramento da tão falada cultura organizacional? Falta maior comprometimento do conselho? Da alta administração e dos gestores? E os colaboradores, estão preparados para participar? Sim, a participação dos gestores da organização é de suma importância, pois comumente o exemplo vem de cima ou deveria começar pela alta administração.

Mas o que é realmente cultura organizacional? A cultura organizacional, também conhecida como cultura corporativa, é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos por meio de políticas, normas, valores, procedimentos e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização — vale a pena ressaltar: por todos os membros da organização.

Deparamo-nos em nossa vida acadêmica e profissional com a ausência de cultura, por exemplo, para os pronunciamentos contábeis internacionais. É evidente a ausência no mercado de profissionais com capacitação para aplicação dos referidos pronunciamentos. É válido salientar que o US Gaap (Princípios Contábeis Americanos) e o IAS (normas contábeis padronizadas) já estão inseridas nas empresas com sedes e negócios nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, sem contar em empresas brasileiras com matrizes no exterior. Mas por que estamos assim, um tanto desconfiados com isso?

A resposta não é tão complexa. Não existiam até o ano passado cursos confiáveis com temas sobre contabilidade internacional, com exceção dos in-company ou em pós-graduação. Mas será suficiente? Acreditamos que não, pois somente auxiliam a identificar o caminho das pedras. No entanto, os cursos de graduação deveriam inserir a disciplina em sua grade curricular com maior carga horária, para que nos próximos quatro anos tivéssemos profissionais de contabilidade com um mínimo de conhecimento na área.

E quando nos referimos à gestão de riscos? Existe cultura empresarial para identificação, aplicação e validação dos riscos? Existem algumas empresas preocupadas com o assunto, mas enfrentamos muita resistência e, por esse motivo, os profissionais de riscos e compliance têm sentido na pele a ausência dessa cultura organizacional para riscos e controles. O esforço é muito grande, afinal, a ausência de clareza de objetivos, dos valores e principalmente dos princípios demonstram se a empresa tem suas questões bem definidas, formalmente estabelecidas e orientadas para médio e longo prazos.

Entretanto, quando a empresa tem como princípio responsabilidade corporativa e social e uma boa gestão do seu negócio, a implementação de métodos preventivos dos riscos corporativos é mais bem encarada e realizada. Mas a empresa, para dar certo, deve fazer com que todos os funcionários tenham acesso aos seus objetivos, deve definir os valores e princípios e, quando possível, revisá-los periodicamente. Isso auxilia no processo de mudança e seu retorno pode ser de médio prazo, caso bem divulgado e aplicado.

Não será da noite para o dia que vamos mudar a cultura da organização, mas devemos implementar gradualmente esse conceito no gestores do negócio, e sempre que possível apresentando fatos relacionados ao negócio que necessitem de melhores controles, minimizar riscos e maximizar resultados financeiros e contábeis. Não podemos esquecer o processo de continuidade do negócio e dos planos de recuperação de crises e desastres, necessários em momentos inesperados, alheios à nossa vontade.

Portanto, a cultura organizacional não pode ficar somente nos discursos, livros e artigos; deve ser implantada, aprimorada e divulgada, para que todos – mas todos mesmo – na organização entendam os motivos de controles e resultados mais eficientes e com qualidade. Afinal, aprimorar a cultura é responsabilidade de todos na organização.

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