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Por Flávio Calife e Yan Cattani, economistas da Boa Vista SCPC.
Nos últimos dias o Banco Central (BC) divulgou seu indicador antecedente da economia, o chamado IBC-BR, com dados referentes à atividade de novembro. De acordo com a autoridade monetária houve um avanço de 0,49% na comparação mensal contra outubro, excluindo os efeitos sazonais. Já a variação do acumulado em 12 meses registrou alta de 0,68%, a segunda leitura positiva desde dezembro de 2014.
Com o resultado, o indicador manteve a mesma tendência apresentada pelas demais pesquisas dos setores de atividade econômica divulgados pelo IBGE para o mês de novembro: Pesquisa Mensal de Serviços subiu 1,0% Pesquisa Mensal do Comércio aumentou 0,7%, enquanto a Pesquisa Industrial Mensal elevou-se em 0,2%.
Considerado como uma prévia do PIB (o Produto Interno Bruto divulgado pelo IBGE, que afere todo o valor adicionado na economia em determinado período), os dados do IBC-BR corroboraram o diagnóstico de retomada da atividade econômica no país, principalmente quando observada a tendência de todos os indicadores mencionados – quando avaliada pelas variações acumuladas em 12 meses -, os quais apresentam gradativas desacelerações desde meados de 2017.
Observando a ótica da oferta de fatores produtivos, podemos notar a virada do último resultado do IBC-BR sendo condicionada principalmente pelo setor de serviços, o qual somente em na última aferição descolou de seu piso histórico e timidamente começa a mostrar resultados rumo ao crescimento, fato devido principalmente quando ponderamos sua representatividade perante a atividade agregada total, cerca de 62%.
Inserido nessa ótica, o comércio apesar do resultado marginal também vem colhendo bons resultados.
Seguindo o mesmo ritmo, a PMC também mostra melhoria de sua tendência ao longo do ano, movimento confirmado pela análise de outros indicadores antecedentes da economia, os quais também demonstram bons prognósticos para os próximos meses. De acordo com os indicadores de Movimento do Comércio e de Demanda por Crédito do Consumidor elaborados pela Boa Vista SCPC, o desempenho das vendas no varejo em todo o Brasil subiu 0,2% na avaliação acumulada em 12 meses até novembro, enquanto a demanda por crédito do segmento não-financeiro (linhas de crédito destinadas preponderantemente ao varejo) cresceu 1,0% no mesmo período. Enquanto o primeiro indicador mostrou seu primeiro número positivo desde junho de 2015, o segundo também saiu do campo negativo, situação observada desde dezembro de 2013.
Fazendo uma breve retrospectiva, os dados do varejo podem ser considerados um dos primeiros a mostrar recuperação dentre os demais setores de atividade, já que há exato um ano o indicador do comércio vem gradualmente se recuperando. Em termos setoriais, o indicador da Boa Vista SCPC mostrou um avanço mais considerável no setor de “Supermercados, Alimentos e Bebidas”, que aumentou 2,0% nos valores acumulados em 12 meses, mantida a base de comparação. Outro setor relevante, o de “Móveis e Eletrodomésticos”, também mostrou crescimento, apesar de mais tímido, de 0,4%. Contudo, preocupam ainda as categorias de “Tecidos, Vestuários e Calçados” e ”Combustíveis e Lubrificantes”, que ainda se encontram em níveis negativos, de 1,8% e 3,1%, respectivamente.
Apesar da ressalva, alguns sinais oriundos das pesquisas datas comemorativas devem dar o Norte para os próximos resultados do varejo. Ao longo do ano as pesquisas anteciparam com boa acurácia os resultados e tendências do setor, com média de 1,7% de crescimento no ano, praticamente igual resultado dos dados oficiais da PMC, incluindo o crescimento de 4,2% das vendas natalinas. Portanto, 2018 deve começar já em ritmo acelerado de crescimento, fato não observado há mais de 5 anos, quando as vendas de 2013 foram menores do que do ano anterior.
Por fim, com a mudança de cenário que incluiu redução de juros, expansão do crédito, melhoria dos níveis de renda, diminuição do desemprego, mudanças institucionais microeconômicas entre outras variáveis, as perspectivas mantêm-se extremamente favoráveis para que mantenhamos um ritmo adequado de crescimento ao longo de 2018, com preocupações postergadas somente após o fechamento do ciclo eleitoral.