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Leonardo Dib foi o convidado do encontro de mentoring realizado pelo IBEF Jovem na última quinta-feira (26). O executivo falou sobre a sua trajetória profissional e contou o que aprendeu nas empresas Unilever, PepsiCo, Editora Globo e na própria Netshoes.
Dib é formado em Engenharia Elétrica pela UFMG e pós-graduado (MBA executivo) no Ibmec-SP em Finanças.
Banquinho de três pés – O CFO fez a analogia de que a carreira é como um banquinho de bar com três pés: energia, foco e networking. Segundo ele, a energia consiste em trabalhar mais do que qualquer um. “Não é o tempo dedicado ao trabalho, mas sim a vontade de querer fazer a diferença e de agregar valor”, aconselhou.
No caso do foco, ele disse que não adianta investir energia e se esforçar em iniciativas que não geram resultado. Temos que focar esforços em atividades agregadoras.
Com relação ao networking, ele foi categórico: “Não conheço uma pessoa que tenha crescido sem alguém ter ajudado, por mais competente que seja”.
Dib enfatizou que a lealdade é algo que dá frutos a vida toda. “Lealdade não tem preço. Se dedicar a ser de fato um escudeiro para os teus superiores é uma postura que gera frutos futuros. Eu me dediquei sempre para suprir os pontos mais fracos dos meus chefes. Quando você consegue dar suporte para ajudá-los a suprir essas fraquezas, eles conseguem ficar mais fortes para fazer a empresa crescer e você se desenvolve junto com a empresa”, ressaltou, ao comentar que sempre gostou de construir amizades no ambiente de trabalho.
Para ele, esses três pés crescem em velocidades diferentes ao longo da carreira. Quando um deles cresce demais, há um desequilíbrio que pode fazer esse banco cair. Então, entra um pé sobressalente para ser usado nessas horas: a sorte. “Na vida, é preciso ter sorte. E ela não chega ao acaso. A sorte é a conexão dos três pezinhos, que traz as oportunidades na hora certa para você”.
Trajetória reta
De acordo com Dib, também é importante definir aonde se pretende chegar. Ele disse que no primeiro dia que começou a trabalhar na Unilever (antiga Gessy Lever), há cerca de 20 anos, já decidiu que queria ser CFO. A dúvida sobre o objetivo profissional é apontada como um problema para o executivo, ao dizer que os profissionais podem mudar e se reinventar, mas sem perder o foco.
“O caminho mais curto entre onde você está hoje e o seu objetivo é uma reta. Poucas pessoas têm a capacidade de traçar uma carreira de forma reta. Sair ou manter-se nela depende de quem você vai dar ouvidos: ao seu diabinho interior (o ego) ou ao seu anjinho (o dom). O ego está relacionado aos seus medos, às suas fraquezas e às coisas que você não tem habilidade. Já o dom está ligado às suas fortalezas e aos seus diferenciais pessoais”.
Segundo Dib, não é preciso se preocupar tanto com as suas fraquezas e com a necessidade de sentir-se inserido. Ele deu o exemplo de um antigo presidente da Unilever que, recém-chegado ao Brasil, decidiu falar com a imprensa ainda com uma língua portuguesa precária. “Ele não se importou com isso. Ele estava seguro e queria demonstrar o seu desejo de ser brasileiro. Não estava preocupado com o que os outros achariam, mas ele sabia aonde queria chegar”.
Dib reconhece que não construiu a sua carreira de uma forma totalmente reta, pois sabe de suas limitações. Ele disse que preferiu se pautar por seus dons e habilidades. “A relação entre os pés do banco e como você traça a sua carreira em cima de suas fortalezas e fraquezas é que o define como as pessoas te conhecem. É preciso descobrir qual é a sua marca. Como você se vende”, aconselhou.
Energia e ciclos
Para o CFO da Netshoes, o principal ativo que o profissional deve ter para crescer numa corporação é energia. Ele diz que é preciso controlá-la e não se desgastar com excesso de ego, discussões desnecessárias ou ainda aumentar a dimensão de problemas simples de serem resolvidos.
“A coisa mais vital que você tem é a energia. Se você a desperdiçar, vai acabar afetando a sua vida particular e, com isso, pode abalar tudo. Poupar energia é algo que aprendi na marra e ainda é um exercício contínuo. Mas também acredito que isso é um pouco da minha característica e de como as pessoas me conhecem. Sou plugado nos 220 volts”.
Outro ponto apontado por Dib é a questão de saber fechar os ciclos. Para ele, deixar pendências pode aparentar falta de lealdade e atrapalhar o desenvolvimento de um dos pés do banco – networking.
O IBEF SP promove encontros de mentoring quinzenais, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes.
(Reportagem: Renata Passos /Fotos: Renata Passos/Raisa Soares/Felipe Brunieri)