Getting your Trinity Audio player ready...
|
O prazo está cada vez mais curto. A partir de 1º de janeiro de 2019, as companhias de capital aberto estão obrigadas – pela Deliberação CVM 787 – a adequarem a contabilização de suas operações de arrendamento mercantil conforme o Pronunciamento Técnico CPC 06 (R2), cuja origem está nas normas internacionais – IFRS 16.
O tema pautou a reunião técnica da Comissão de Controladoria e Contabilidade do IBEF-SP, realizada neste mês de novembro, na sede da PwC Brasil. A apresentação foi conduzida por Marcos Batista, gerente sênior de Management Consulting na PwC, e Paulo Guiné, executivo responsável pelo desenvolvimento da estratégia de soluções financeiras (ERP & EPM) para Oracle Latin America.
Impacto no EBITDA – As contabilizações do IFRS 16 irão gerar importantes mudanças na estrutura patrimonial e no resultado das empresas, destacou Batista. Vários indicadores serão impactados, com destaque para o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Segundo estudo global realizado pela PwC, com companhias que possuem contratos de leasing, verificou-se que o impacto, em função da mudança da norma, pode gerar um aumento médio de 40% no EBITDA, a exemplo de empresas no setor de varejo. “Operacionalmente, a companhia não mudou ou melhorou. Mas esse é o efeito da alteração no critério contábil”, ressaltou o gerente sênior. Clique neste artigo escrito por Marcos Batista para maior detalhamento das mudanças geradas pelo IFRS 16.
Esse ponto gerou grande discussão entre os membros da Comissão. Eles observaram que, com as sucessivas mudanças nos critérios contábeis realizadas ao longo dos últimos anos, o EBITDA não mais traduziria com confiança o resultado operacional de uma empresa. De fato, há setores que já estão inclusive abandonando o uso desse indicador.
Por sugestão do membro Alexandre Staffa, CFO da Suhai Seguradora, a Comissão deverá abordar essa questão em um artigo futuro, com um exercício comparativo entre o uso do EBITDA e do EVA* (Economic Value Added) para mostrar como as empresas utilizam cada indicador e com qual objetivo.
União de potenciais – As mudanças de contabilização gerada pelo IFRS 16 também têm impactos na área de tecnologia, complementa Paulo Guiné. Afinal, as empresas terão um esforço considerável para coletar dados sobre seus contratos e adequá-los ao novo modelo e, ainda, investir tempo e dinheiro para comprar ou adaptar seus sistemas para processar as novas informações.
Percebendo essa demanda e a oportunidade de unir soluções complementares – o serviço de adequação contábil realizada pelas Big Four, que conhecem a fundo as normas IFRS, e a oferta de ERP (sistemas de gestão empresarial) e EPM (sistemas de gestão do desempenho) pelas Big Techs no modelo de Software como Serviço (SaaS) – empresas de auditoria e de tecnologia estão trabalhando em conjunto para desenvolver uma nova geração de soluções corporativas.
Durante a reunião, os palestrantes apresentaram a solução criada em parceria por PwC e Oracle para IFRS 16 – um sistema na nuvem que consegue importar os dados dos contratos existentes nos mais variados módulos das empresas, adequá-los ao novo modelo contábil e gerar um documento de saída padronizado para a contabilização no ERP. A solução também permite ao usuário obter uma visão gerencial sobre os contratos, com dados econômicos e financeiros, e gerar relatórios conforme o corte de informação desejado.
“Para se ter uma ideia, estamos fazendo propostas de quatro semanas de implementação do IFRS 16, no varejo, com 1.200 contratos. Já com a adequação contábil”, destacou Guiné.
O executivo acrescentou que a parceria entre PwC e Oracle se estende para a oferta de outras soluções. “Sentamos em conjunto e entendemos os desafios dos clientes. Estamos fazendo isso na área de finanças como um todo, ouvindo as necessidades desses profissionais”, completou.
*O EVA (Economic Value Added) é um indicador que tem marca registrada da consultoria Stern Stewart & Co.