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Empresas inovadoras geram negócios disruptivos em meio à pandemia

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Se adaptar ao home office, tornar as operações eficientes e digitalizadas e proporcionar experiências positivas aos colaboradores e aos clientes em qualquer lugar do mundo foram alguns desafios enfrentados pelas empresas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). A inovação foi primordial para que as empresas pudessem alavancar seus negócios. O tema foi discutido em webinar do IBEF Global, no dia 27 de agosto, como tema Negócios Disruptivos na Pandemia. O VP do IBEF Global, Pierluigi Scarcella, que também é Diretor de Negócios na Ascensus, mediou o painel de debate com Luis Gonçalves, presidente da Dell para a América Latina, empresa patrocinadora do evento; Bruno Constantino, CFO da XP Investimentos; e Diego Barreto, CFO do iFood. 

Mesmo tendo nascido há mais de 30 anos como uma empresa de hardware, a Dell veio reinventado seus negócios ao longo do tempo e trabalha com a expansão de sua linha, que vai desde o desktop até o data center. A companhia está presente em mais de 180 países, com 160 mil funcionários no mundo, e uma planta no Brasil com aproximadamente 4 mil funcionários, onde opera há 20 anos. “A empresa está voltada para a parte de infraestrutura de tecnologia”, diz Luis Gonçalves. 

Ele destaca que a questão do trabalho remoto sempre foi muito bem incorporada pela companhia, que teve poucos problemas para se adaptar ao novo cenário. “Mas no final do dia, somos uma companhia grande, com processos, sistema e fluxos operacionais baseados em aplicações. Já pensávamos no trabalho remoto para possibilitar que os colaboradores tivessem acesso às nossas ferramentas, mas sempre com segurança da informação”, explica. “Ao longo do tempo, fomos aperfeiçoando esse modelo, convidado os colaboradores a se engajarem no trabalho remoto. Quando surgiu a pandemia, conseguimos mover 90% da nossa força de trabalho para o home office”, complementa.

Segundo ele, essa não foi uma jornada que começou do dia pra noite, pois é necessário garantir produtividade, colaboração e trabalho voltado para inovação, além da segurança. “A companhia sempre teve a integração com os colaboradores, e em ambiente remoto isso inclui também a família dele. Todo o aspecto de saúde física, mental, familiar, o ambiente em si e acompanhamento precisa ser feito para que seja um modelo de sucesso que sirva como opção dentro do escopo de tratamento do colaborador pela companhia”.

Bruno Constantino, CFO da XP Investimentos, também compartilhou a experiência de home office durante o período de isolamento social. A empresa se estruturou rapidamente para o trabalho remoto após saber da dimensão da pandemia. “Colocamos todos em casa, salvo algumas pessoas que teriam que estar presentes. Em paralelo, fomos trabalhando em como levar a infraestrutura para a casa das pessoas de forma que pudéssemos colocar 100% da empresa em home office”. 

Bruno conta ainda que, além dessa estrutura, foram antecipadas melhorias na empresa que estavam programadas para acontecer somente em mais de um ano para frente. “Isso tudo trabalhando com profissionais em casa. O uso da tecnologia para medir performance, de fato, se mostrou efetivo. Hoje eu digo que somos uma empresa de tecnologia que atua no mercado financeiro”. Ele reitera que toda crise gera oportunidades. “Hoje a gente viu que tudo pode ser feito de forma virtual”. 

Inovação – No iFood, a tecnologia já é reconhecida dentro da estratégia da companhia. “Não temos a opção de não sermos uma empresa de tecnologia. Ser uma empresa de tecnologia é deter a capacidade de gerar tecnologia”, diz Diego Barreto, CFO da companhia. Dentro do iFood, há um time de 200 pessoas na área de finanças, sendo que a equipe conta com um CTO. “Temos ainda um pilar de data science. Do ponto de vista de skills, 100% do time é capacitado e opera SQL”, destaca.

Segundo Diego, ter essas capacidades dentro de sua área gera maior produtividade e celeridade aos processos das empresas. “No momento em que você tem capacidade de gerar a base de dados, você perde a necessidade de ter um sistema de fora”. Além disso, a logística totalmente automatizada é mais um ponto que coloca o iFood como una empresa de tecnologia.

Já Luis Gonçalves conta como foi o processo, dentro da Dell, de ir cada vez mais para o digital, e como essa evolução dentro das companhias deve rearranjar o mercado de trabalho. “Essa experiência que iFood e XP contam são de êxito porque são inovadoras. Mas muitas outras empresas têm dificuldades. A TI vai ser alçada dentro de um status de boa governança”, destaca. Bruno complementa dizendo que empresas inovadoras precisam se adaptar. “Encaramos esses desafios de mudança de forma muito natural. O impossível é possível, na nossa visão. Tivemos a mente aberta e o empreendedorismo”. 

Diego reitera que dentro do iFood, há uma aversão a um comportamento padrão e de inércia, vindo do controle e de processos, e isso torna a empresa mais inovadora. “Controle é bom para aquilo que te expõe e gera risco. Toda vez que você privilegia demais controle e processos, você tira da equação o quanto você deveria exigir do comportamento das pessoas”. Ele explica que cada um deve gerenciar como enxerga a melhor forma de atuar em seus negócios.

Engajamento – Diante dos desafios de inovação e migração para trabalho remoto, uma das preocupações das empresas é perder o engajamento de suas equipes. Luis destaca, contudo, que dentro dessa nova estrutura de home office, o engajamento permanece igual, e em alguns casos até melhorou. “Nossos resultados superaram as expectativas em algumas áreas, mas existe um trabalho de experimentação grande. Tivemos que aumentar o contato com as pessoas não se sentirem abandonadas e provocamos mais sessões para obter feedback dos colaboradores. Para chegar nesse nível, é preciso experimentar”, salienta.

Em relação ao desenvolvimento dos profissionais dentro das companhias, mesmo que à distância, há algumas premissas que são pensadas desde o momento da contratação.Diego destaca, por exemplo, que dentro de sua equipe no iFood, as pessoas podem desenvolver aprendizados por sua conta. Bruno diz também que no momento da contratação na XP, o currículo não é essencial, e sim pessoas que tenham o encaixe cultural. “Buscamos pessoas apaixonadas e engajadas, que se tiverem com gap de skill, podem aprender posteriormente”.

Perspectivas – Bruno avalia que a pandemia acelerou a digitalização, e algumas empresas se beneficiaram enquanto outras estão sofrendo. “Isso mostrou que a tecnologia já está aí, e a questão apenas é como utilizar melhor. Então, a disrupção, que já vinha acontecendo, vai acelerar. E quem quiser mudar precisa ser rápido, pois a velocidade vai ser maior”. 

Diego Barreto ressalta que a globalização e os efeitos da tecnologia permitem a quebra de oligopólios. “O que está acontecendo no Brasil é uma revolução de quem guia, cresce e transforma a economia brasileira”, diz. Segundo ele, quem detém ativo não detém mais poder econômico. “Teremos uma revolução de quem gera valor para as cadeias produtivas no Brasil”.

Luis Gonçalves lembra que tecnologia foi, por decreto, considerada serviço essencial, e isso revoluciona ainda mais o mercado de trabalho. “A conexão com o colaborador agora se dará através da identificação com o propósito das empresas, e elas terão que declarar mais fortemente o que elas acreditam. Teremos a desmaterialização dos ativos, e o mundo começa a se desconstruir e a se reconstruir, se atualizando a cada dia”. 

Diante desse novo cenário, os líderes terão um papel importante. “O novo mundo ocorrerá a partir desse novo modelo operacional, que tem dificuldades, mas traz também oportunidades que muitas empresas podem explorar e, assim, ter êxito”, complementa Luis.

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