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Entrevista CEO

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Com Marcelo Porto, presidente da IBM Brasil.

IBEF SP – No momento atual, as pessoas têm focado nos problemas do cenário macroeconômico. No entanto, é preciso atentar para uma grande revolução que está acontecendo e que trará consequências para os modelos de negócios. Você poderia comentar que revolução é essa?

Marcelo Porto – É verdade. Estamos vivendo um momento macroeconômico complicado. Eu costumo dizer que temos duas alternativas: ou focamos no drama ou focamos na solução. Optamos pela solução. Por isso que trouxemos essa abordagem mais provocativa para o CFO Forum 2015. A IBM vive nessa intersecção entre tecnologia e negócio, e percebemos que com essas novas plataformas de tecnologia surgem novos negócios; novos modelos de negócio apoiados nessas plataformas.

Quais os principais aspectos dessas novas plataformas?

Essas plataformas, na realidade, dependem muito de cloud, mobilidade, analytics e social. Social no contexto de colaboração. Quando você combina tudo isso, novas plataformas e modelos surgem. Esses novos modelos questionam e ameaçam os modelos tradicionais de negócio. Por isso, a gente trouxe essa proposta bem provocativa. Discutimos o que está acontecendo com Uber, Airbnb, Facebook – que é a maior publicadora de conteúdo sem ter nenhuma linha publicada ele próprio -, o Whatsapp – que vive numa simbiose com as empresas de telecom, mas na verdade ameaça os seus modelos -, o Waze que destruiu a indústria de GPS porque ele é uma plataforma, um ecossistema pujante com a força de colaboração do sistema em torno dela.

Eu até comentei na minha palestra que ninguém veio para o evento usando o GPS do seu carro; as pessoas vieram utilizando o Waze. Porque a diferença entre os dois, essencialmente, é que um é uma plataforma que tem um ecossistema baseado em colaboração e que cria um modelo de negócio totalmente diferente.

Quais segmentos são afetados por essa transformação?

Em todos os segmentos de indústria podemos ver isso. Algumas vão para as páginas dos jornais, como é o caso do Uber, outras nem tanto; é uma revolução mais silenciosa. Mas em todas as empresas o mesmo cenário está acontecendo. Então, fizemos essa abordagem provocativa para que as pessoas pensem um pouco mais fora da caixa.

Ecossistema colaborativo gera novos modelos de negócio
Foto: Mario Palhares/IBEF SP

Um dos pontos evidenciados nessa discussão é que as empresas devem ser menos autocentradas. Buscar a colaboração de parceiros é uma prerrogativa para se inserir no novo ecossistema. Como a IBM Brasil está vivendo esse cenário?

Eu diria que na história as empresas herdaram – muito da revolução industrial – essa preocupação, essa tendência em focar no produto e achar um mercado para o seu produto. Hoje isso é muito diferente. É o que chamamos da economia Everyone 2 Everyone, onde de fora para dentro você contribui para o desenvolvimento do produto da sua empresa. Por isso que, no caso do Watson, ao invés de fazermos um produto, é uma plataforma em cloud que utiliza a colaboração dos próprios clientes. Porque queremos que eles nos ajudem a desenvolver o produto, pois a plataforma precisa aprender. E ninguém melhor do que o próprio cliente para ensinar o produto a aprender. Então, damos acesso livre por um período de tempo para que ele contribua para o desenvolvimento do nosso produto. 

A plataforma acaba sendo construída de fora para dentro; e não necessariamente de dentro para fora. Então, isso quebra um pouco os paradigmas tradicionais que as empresas tiveram ao longo de sua história. É um comportamento completamente diferente.

Alguma palavra final?

Eu só queria agradecer mais uma vez a parceria com o IBEF SP. Essa foi a sexta edição em que estamos juntos – isso para não comentar as outras parcerias que a IBM tem com o IBEF, além do CFO Forum. Então, ficamos sempre muito satisfeitos. É sempre um prazer para nós e esperamos que a recíproca seja verdadeira.

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