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Se quisermos construir uma sociedade mais justa, a ética precisa ser aplicada e debatida de forma permanente. Recentemente, uma pesquisa da organização Transparency International (transparency.org) demonstrou que, quanto maior a concentração de renda de um país, maior a percepção de corrupção.
A concentração de renda leva a uma concentração de poder, que traz consigo uma sensação de impunidade e onipotência e, consequentemente, o desrespeito aos princípios da ética. Normalmente, o que propicia uma melhor distribuição de renda é a garantia de todos terem condições de acesso à educação, à cultura e ao conhecimento. Com isso, diminuem-se as diferenças e se criam mais e melhores oportunidades para todos.
É preciso investir no desenvolvimento da consciência ética entre as pessoas que trabalham na empresa e que são, portanto, as pessoas que a representam. Uma empresa só será realmente ética se contar com o trabalho de pessoas comprometidas com a ética. Afinal, são as decisões e as atitudes de cada colaborador que constroem a história e o destino da empresa. E os colaboradores somente entenderão que a ética faz parte de suas vidas se sentirem que os dirigentes também a valorizam e praticam efetivamente.
Atitudes impensadas podem gerar grandes prejuízos, destruir a reputação da empresa e a carreira do colaborador. Portanto, é recomendável e justo que as empresas procurem reduzir esse risco dando oportunidade a seus colaboradores de conhecer a cultura corporativa desde o momento da admissão no emprego.
As pessoas são levadas a praticar a ética se a ela forem acostumadas desde os primeiros momentos em suas vidas: os pais são os primeiros contatos delas com o mundo, e assim o comportamento que perceberem nos adultos irá direcionar o seu próprio comportamento. Assim, praticar a transparência e a justiça com seus filhos fará com que eles também ajam da mesma forma em sua vida pessoal e continuem a atuar assim em cada momento das suas carreiras.
A ética nas empresas e o compromisso com os valores éticos dentro das organizações é um tema que vem adquirindo particular relevância e destaque nos últimos anos e está inserido na governança corporativa. Os valores éticos não podem ser usados simplesmente para obter resultados econômicos na empresa ou um destaque na mídia, mas sim em uma perspectiva filosófica de uma vida feliz, que vale a pena ser vivida.
A governança corporativa está fundamentada nos relacionamentos entre pessoas e grupos de pessoas que representam os interesses das organizações. No Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as virtudes que merecem especial destaque são: a equidade, a transparência, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa.
A boa governança sugere que na gestão da empresa haja separação entre participação acionária e controle.
A equidade está caracterizada pelo tratamento justo entre os integrantes do conselho de administração, os membros do conselho fiscal, os diretores, os auditores e as diferentes classes de proprietários.
O principal executivo e a diretoria devem municiar de informações os conselhos, a auditoria externa, as partes interessadas e o público em geral com transparência, sem ocultar nada que seja relevante para o bom desempenho dos negócios da empresa.
A prestação de contas feita por meio do relatório anual é o mais importante veículo para os agentes da governança (sócios, gestores, administradores, conselheiros e auditores) prestarem contas de sua administração.
E, como última virtude do código do IBGC, a responsabilidade corporativa faz com que a pessoa assuma as consequências pelos seus atos.
As virtudes resultam de hábitos conquistados pelo exercício constante de boas práticas.