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Caminhos para ampliar a diversidade em posições de liderança foram debatidos por quatro executivas que galgaram a alta direção ou fundaram seus próprios negócios na indústria financeira na live “IBEF Conecta Mulher – Carreira no mercado financeiro: Desafio e oportunidades”, realizada no dia 1º de junho, pelo IBEF-SP.
A live contou com a participação de Ana Cristina Tena, CEO do Grupo Travelex; Carolina Cavenaghi, co-fundadora do Fin4she; Fabiana Moraes, diretora estatutária de crédito do Banco Safra; Luciana Ribeiro, sócia-fundadora da EB Capital; Luciana Samia, sócia da KPMG. José Cláudio Securato, CEO Saint Paul e do LIT e presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP, foi responsável pela moderação do painel. O evento teve o patrocínio da KPMG e apoio da Cel.Lep e da Saint Paul.
Integração de profissionais de finanças – O IBEF Conecta é uma iniciativa que reflete o compromisso do IBEF-SP com a pauta da diversidade e as iniciativas que promovem a carreira de mulheres e de jovens no mercado, destacou Magali Leite, Vice-Presidente da Diretoria responsável pela iniciativa.
José Cláudio Securato relembrou como o Instituto vem trabalhando ao longo dos anos com iniciativas de inclusão que alteraram o ambiente inicial prevalentemente masculino da entidade. Destacou ainda o que o cenário nacional apresenta 50 milhões de pessoas em busca de emprego e que os mais afetados em suas carreiras profissionais são justamente as mulheres e os jovens.
Luciana Samia frisou a importância das iniciativas do IBEF-SP relacionadas à inclusão. Salientou que a modernidade demanda dinamismo, o que acaba sobrecarregando as mulheres com o acúmulo de atividades profissionais e domésticas. “A equidade de gênero ainda é um caminho em construção no Brasil”, afirmou. Melhorias são perceptíveis, mas ainda “há muito trabalho a ser feito”, pois se trata de mudanças em costumes arraigados na sociedade há milênios.
Carreira em finanças – No início da live, José Cláudio Securato indagou as convidadas sobre como foi a evolução de suas trajetórias profissionais no mercado financeiro. Fabiana Moraes recordou que o início de sua carreira se deu com uma inscrição em um programa de trainee no setor do crédito, área em que atua até hoje. “Eu fui ‘picada’ pelo dinamismo e pela adrenalina do mercado financeiro”. Para entrar nesse setor, além das habilidades e técnicas, você precisa ter conhecimento e paixão pelo mercado, completou.
Luciana Ribeiro, por sua vez, entrou no mercado financeiro pelo empreendedorismo e através de uma migração de carreira. Tendo formação em direito, inicialmente advogava em um grupo de mídia. Ao observar uma oportunidade de negócios, junto com outros três sócios, ela fundou a EB Capital, uma gestora de private equity que busca obter retorno com investimentos realizados em lacunas estruturais brasileiras.
Carolina Cavenaghi iniciou sua carreira no mercado financeiro, onde atuou por 15 anos. Em setembro de 2020, ela também optou pelo empreendedorismo fundando a Fin4she, uma plataforma de conexão para pessoas ou empresas que querem se conectar com o tema da equidade de gênero no ecossistema financeiro.
Ana Tena disse que se apaixonou pela área de finanças na época de estudante, e iniciou sua carreira profissional no mercado financeiro em 1990, época do boom do setor no Brasil. Afirmou que o interesse por números, controles e KPIs é fundamental para quem quer atuar nessa área. “O profissional de finanças tem um perfil analítico, gosta de trabalhar com dados, projeções, análises estatísticas e de mercado. Capacitação e o aprendizado contínuo são os segredos para uma carreira de sucesso no setor”. acrescentou.
Desafios para o crescimento – Ana Tena destacou que um ponto positivo para sua carreira foi a ausência de preconceitos no âmbito familiar. Ela cresceu em uma família de engenheiros que encarou com extrema naturalidade sua opção pela carreira na área de finanças. Ana afirmou que o mercado é competitivo e altamente exigente, principalmente com as mulheres. “O efeito positivo dessa cobrança em relação à atuação feminina em finanças é que as mulheres estão investindo cada vez mais em conhecimento e especialização nas suas áreas de atuação”, declarou. Para Ana, o estudo foi fator determinante para sua ascensão na carreira.
Outro ponto destacado no painel se refere à pressão que o círculo pessoal exerce quando uma mulher opta pelo empreendedorismo. Carolina recordou que ao optar em deixar uma carreira consolidada, ela foi muito questionada em relação à estabilidade, à família e aos filhos. As mulheres são muito questionadas sobre isso, “parece até que essa questão de empreender não é tanto para nós”. Ana recordou que 20 dias após o parto ela teve que ir para o exterior e ficou 15 dias distante dos filhos. Afirmou que “para construir sua carreira você tem sempre que fazer algumas escolhas, o que é particularmente mais complicado para as mulheres com a dupla jornada da maternidade”, completou.
Como realizar a mudança – José Cláudio Securato recordou que o IBEF-SP tem um compromisso com o tema da diversidade e tem colocado os holofotes sobre essa questão. Questionadas por Securato sobre como atuar para ampliar a diversidade no mercado, envolvendo os homens nessa pauta, as convidadas apontaram alguns caminhos.
Uma das propostas é mudar a ótica com a qual se trata esse assunto. Ela deve “passar de uma ótica de causa para a de vantagem competitiva e deve ser uma responsabilidade de todos nós como sociedade”, afirmou Carolina, observando que a diversidade contribui, de forma comprovada por vários estudos, para a melhor performance financeira dos negócios. Sendo 90% da liderança composta por homens, eles devem entender e participar dessa mudança, completou a convidada.
Outro fator destacado foi a necessidade de envolver do topo à base da organização nessa agenda e ampliar espaços para networking entre profissionais – no qual o IBEF-SP oferece um ambiente extremamente favorável. A frase “diversidade é chamar para a festa, inclusão é convidar para dançar”, cunhada por Vernā Myers, VP de Inclusão da Netflix, foi lembrada por Luciana Ribeiro. Salientou-se ainda a importância de a mulher se impor frente a intimidações e o papel fundamental da educação para mudança de hábitos. “É necessária uma vigilância constante”, frisou Ana.
Por fim foi abordado o tema do pertencimento. Luciana afirmou que a mulher deve se sentir parte do ambiente de trabalho. Ela não pode se “sentir um peixe fora da água”, concluiu.
Fabiana salientou que o seu trajeto foi longo e difícil. Destacou que no mercado financeiro é muito difícil para uma mulher ser uma diretora ou chegar ao nível executivo. Ressaltou que os desafios são tantos que é difícil elencar apenas alguns. “A solução é encarar os desafios de frente e acima de tudo você precisa querer, ter vontade”. Para vencer, é preciso mostrar atitude, conhecimento e muito trabalho, concluiu.
Open banking e ESG – Durante a live ainda foram abordados temas como a revolução possibilitada pelo open banking – sistema financeiro aberto – e a pauta ESG – ambiental, social e de governança. Securato ressaltou que as mudanças relacionadas a essas transformações trazem muitas oportunidades para o mercado financeiro.
Com relação ao open banking, Ana Tena disse acreditar que o momento atual apresenta a maior transformação na história da área financeira com os avanços tecnológicos e o surgimento de muitas fintechs que oferecem o mesmo serviço, com um custo e uma experiência melhor para o usuário. Está se desenhando uma reestruturação e o surgimento de empresas que trazem novas oportunidades e competição em um mercado extremamente concentrado como jamais visto antes. O open banking também “vai trazer mais transparência e vantagens para o usuário”, completou.
Sobre o ESG, Luciana salientou que muitas vezes o tema está no discurso, mas não na prática. Todavia, afirmou acreditar que essa questão moverá a próxima revolução do mercado, como foi a tecnológica. “Tenho dito que green is the new tech”, ressaltou. Todas as empresas e indústrias estão se adaptando, pois “é um tema fundamental para o crescimento de países como o Brasil”, concluiu.