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Executivos da Diretoria Vogal avaliam desempenho dos setores no primeiro semestre e perspectivas para o segundo

A evolução dos diferentes setores econômicos no primeiro semestre de 2019 e as perspectivas para os próximos seis meses foram debatidas pelos executivos da Diretoria Vogal do IBEF-SP em almoço realizado na última sexta-feira (14). A rodada foi conduzida por Serafim de Abreu, presidente da Diretoria Executiva do Instituto e COO da IBM para a América Latina. O evento contou com o patrocínio do Banco Alfa.

Em linha com a proposta, Serafim apresentou um balanço do primeiro semestre do IBEF-SP e destacou o sucesso dos eventos realizados até o momento, como o 35º Encontro Socioesportivo, o Prêmio Golden Tombstone e os cafés das manhãs das Comissões Técnicas, que reuniram mais de 690 participantes. Com relação aos próximos acontecimentos, Luis Carlos Cerresi, vice-presidente do Instituto e CFO da GRSA, destacou o Prêmio Revelação em Finanças que segue com inscrições abertas até o dia 28 de junho.

Confira a seguir o resumo dos mercados:

Mercado Financeiro – Rafaela Araújo, diretora de relacionamento com estruturadores de ofertas da B3, apresentou o panorama do mercado de capitais. Ela destacou que neste ano houve um recorde de pessoas investindo na bolsa, enquanto a indústria de fundos alcançou R$ 4,6 trilhões, sendo que há um percentual cada vez maior sendo direcionado a renda variável. “Ano passado batemos R$ 200 bilhões em renda fixa, e neste ano também estamos com muitas operações. Em renda variável, levantamos volume de R$ 8 bilhões”, destacou. “Temos expectativa de que muitas empresas acessem a bolsa, mas elas estão aguardando o desdobramento da reforma da Previdência para avaliar como o cenário macroeconômico se desenrolará”, ressaltou, acrescentando que pelo menos 25 empresas estão prontas para acessar o mercado de capitais.

Ainda no setor financeiro, Mateus Almeida, CFO do Citibank Brasil, destacou a mudança de foco da instituição desde a venda das operações de varejo há dois anos. “Mudamos o foco da franquia para que mercado conheça mais nossa capacidade de servir ao cliente institucional, que está maduro e traz retornos concretos”, disse. Em relação às perspectivas, o executivo ressaltou que também aguarda o início do ciclo virtuoso no Brasil com a expectativa da aprovação da reforma da Previdência e o que vem depois, sendo a reforma tributária um dos principais pontos a serem avaliados. “No geral, vemos uma performance superior ou semelhante ao esperado no mercado financeiro dentro das atividades de investment banking, emissão de dívida e equity, IPO e commercial banking”.

Saúde – Samuel Suart, diretor financeiro para América Latina da Biogen, falou sobre o setor farmacêutico e destacou que esse o mercado cresceu 9% em vendas até abril de 2019, mas em volume teve uma redução de 5,8% no mesmo período. “Estamos sofrendo um pouco com crise, mas não tanto quanto os outros segmentos”. No ano passado, no mesmo período até abril, o setor cresceu 11%. Já na vertente de governo, ele destacou que o orçamento é o mesmo executado no ano passado, e há uma pressão para redução no preço de medicamentos.

No mesmo setor, Robson Faria, CFO da Glenmark Pharmaceuticals ressaltou que a indústria totalizou R$ 114 bilhões em faturamento no início do ano, o que representa um crescimento forte, mas com ritmo menor em relação aos últimos anos. “A tendência é seguir crescendo, mas numa desaceleração. Esse crescimento vem principalmente das classes D e E, enquanto o segmento de governo cresceu 17%”, notou, acrescentando que o atual governo está investindo e comprando mais.

Luis Andre Blanco, CFO da Odontoprev, destacou que o setor de saúde como um todo está ligado a emprego, pois planos corporativos dependem de pessoas empregadas para ampliar sua base. “O setor está no mesmo patamar do ano passado e neste ano caiu para 77 mil beneficiários, pois temos o efeito do desemprego. Mas a receita das operadoras e seguradoras no Brasil é de R$ 200 bilhões em volume, e está crescendo num patamar de 11% atrelado ao custo médico, que vem subindo fortemente”. Ele acrescentou que o setor de saúde terminou o 1º trimestre com uma margem de 5,6%, que tende a ser ainda menor no período de férias. Já o segmento dental segue em crescimento, tendo agregado 1,6 milhão de beneficiários nos últimos seis meses.

Representando a empresa química e farmacêutica alemã Bayer, Mauricio Rodrigues, vice-presidente de finanças na América Latina, destacou que a companhia possui um faturamento global de 40 bilhões de euros, no qual o Brasil apresenta um percentual de importante relevância. “90% do faturamento aqui é voltado ao segmento agrícola e 50% agro, o que muda o perfil da empresa como um todo em termos de volatilidade, pois o segmento agro é mais agressivo”. Ele destacou que a fusão com a Monsanto gerou um processo de integração e cultura interessante e redefinição do modus operandi. “Viemos a aprender muito com a sinergia financeira e cultural”.

Concessão rodoviária – Gilson Carvalho, CFO da Entrevias, destacou que 2019 apresentou variações positivas no tráfego consolidado pelo índice da ABCR. “Nesses últimos 12 meses, o setor teve 1,3% de crescimento. O grande ponto é a queda dessazonalizada de veículos de carga, que de abril para maio foi negativa. Apesar de haver crescimento no setor, foi concentrado em veículos de passeio. Temos ganho de confiança por parte das pessoas físicas, mas o desempenho de veículos de carga não vem na mesma velocidade”.

Construção civil – O setor de construção civil mostra recuperação, com crescimento de 2,5% de janeiro até maio de 2019,  apesar de a base de comparação em relação ao mesmo período de 2018 ter sido prejudicada pelos impactos da greve dos caminhoneiros ocorrida em maio do ano passado. Segundo Vivianne Valente, diretora executiva de finanças, tecnologia e serviços corporativos da Tigre, o varejo de material de construção é um segmento que está melhor que a média da indústria, com crescimento duas vezes maior. “Já as construtoras ainda não reagiram. Vemos um movimento de comprar imóveis e desaguar estoque, mas elas ainda não começaram a construir. Esperamos que com a aprovação da reforma da Previdência, elas voltem a investir”. Vivianne também deu um panorama dos mercados da Argentina, que está no ápice da crise econômica em um contexto de proximidade das eleições presidenciais, e do Chile, que tinha perspectiva boa com o novo governo, mas está parado.

Cosméticos – No setor de cosméticos, José Filippo, diretor financeiro e de relações com investidores do grupo Natura, apresentou a composição da organização, que realizou várias aquisições e hoje opera no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia, México, e possui lojas na França e nos Estados Unidos. Com relação ao Brasil, destacou que o setor de cosméticos tem enfrentado dificuldades neste ano, com alguma resiliência, mas em países como México e Colômbia o desempenho é bom. ”A Natura trabalha muito no canal de vendas diretas, mas temos lojas, e-commerce e canais digitais que podem conectar essas diferentes formas de comercialização”, ressaltou, ao comentar os benefícios da integração.

Tecnologia e transformação digital – José Roberto Kropf, CFO da IBM, destacou o movimento de transformação digital que acontece em escala global e como a IBM tem se destacado com parcerias para gerar oportunidades em vários setores. “Inteligência artificial e transformação digital são portas de aproximação com os clientes em um trabalho mais amplo. Tentamos usar isso de forma intensa para alavancar negócios e estamos felizes. Atingimos apenas 5% do potencial que isso pode gerar para nós”, disse Kropf.

A Microsoft também está alinhada com a transformação digital, atuando nos segmentos de saúde, governo, educação, e tendo resultados diferentes da maioria das indústrias, conforme explanou o CFO da companhia, João Paulo Seibel. “A venda de serviços de cloud computing teve três dígitos de crescimento, mas há decrescimento nos sistemas on-premises, ou seja, as empresas têm feito uma substituição grande de tecnologia. Para os próximos três ou quatro anos, projetamos um investimento de R$ 354 bilhões na parte de transformação digital”.

Agregando ao debate, o vice-presidente de finanças da Dell, João Ribeiro, complementou as visões com um contraponto em relação às expectativas para o segundo semestre. “A transformação que acontece hoje é benéfica para nossa indústria. Mas queria realçar uma discussão em andamento no nível mundial, que é a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Para nós é um ponto no meio de uma longa jornada de transformação. Olhando para o mundo, começamos a ver sinais de recessão global no final do ano e início de 2020. Isso não vai parar nosso setor, mas pode fazer com que ande mais devagar”.

Por fim, Gustavo Matsumoto, diretor corporativo de finanças no Grupo Algar, destacou que a organização opera em diferentes setores, como telecomunicações, tecnologia, entretenimento e agronegócio. “Temos um grupo muito diversificado, mas na área de telecom, no primeiro semestre, percebemos que os clientes estão seletivos. Por ser uma setor já maduro, eles têm demandado mais velocidade pela internet banda larga, o que aumenta a competitividade. Nosso crescimento vem mais pela expansão geográfica do que pelo aumento da demanda onde já atuamos”. Ele destacou que as outras operações da organização estão em fase de expansão e crescimento, sendo que o setor agrícola está com expectativas moderadas para o segundo semestre, com cautela dentro dos investimentos já feitos pelo grupo.

Visão positiva – Keyler Carvalho Rocha, membro conselho de administração do IBEF-SP, destacou que todos os insights apresentados foram melhores do que o esperado diante da atual situação política conturbada do país. “Havia expectativas mais negativas em relação a esse encontro, mas eu vi otimismo, entusiasmo e perspectivas positivas para o futuro próximo. Vários setores e diferentes segmentos mostram que atividades continuam positivas, apesar das dificuldades”, concluiu.

 

A voz do patrocinador

O diretor executivo de corporate e investment banking do Banco Alfa, Augusto Martins, e o diretor responsável pela plataforma do banco em São Paulo, Breno Perez, apresentaram as operações das instituição e as oportunidades de serviços prestados para pessoas físicas e jurídicas. “Fazer parte do IBEF-SP faz todo sentido para nós, que buscamos relacionamento de longo prazo. A Diretoria Vogal reúne executivos importantes para o mercado, que atuam em setores relevantes para o PIB brasileiro”, disse Martins, que é também vice-presidente do IBEF São Paulo. O banco realizou um sorteio de dois convites para o Teatro Alfa ao final do evento.

 

 

 

(Reportagem: Bruna Chieco)

 

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