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Como transformar a Tesouraria em departamento estratégico para as negociações e decisões da empresa? Gestores de diferentes indústrias apontaram os caminhos para essa mudança no seminário “O Valor da Tesouraria para o Negócio”, realizado pela Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos nesta terça-feira (18), na sede do IBEF SP.
A Comissão de Tesouraria e Riscos realiza encontros bimestrais para que profissionais da área possam dividir experiências, discutir as melhores práticas e fazer networking. “Estamos selecionando os membros da Comissão para 2017. Serão 20 vagas e os interessados já podem entrar em contato”, convidou a líder Elaine Olivetto, na abertura do evento, agradecendo em seguida a dedicação dos atuais membros e o apoio da SAP, empresa patrocinadora dos eventos da Comissão.
“O desafio para a Tesouraria é ter participação ativa nas reuniões e discussões estratégicas da empresa, e não ser a área convidada apenas quando há uma questão pontual ou problema”, ressaltou Luciana Medeiros, sócia da PwC e vice-presidente técnica do IBEF SP, no início do debate.
Comportamento do time – Para agregar valor, o maior diferencial da Tesouraria está no comportamento das pessoas, afirmou Diego Barreto, diretor financeiro da Suzano. “É um time corajoso, decisor e criativo. Eles não querem ficar apenas em finanças”, relatou, observando que os profissionais da empresa são incentivados a migrar para outras áreas em dois anos.
Como exemplo da visão estratégica sobre o negócio, Barreto comentou que partiu da Tesouraria a iniciativa de estruturar um FIDC que reduzirá os custos de financiamento dos clientes, e por consequência, dará condições para que comprem mais da empresa de papel e celulose. Além disso, a Suzano estuda criar um produto de hedge inédito, fruto do diálogo entre as áreas de tesouraria e comercial.
Antecipação aos fatos –Simone Borsato, CFO da Elektro, apontou o planejamento como diferencial para a Tesouraria estratégica. A liquidez é um desafio para o setor elétrico, e para manter o capex da distribuidora, a Tesouraria antecipou em 8 meses a busca dos recursos, o que possibilitou à empresa avaliar as melhores opções de financiamento no Brasil e no exterior e obter uma linha internacional com custos atrativos.
“A proatividade da equipe em buscar novos produtos e desenvolver soluções é algo que não tem preço”, afirmou a CFO, ao comentar outro exemplo positivo do time. Para combater o problema da inadimplência, a Tesouraria lançou a ideia de envolver a ponta do negócio: os eletricistas passaram a levar máquinas de pagamento nos locais onde fariam os cortes de energia, dando a oportunidade para o consumidor quitar a dívida no local. A iniciativa foi um sucesso.
Conhecimento do negócio – O perfil do tesoureiro estratégico combina conhecimentos técnicos relacionados a finanças, visão do negócio e a habilidade de liderar, observou Rodrigo Capuruço, diretor das áreas de contabilidade, impostos e tesouraria para a América do Sul da Volkswagen. Na montadora, a Tesouraria tem assento cativo no comitê de governança.
“Ter a ótica do business, pensar em soluções para o negócio, e se colocar no lugar do outro (clientes e áreas) é a qualidade e um desafio para os profissionais que queremos”, disse Capuruço. Ter domínio sobre processos, controle e entrega também é essencial. “É uma combinação de fatores que tornam esse profissional completo, com o perfil ‘golfinho’ – aquele que trabalha em equipe para que todos possam pescar”.
Formando líderes – Visão analítica sobre os fatores que impactam as decisões da organização, o foco no cliente final (negócios da empresa), e a capacidade de navegar pelas diversas áreas da companhia são qualidades essenciais para alçar a Tesouraria ao nível estratégico da empresa, destacou Elcio Ito, responsável pela área financeira (tesouraria) global, gestão de investimentos e RI da BRF.
O executivo acrescentou que a multinacional alimentícia tem a visão de formar líderes na Tesouraria e exportar esses talentos para outras áreas, agregando o conceito financeiro. “O tesoureiro precisa ter capacidade analítica muito forte e ser afiado nos argumentos técnicos, mas também deve possuir conhecimento abrangente sobre o negócio e, a partir disso, ter a capacidade de influenciar pessoas”, completou o gestor.
MOMENTO SAP – Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil, apresentou as novas soluções de tecnologia voltadas ao público de finanças e áreas de negócios. Um exemplo é a “SAP Digital Boardroom”, que se propõe a ser a sala de reunião do futuro. A SAP oferece soluções que abrangem todas as pontas da cadeia de valor de uma organização, acrescentou o CFO, e é parceira para todos os desafios de tecnologia.
(Reportagem: Débora Soares/ Fotos: Mario Palhares/IBEF SP)