Av. Pres Juscelino Kubitschek 1726, Cj. 151 São Paulo / Itaim bibi +55 11 3016-2121

Felipe Bruzzi conta sobre como trocou a gerência financeira da Cola-Cola pela a diretoria de uma startup em Mentoring do IBEF Jovem

Saber avaliar o prêmio pelo risco é a regra essencial para os profissionais de finanças que decidem ousar na carreira. O ganho pode não ser o dinheiro, e sim uma experiência que vai somar na vivência profissional. O acréscimo de conhecimento solidifica a trajetória, além de qualificar para novos desafios. Esse é um resumo da filosofia adotada por Felipe Bruzzi, CFO e country controller na Monster Energy Brasil.

As palavras não ficam na teoria. Bruzzi traça um caminho de sucesso no qual prioriza a busca pelo conhecimento prático das diversas facetas das finanças. Não por acaso, ele fincou os pés no segmento de bens de consumo, depois de ter passado pelos setores de serviços e óleo e gás. Trocar de cargo nunca foi uma escolha fácil. “Percorri um percurso pouco óbvio. O que vale é ser polivalente, mas sempre com foco em uma função específica”, disse durante o Mentoring do IBEF Jovem, que aconteceu no dia 11 de novembro, em São Paulo.

Bruzzi começou a sua carreira na consultoria: trabalhou como auditor na Ernst Young, migrou para a cadeira de analista financeiro sênior na Technip – empresa global de óleo e gás com sede em Londres -, e depois foi para a Coca-Cola, onde ocupava um cargo estratégico como gerente financeiro. Ele estava há mais de seis anos na companhia quando, em 2016, foi convidado para ser o CFO e country controller da operação brasileira da Monster Energy, marca norte-americana de bebida energética.

Tratava-se de uma startup que não tinha chão, teto nem parede no Brasil. A oferta de ser o número dois da companhia lhe apeteceu, pois ele poderia testar todas as suas competências para edificar a operação nacional do zero. Para aceitar o desafio, no entanto, teria que deixar a Coca-Cola, onde tinha um plano de carreira promissor.

“O maior risco era a dificuldade de adaptação. Poderia não conseguir entregar o que estavam pedindo e prejudicar a minha carreira”, afirmou. Diante do cenário, ele foi pedir conselho para o pai e para o ex-chefe – que considera como mentor. “Todos disseram para eu priorizar a estabilidade e permanecer na Coca”.

Em sua avaliação aquelas palavras vinham de pessoas com uma visão mais estática do mundo corporativo, o que não condiz com o seu entendimento. Ele decidiu arriscar. “Saí de uma empresa extremamente estruturada e fui para outra do século 21. O que me fez seguir em frente em meio aos espinhos da cadeira nova foi a resiliência. Quem compra risco, não chora. Se eu roesse a corda, poderia ter quebrado a minha carreira e teria de me reinventar”, contou.

Nova rotina – A roupa social foi trocada por tênis e camiseta. Para ganhar espaço no mercado de energéticos, então monopolizado pela concorrente Red Bull, Buzzi precisava fechar acordo com distribuidores. Por isso, viajou 12 meses para quase todos os estados do país. Enquanto isso, estruturava a operação com a contratação de profissionais para tocar partes estratégicas, como contabilidade, tesouraria e a contratação do quadro de funcionários.

“O maior desafio foi o processo de implantação do sistema. Trata-se de uma experiência significativa, mas dura. Trata-se de uma sequência exaustiva de testes. Ter de lidar com coisas que não funcionavam de primeira é difícil”, afirmou. “Mas depois de pronto, vem a recompensa, você deixa um legado”.

Na rotina da operação, a parte contábil é o que mais preocupa Buzzi, pois trata-se de um segmento no qual é preciso estar sempre alerta para lidar com com adversidades inesperadas. “Podemos tomar uma multa milionária por conta de um erro contábil. “Por isso, é importante conhecer a função dos colaboradores, todos os processos internos. Isso evita prejuízos”.

Experiência adquirida – O conhecimento de contabilidade foi adquirido por Buzzi durante os quase três anos que passou na Ernst Young. Como auditor, ele aprendeu a ler as minúcias do balanço das empresas, o que lhe ajudou a lidar com as dificuldades da cadeira de diretor nos primeiros meses de liderança da operação da Monster. No entanto, ele sempre entendeu que a consultoria seria algo passageiro.

“Ter sido consultor ajudou, mas não me capacitou para ser diretor. O profissional que fica muito tempo na função de auditor, dificilmente consegue migrar para outro setor”, contou. Sobre a passagem pela Technip, Bruzzi descreve a experiência como alucinante e ao mesmo tempo complexa. “Os contratos eram na casa dos bilhões, firmados em dólar, euro”, disse. No entanto, por ter a característica de ter planejamento a longo prazo, a rotina era mais estável, com fluxo de caixa constante. Em resumo, um negócio estático. O seu próximo passo, a ida para o setor de bens de consumo, demandou mais jogo de cintura para lidar com as constantes mudanças.

“Bens de consumo é nervoso, temos de lidar com concorrência, consumidor mudando o gosto, desenvolvimento de novos produtos. Você tem de tomar decisões a todo momento e a participação no departamento comercial é maior”, afirmou. A trajetória que Buzzi traçou até aqui lhe proporcionou algo que ele sempre perseguiu: a polivalência. “Um conselho que posso dar a quem está começando é tentar aprender tudo da área de finanças. Por isso, se tiver a oportunidade de participar de um projeto, não deixe passar. Mas cuidado para não ser um profissional generalista, portanto, sempre escolha um aspecto no qual você será especialista”, aconselhou.

O seu sucesso na Monster é refletido nos números. “Somos líder em volume share no Brasil, ou seja, vendemos mais quantidade que o Red Bull, o principal concorrente. O desafio agora é ser líder em value share”, afirma.

 

 

 

 

Compartilhe:

Deixe um comentário