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Fundo de capital protegido é opção para apostar sem sustos
Marília Almeida ([email protected])
Carteiras devolvem o dinheiro investido em casos de queda dos índices, mas também limitam ganhos dos investidores.
O investidor Rodrigo Zarvos se deu bem com um desses fundos: ganhou 25% quando a bolsa caiu 18%
Com o prolongamento da crise e aumento da volatilidade nos mercados financeiros, fundos de capital protegido podem ser uma opção para investidores que querem apostar em ativos de renda variável como ações e ouro mas, ao mesmo tempo, não quer correr grandes riscos.
Esses fundos aplicam a maior parte do patrimônio em renda fixa. Com o restante, compram contratos de opções de ações, e podem aplicar também em ouro ou dólar. São, portanto, aplicações “multimercados”.
Em caso de desvalorização do índice ou cotação do ativo em questão durante todo o período de investimento, que pode ser de dois meses a até dois anos, o investidor não contabiliza a perda e recebe de volta o valor aplicado – menos, claro, as taxas de administração.
Por outro lado, há um limite para ganhos. Caso o índice ou preço do ativo suba acima de uma variação pré-determinada, o investidor recebe apenas uma taxa prefixada.
Keyler Carvalho Rocha, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF SP), lembra que o capital é devolvido sem os juros no período.
“Neste caso, é uma perda garantida do rendimento, que poderia ter sido aplicado no CDI ou poupança. É necessário ainda descontar a taxa de administração. É o preço que se paga pela segurança”, diz.
Em um cenário de taxas de juros mais baixas, Eduardo Glitz, diretor de varejo da corretora XP, aponta que este custo de oportunidade ficou menor. “Era mais caro deixar o dinheiro parado. Hoje pode valer a pena correr o risco.”
O investidor qualificado Roberto Zarvos, 39 anos, já aplicou em um fundo de capital garantido atrelado à variação do Ibovespa. Caso o índice ficasse abaixo dos 45.200 pontos ou acima dos 75 mil pontos, ele não ganharia remuneração, somente o capital investido.
Já se o índice encerrasse o período no intervalo entre 45mil e 75mil, ele ganharia 25% de remuneração sobre o capital investido. “Foi uma operação de 12 meses que acabou sendo um acerto, pois a rentabilidade da bolsa foi 18% negativa no período”.
Como vantagens, Rodrigo cita a possibilidade de aplicar uma quantia de dinheiro em um mercado volátil. “Se algo der errado, você perde muito pouco ou deixa de ganhar, mas garante o principal. No caso de acerto, é possível ganhar uma taxa acima do CDI”.
Como desvantagens, ele cita a falta de liquidez, já que não existe a possibilidade de retirar o dinheiro antes do prazo final do investimento.
“Acabamos recolhendo imposto de renda dependendo do prazo. Também é necessário considerar as taxas de administração cobradas pelo banco, que reduz sua margem de ganho e pode acabar não compensando o investimento”.
Como o produto está muito atrelado à conjuntura econômica, Rodrigo recomenda analisar com cuidado a projeção para o índice ou ativo no qual deseja realizar a aplicação, e diz que a volatilidade do mercado pode atrapalhar a possibilidade de ganhos, já que os fundos propõem um intervalo de queda e alta.
Rodrigo agora prefere preservar seus investimentos. “Vou esperar um momento melhor para a renda variável.”
Rocha diz que é provável que a bolsa se valorize no segundo semestre, com um possível aquecimento da economia. “Mas e se a crise na Europa piorar? O investidor pode optar por proteger o capital”.
Samy Dana, professor da Escola de Economia da FGV-SP, lembra que é possível correr menos risco apenas mudando a alocação da carteira. “O investidor pode apenas diminuir a fatia da renda variável, sem pagar taxa de administração”.