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Gerenciamento de risco: estratégias eficazes para mitigar perdas e captar oportunidades

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O novo papel do Tesoureiro no gerenciamento de risco
Por Luiz Fernando Silva, membro da CT de Tesouraria e Riscos do IBEF-SP*

Em um mundo cada vez mais complexo e interconectado, o Gerenciamento de Risco se torna uma peça fundamental e cada vez mais estratégica para qualquer negócio. Trata-se de um conjunto de práticas e processos que visam identificar, avaliar e controlar os riscos que podem afetar os objetivos e a segurança de uma organização.

O Gerenciamento de Risco envolve a identificação proativa de potenciais ameaças, a avaliação de sua probabilidade, impactos e oportunidades. A implementação de estratégias para mitigar esses riscos ou capturar oportunidades pode incluir a contratação de apólices de seguros, o estabelecimento de políticas de segurança, política de hedge, diversificação de investimentos, entre outras medidas.

Apesar dos benefícios evidentes, o Gerenciamento de Risco apresenta desafios importantes, tais como a complexidade crescente dos riscos modernos e a dificuldade de prever eventos inesperados. No entanto, a evolução da tecnologia como análise de dados avançada e o uso da inteligência artificial oferecem novas oportunidades para aprimorar as práticas de gerenciamento de risco e torná-las mais eficazes.

Em um universo corporativo em que diversas variáveis externas não controladas diretamente podem oferecer um ambiente de instabilidade a qualquer segmento, torna-se imprescindível para toda e qualquer companhia definir uma estratégia para o gerenciamento do seu risco. Isso poderá ser feito de diversas formas e modelos, desde os mais padronizados mundialmente como o modelo “Coso” (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission – Comissão Nacional sobre Fraudes em Relatórios Financeiros) e o modelo ISO 31000, até os chamados taylor made, o que pode ser traduzido como o modelo característico e pessoal de cada companhia.

Independentemente dos variados modelos de estruturas corporativas que delegam internamente a responsabilidade pelo tema de Gerenciamento de Risco entre diferentes áreas e departamentos, a participação do Tesoureiro tornou-se cada vez mais imprescindível em um contexto de gestão mais generalista do que se tinha antes. Analisar e estabelecer as políticas de hedge cambial e as estratégias da companhia para inflação, preço de commodities, juros e sobretudo gestão do capital de giro continuam sendo os pilares da sua atuação, mas nos tempos atuais não há mais espaço para este limitador.

Há diversas oportunidades para otimização e viabilização de estruturas de capitais envolvendo instrumentos de gestão de risco, desde a emissão de um título de dívida até a consolidação de um programa de cessão de recebíveis, por exemplo. Nesse contexto, o Tesoureiro torna-se um importante stakeholder na cadeia de composição desse processo, além dos demais players como as instituições financeiras, agentes, consultorias, risk managers, corretoras, seguradoras etc.

Não por acaso, as maiores seguradoras do Brasil em volume de prêmios são de origens bancárias, mais um elemento que contribui para a proximidade da área de tesouraria com a gestão de risco. Assim como o papel do CFO tem se transformado no tempo para uma função mais estratégica do negócio do que simplesmente para a gestão do caixa e divulgação de resultados financeiros da companhia, o papel do Tesoureiro deriva de um espelhamento dessas transformações também.

A recente crise sanitária mundial decorrente do surgimento da Covid-19 trouxe à tona a importância de as corporações terem definições estratégicas e planos de contingências para gestão de crise. Especialmente, as tesourarias corporativas tiveram que demonstrar toda a sua resiliência e bagagem criativa para superar os desafios impostos pelo momento. Inclusive, nos aspectos que envolveram o mercado securitário, houve atualização de coberturas e clausulados para refletirem esse cenário.

Novos riscos e ameaças à sustentabilidade do negócio têm surgido em alta velocidade, exemplo disso são os riscos cibernéticos, os desafios para a adimplência em relação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e o uso indevido dos chamados “Deepfake” (técnica que se utiliza da imagem de pessoas com atributos da Inteligência Artificial para simular conversas e interações). Esses riscos trouxeram preocupações a todas as corporações, especialmente às áreas de Tesouraria, que têm buscado blindar os seus processos e sistemas para evitar golpes e prejuízos financeiros que podem se tornar extremamente relevantes.

Por outro lado, há também novas e interessantes oportunidades surgindo com a evolução tecnológica e com o gerenciamento de riscos digitais, dentre elas destaco a “Tokenização de Ativos”. Com o uso do blockchain é possível transformar diversos tipos de ativos em criptoativos e fomentar novas oportunidades de negócios, tanto nos aspectos financeiros quanto no âmbito do supply chain.

A necessidade de conhecimento tornou-se cada vez mais generalista para diversos profissionais e para o Tesoureiro não tem sido diferente. Não há mais espaço atualmente para pensar, por exemplo, que a contratação de uma apólice de seguro restrinja-se às explicações dos sponsors de cada risco, do serviço oferecido pelo broker ou da melhor cotação recebida.

Tornou-se indispensável para quem protagoniza a gestão de riscos corporativos conhecer com profundidade o detalhe de cada risco mapeado, entender que um tipo de estrutura de cobertura securitária, por exemplo, como a de Stock Through-Put policy (STP -um tipo de cobertura securitária para mercadorias em estoques de trânsito) não beneficia somente a otimização do custo, mas principalmente os aspectos regulatórios de um eventual sinistro. Entender dos instrumentos disponíveis e, sobretudo, da forma de combinação e estruturas entre eles, como por exemplo um seguro do tipo top up (um tipo de cobertura securitária adicional aos valores que ultrapassarem o limite da apólice primária) é essencial para viabilizar as operações mais eficientes para toda e qualquer tesouraria.

*Luiz Fernando da Silva é membro da Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos e da Comissão de Mercado Financeiro e de Capitais do IBEF-SP. Tesoureiro certificado pelo IBEF -SP, Luiz Fernando exerce o cargo de Gerente de Tesouraria da Eldorado Brasil.

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