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Headhunter da Michael Page aconselha sobre mudanças na carreira em finanças

O IBEF Jovem recebeu Lucas Papa, headhunter da Michael Page, para um bate-papo descontraído sobre dicas de carreira e o momento do mercado de finanças. Durante o Lab de Carreira, realizado em 21 de maio, o headhunter esclareceu dúvidas dos participantes em relação a movimentação de carreira e processo seletivo, além de comentar as mudanças na mentalidade do mercado sobre as contratações. A seguir, resumimos os melhores momentos desse bate-papo:

Situação do mercado –  Lucas Papa trouxe dados de pesquisas conduzidas pela própria Michael Page. Apesar do otimismo de grande quantidade de profissionais que desejam mudar de emprego, ele aponta uma “melhora mais sustentável” do mercado, na qual as empresas estão contratando de forma mais controlada e estratégica. “Hoje tenho um grande número de posições, mas a dificuldade é encontrar os melhores profissionais para elas. Pois o perfil que muitas companhias querem é de profissional que já está trabalhando”, observou, ressaltando há um desafio maior para quem está em transição de carreira.

Os setores com destaque positivo para contratações são Saúde, Varejo (e-commerce e tecnologia) e Consumo. Há também expectativa promissora para a indústria, que está retomando gradualmente, o agrobusiness, projetos de transformação digital e o setor de infraestrutura. Os destaques negativos continuam sendo as áreas de construção civil, petróleo e gás.

Posições mais demandadas em finanças – Com relação ao departamento de finanças, especificamente, Lucas observou que as áreas mais demandadas pelos CFOs para contratação são Business Controlling e Tax (mais focado em planejamento tributário). Relações com Investidores e Tesouraria Transacional são áreas menos demandadas. O headhunter revelou, ainda, que em 2018 praticamente 100% das posições feitas pela Michael Page foram substituições, seguindo a tendência do mercado de buscar profissionais mais experientes e completos que possam assumir mais responsabilidades e substituir outros cargos, num processo de enxugamento da estrutura das empresas.

Dificuldades para o recrutamento – Os principais desafios que o mercado em geral encontra para uma contratação também foram comentados pelo headhunter.  Segundo Lucas, do ponto de vista técnico, a baixa qualificação dos candidatos, em especial profissionais que não falam inglês ou outros idiomas, são comuns.  Duas características não técnicas e consideradas por ele como as mais complexas de encontrar nos candidatos são as habilidades comportamentais, as chamadas soft skills, e a visão 360° pro business. “O mercado demanda do profissional uma visão 360° – conhecer outras áreas da empresa e transitar bem entre os vários níveis hierárquicos”, explicou.

Baixo comprometimento ou lealdade dos candidatos também são problemas na hora de conseguir candidatos adequados às vagas. Lucas Papas explica: “O candidato com baixo comprometimento sofre de falta de clareza profissional para pensar de forma mais estratégica sobre a sua própria carreira. Ele se coloca em uma  posição de esperar do mercado o que surgir, sem procurar entender o que ele quer. Esse profissional mostra falta de compromisso com o projeto, com o recrutamento. No mercado como um todo, a questão da lealdade se baseia na sinceridade do profissional, o que ele passa de credibilidade. Mentir sobre o domínio de um idioma, por exemplo, é algo que levanta no headhunter suspeitas para futuros comportamentos, independente das outras qualificações.”

Preparação para as etapas do recrutamento – Entrevistas são essenciais para que o recrutador possa mensurar as qualidades do candidato. Tempo de empresa e crescimento dentro da mesma são tópicos bastante observados pelo entrevistador e que podem ajudar a gerar credibilidade ou dúvidas. Lucas reforça que não existe uma receita pronta para ter sucesso nesse momento, pois o trabalho do headhunter é analisar caso a caso, conforme o histórico de cada pessoa.

Contudo, o candidato pode aumentar suas chances seguindo algumas dicas. Ao se preparar para a entrevista, por exemplo, ele deve fazer a “lição de casa”, como ter claros os motivos da sua movimentação de carreira e estudar o básico sobre a empresa recrutadora. Responder a questões como “onde se vê em cinco anos” também é importante, pois ter um plano de carreira ajudará o candidato a mensurar se a vaga e a empresa para a  qual participará do processo seletivo se encaixam nesse planejamento.

Por último, o candidato deve observar se tem as competências técnicas antes de se aplicar para as posições. Ir para uma entrevista sem atender a todas as competências é um risco que pode resultar em perda de credibilidade, alerta o executivo da Michael Page.

Discurso sincero e bem alinhado – A sinceridade é a essencial durante as entrevistas. Tenha exemplos para ilustrar cada uma das suas passagens e cite resultados práticos. Um bom recrutador irá fazer uma entrevista por competência, observa o headhunter. “Quando se preparar para entrevista pense em exemplos que demonstram o que você construiu ao longo de suas experiências profissionais. Traga situações reais em que possa mostrar resultados. Outra dica é escrever seu currículo de acordo com a posição, destacando as passagens e qualidades compatíveis com cada vaga.”

O headhunter também aconselhou os executivos a se planejarem para as entrevistas etapa por etapa, como uma pirâmide, afunilando o discurso para ser mais específico conforme avança por elas. Lucas citou um exemplo: “Ao se reunir com o RH, você tem que falar sobre tudo, pontos técnicos e o comportamental. Já com o gestor da sua área, o discurso será muito mais técnico, com exemplos que comprovem sua capacidade e alinhamento com a empresa. Ao passar para o CFO ou CEO, será importante o feeling. O que vai te diferenciar nesse momento é fazer perguntas para ele. Boas perguntas: as expectativas da empresa para o Brasil, planos para os próximos anos. Mostre-se interessado para saber mais da empresa ponto de vista negócios. Isso vai deixar uma boa impressão.”

Inteligência emocional – No caso de desistência durante o processo, o headhunter da Michael Page destaca a importância de ser honesto no momento, assim que constatar que  a vaga não se encaixa no seu perfil. “É melhor pontuar no começo do que passar por todo o processo e recusar a vaga depois. Além disso, expor dúvidas logo no início será útil para corrigir uma eventual interpretação equivocada sobre a empresa”, ressaltou Lucas.

O headhunter acrescentou a importância de o candidato demonstrar inteligência emocional. “As pessoas são demitidas pelo aspecto comportamental; ninguém é demitido apenas pelo lado técnico. O técnico você pode desenvolver, o comportamental é mais difícil – ou demora mais”.

Durante o Lab de Carreira, Lucas Papa também conversou com os participantes sobre as perguntas mais comuns feitas durante as entrevistas e aspectos práticos sobre como preparar um bom currículo e o contato com recrutadores nas redes sociais.

Por fim, o headhunter da Michael Page ressaltou que existem três pontos principais a serem refletidos antes de um profissional decidir sobre uma movimentação entre duas empresas: progresso profissional, cultura organizacional e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

O candidato deve não só pensar nas suas perspectivas de carreira, mas também se informar sobre a cultura da nova empresa e como o novo cargo afetará a sua vida pessoal. “É importante ser estratégico na mudança de empregos”, explicou.

Lucas Papa também deixou uma mensagem final: “Seja dono da sua carreira. Se você não está pensando na sua carreira tem alguém pensando por você. E lembre-se: o técnico é o básico; o comportamental te diferencia”, concluiu.

(Reportagem: Débora Soares)

 

 

 

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