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Headhunters dão dicas de como se tornar uma Conselheira Independente para as associadas do IBEF Mulher

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Ana Paula Chagas e João Marco, sócios da empresa de executive search Amrop-2GET, participaram, no dia 22 de março, de um encontro com as associadas e membros do IBEF Mulher para dar dicas às gestoras financeiras presentes de como se tornar uma Conselheira Independente.

Com atuação em executive search há mais de 30 anos, Ana Paula relembrou as melhores práticas em Conselhos de Administração, e mencionou algumas competências mais procuradas atualmente. “É importante, além do conhecimento técnico específico, que o Conselheiro tenha visão estratégica, e entendimento do negócio da empresa. Observamos muitos profissionais das áreas de direito e finanças presentes nos conselhos. Porém, hoje há demanda por visão estratégica, entendimento de gente, transformação digital, sustentabilidade, entre outras.”

Outros pontos importantes apontados, como melhores práticas, são a independência, a legitimidade, a transparência, o preparo prévio e a dedicação com tempo de qualidade ao conselho. Também é preciso estar atento a questões legais e de compliance, bem como ética empresarial e sustentabilidade. “Além disso, as companhias precisam planejar a sucessão de seus conselheiros, constantemente. Sucessão deve ser parte da agenda anual de qualquer Conselho”. São poucos os conselhos que têm um plano de sucessão estruturado para seus atuais membros. Neste ano, especificamente, além da necessidade de sucessão de conselheiros, percebemos que há uma demanda maior por conselheiros com novas competências, principalmente em empresas que estão planejando uma aquisição ou abertura de capital; além de empresas que estão criando seu primeiro Conselho Consultivo.“

João Marco também reforçou a questão da Diversidade. “Hoje a questão de Diversidade vai muito além de sexo, cor, raça, e inclui diversidade de pensamento, de geração, de mindset.”. As empresas também demandam conselheiros mais jovens nos conselhos, pois esses estão mais integrados com temas relacionados à transformação digital”. Ana Paula completa ao dizer que não precisa mais ser presidente de uma empresa para ser conselheiro. “Este paradigma está mudando rapidamente, e no Brasil, com a falta de pessoas super qualificadas, a porta está se abrindo para profissionais que tragam competências requeridas, além de experiência anterior como CEO e senioridade.”

Como começar? Para a executiva (ou executivo) que almeja participar de um conselho, Ana Paula diz que não basta apenas ter uma certificação local como, por exemplo, a do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). “As competências superam isso. A formação de um bom conselheiro pode levar alguns anos e, além da educação formal, é necessária a experiência prática e busca constante por autodesenvolvimento”.

Por último, e não menos importante, Ana Paula aconselha a quem deseja ser um Conselheiro Independente se aproximar de fóruns e identificar possíveis mentores que possam orientar nesta jornada. “Esteja sempre próxima a alianças estratégicas: empresas de executive search, escritórios de advocacia, fundos de private equity, consultorias de gestão, auditorias e grupos de conselheiros. Pois no Brasil muitos convites ainda são feitos pelo networking do próprio conselho e/ou dos acionistas”. Também é fundamental se preparar muito bem para a entrevista para uma posição de Conselho, ser capaz de listar previamente seus pontos fortes e fracos para a posição, além de preparar perguntas relevantes ao tema e ao negócio, ler e analisar toda a informação pública relevante sobre a empresa, etc.

Experiência progressiva – Na opinião da consultora, a melhor maneira de iniciar o desenvolvimento das habilidades de conselheira é começar integrando um conselho consultivo de uma ONG ou de associação, na qual além do aprendizado do negócio, a interação com outros conselheiros, as dinâmicas das reuniões, como aprender a ouvir, a se colocar, a influenciar, etc, serão um excelente treino, além de estar fazendo um trabalho voluntário que estará ajudando a própria ONG a evoluir seu processo de governança. Num segundo momento, participar do conselho consultivo de uma empresa familiar ou de uma start-up de uma empresa pequena ou média de capital fechado irá certamente contribuir muito para sua formação de Conselheira.

Já um Conselheiro sênior e experiente deve estar atuando em uma empresa grande de capital fechado; ou mesmo em uma empresa se preparando para um processo de abertura de capital ou IPO.

Riscos e recompensas – Ana Paula ressaltou os riscos e as recompensas da posição. “É preciso ter muito cuidado antes de aceitar um convite para ser Conselheira pois algumas situações podem impactar negativamente na sua carreira, já que há o risco legal e de reputação. Também é preciso verificar se há conflitos de interesse em relação à companhia em que você trabalha com a empresa em que você participará como membro do conselho. Ou seja, não pode haver conflito de agendas, é melhor dizer não”.

Em relação às recompensas, Ana Paula aponta cinco pontos: impacto positivo na carreira; ampliação de networking; desenvolvimento pessoal e profissional; e aprendizado na área de governança, além de remuneração.

Remuneração – Ana Paula observou que também é muito importante observar a questão da remuneração. “Algumas mulheres ganham menos do que os homens em alguns conselhos, ainda. Para isso mudar, é preciso que as conselheiras se valorizem e recusem propostas ruins, pois as responsabilidades e riscos podem ser enormes, por tão pouco dinheiro e virar uma dor-de-cabeça. De um lado, a remuneração precisa ser competitiva, porém de outro lado, cada vez mais os conselhos precisam de conselheiros mais atuantes e comprometidos, atuando além do Board, em comitês nos quais agrega”.

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