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Para celebrar os 10 anos do IBEF Mulher, o IBEF-SP realizou um grande evento na sede da IBM, reunindo cerca de 160 pessoas que participaram de diversas atividades ao longo da manhã da última quinta-feira, 31 de outubro. O evento abriu com uma dinâmica, conduzida pela líder do grupo IBEF Mulher, Maria José De Mula Cury, que também é sócia da PwC Brasil, onde os participantes deveriam responder a cinco perguntas. O principal objetivo foi mostrar o quanto ainda existe desigualdade entre gêneros no mercado de trabalho. Em seguida, Maria José agradeceu o patrocínio da IBM e da PwC, que tornaram o evento possível. “O objetivo da discussão de hoje é falar sobre as mudanças que as empresas estão passando, com o tema “Inovação, um caminho sem volta: Nada será como antes… incluindo você e sua empresa”.
O diretor-presidente do IBEF-SP, Serafim Abreu deu as boas-vindas aos participantes e parabenizou os 10 anos do IBEF Mulher e pela jornada que está sendo criada pelo Instituto, de trazer novos associados e empresas. “O IBEF-SP abarca toda a equipe de finanças e ecossistema do setor para equipar o CFO”, reiterou.
História do IBEF Mulher — Maria José destacou que participa do IBEF Mulher há 10 anos, desde a criação do grupo, e em 2009, o IBEF-SP tinha em sua formação 6% de executivas. “O grupo uniu forças e criou o IBEF Mulher, sua missão, valores e metas, e uma grade de eventos e publicações, incentivando as executivas a participarem das comissões técnicas”, explicou.
Ela reiterou que o grupo foi criado com o desejo que um dia ele não fosse necessário mais, aspirando o fim da diferença entre gêneros. “Aprendemos muito, ampliamos nosso conhecimento e experiência, porém ainda é importante falar sobre diversidade e inclusão”, destacou Maria José, reforçando que a diversidade é importante, pois traz diferentes perspectivas, experiências pessoais, visões de mundo, e é importante ouvir a experiência que as mulheres têm nessa jornada. “Uma pesquisa da Talenses com o Insper, realizada no Brasil, mostrou que 13% das empresas têm mulheres na posição de CEO. Além disso, temos 26% em posição de diretoria e 16% em posição de conselho. Também há pesquisas que mostram que entre empresas de capital aberto, 7,4% são mulheres. Por essa razão, seguimos unidos para proporcionar a mesmas condições, e precisamos de todos nessa discussão”.
Hoje, o IBEF-SP conta com mais de 270 associadas, representando mais de 27% dos executivos que participam do Instituto. “Na liderança do IBEF Mulher, temos um grupo formado por mulheres talentosas que inspiram, trazendo diferentes pontos de vista e formação. Nos últimos 10 anos, aumentamos nossa participação também no conselho do IBEF-SP, que hoje conta duas conselheiras, e na diretoria executiva, que tem quatro mulheres, e neste biênio quase todas as comissões técnicas são lideradas por mulheres. No Prêmio Equilibrista, tivemos ao longo de 10 anos três executivas premiadas”, destacou.
Em seguida, Maria José passou a palavra para Andreia Kinouti, que representou a IBM enquanto patrocinadora do evento. “Na área de finanças, existe um grupo de mulheres, que também tem a participação de homens, e o objetivo é sensibilizar e dar visibilidade à mulher dentro da IBM”. A empresa também tem parceria com ONGs e outros projetos com o mesmo viés. Luciana Medeiros foi convidada para falar sobre a PwC, que também patrocina os eventos há 10 anos, e destacou que liderou o primeiro ano do grupo IBEF Mulher. “Hoje pensamos que o objetivo é que não precise desse grupo para que a gente seja, no mínimo, 50% mulheres e 50% homens. E nós da PwC temos orgulho de ter patrocinado esses anos de eventos, pois acreditamos no valor da diversidade. Continuaremos a apoiar o IBEF Mulher nessa jornada”.
Projetos em prol da mulher — Maria José divulgou ainda dois projetos em benefício da mulher. Maria Gabriela Mansur, conselheira do projeto Bem-Querer Mulher, apresentou o projeto que realiza várias ações para apoiar o combate da violência contra as mulheres fazendo acompanhamento dos casos, e os resultados desses trabalhos são expressivos desde a obtenção de medidas protetivas até reversão de quadro de medo, vergonha e culpa. Em seguida, Flavia Schlesinger, da Pepsico, contou sobre o projeto Mulheres com Propósito, programa que combina incentivo à diversidade e inclusão socioeconômica, onde mulheres em situação de vulnerabilidade têm a oportunidade de expor sua veia empreendedora. O programa foi implantado 2018, conta com mais de 550 mulheres certificadas.
Novas fronteiras — Em seguida, teve início a palestra de Ricardo Al Makul, idealizador do KES, que apresentou plataforma de conteúdo de inovação baseada em comportamento e tecnologia. O objetivo foi falar sobre como ajudar as empresas entenderem as mudanças do ambiente de negócios. “Para falar de futuro, vamos voltar a 1989, na chegada da Internet. Era difícil prever o impacto que isso teria no mundo dos negócios”. Ele discorreu sobre o avanço da tecnologia e várias indústrias que mudaram durante essa trajetória. “Qual é o caminho da tecnologia? Tudo vai ser digitalizado. Mas antes, vamos passar pela decepção, disrupção, desmaterialização, desmonetização”.
Makul falou sobre o aumento de dados compartilhados atualmente, que impacta diversas indústrias. “O mercado cresceu muito e se transformou completamente. Primeiro, as ferramentas mudam, e depois os hábitos e comportamento. Todo produto é um serviço digital a ponto de acontecer”, ressaltou. “O que muda agora é a velocidade. A combinação dessas tecnologias gera uma imensidão de dados, sendo que 90% foram criados nos últimos dois anos. Quanto mais dados são gerados, mais inteligentes ficam os sistemas. E a Internet conecta tudo”, disse. Sua mensagem final foi voltada a sete valores centrais que as lideranças das empresas devem adotar nessa nova era: curiosidade, coragem, compaixão, comprometimento, colaboração, calma e capacidade de aprender.
Desafios da transformação e inovação — Em seguida, Ana Paula Zamper, vice-presidente de Systems da IBM América Latina, mediou o painel sobre como endereçar esses desafios da tecnologia dentro das empresas. O debate contou com participação de Paula Paschoal, diretora do PayPal Brasil, Magali Leite, CFO da Beneficência Portuguesa, Walkiria Schirrmeister, CIO do Bradesco, e Cássio Casseb, senior advisor do Morgan Stanley.
Eles iniciaram o painel falando sobre os desafios de fazer planejamento em um mundo de transformação. No setor da saúde, Magali Leite disse que menos de um quarto da população tem acesso a planos, e a crise no setor também está na forma em que o serviço é remunerado. “Fazer planejamento nesse contexto é desafiador”. Já no setor de pagamentos, Paula Paschoal destacou que a evolução dos últimos anos foi grande, mas nos próximos cinco anos, será muito maior. “Não sabemos como esse mercado vai mudar e quais tecnologias vão surgir”.
Explosão de dados — Diante dessa rápida evolução, o que fazer com tantos dados? Paula disse que o PayPal tem times que só olham para isso, mas no dia a dia é preciso saber o que faz diferença na vida do cliente. Ela alertou sobre o cuidado que empresas devem tomar com quantidade de dados. “Damos importância para soft skills, mas inovação precisa ser discutida e comprada pela empresa inteira”, disse.
Em meio a dados operacionais automatizados, com índice de automação crescendo, Walkiria Schirrmeister disse que o desafio está em formar novos talentos e o maior problema é melhoria da experiência do cliente. “Investimos em capacitação de pessoas e queremos pensar no olhar do cliente. Também existe transformação nas responsabilidades. As atividades tradicionais devem se transformar”, disse. Magali Leite complementou que ainda na área de saúde, os dados são muito sensíveis, pois dependem da aprovação do paciente para compartilhá-los, e por outro lado, no futuro os ecossistemas vão ter que se entender para esse compartilhamento. “Como dar um tratamento adequado sem ferir privacidade do paciente?”, questionou.
Cássio Casseb destacou que independente das mudanças, o ideal é continuar contratando competências, pessoas com dedicação, espírito de time e quem tem vontade. “O que mudou foi o equilíbrio entre tecnologia e essas competências. Temos que olhar pra frente e não para o passado. Se a estrutura não for flexível, a rigidez cria risco”. A mensagem é que o profissional de finanças deve saber qual seu core e como investir, pois a transição está rápida e precisa ser compatibilizada. “Temos que preparar todas as pessoas”, complementou.
Encerramento — Ao final do evento, Maria José Cury destacou que o IBEF Mulher realizou uma pesquisa em 2011 para mapear perfil das executivas de finanças, e que esse estudo será atualizado para mapear todos executivos, abrindo para participação de todos os associados. Depois, foram sorteados brindes da Gympass, Omint, Swarovski e Trousseau e Conceição Bem Casados.