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Fonte: Agência Estado – Broadcast – 11/05/2018
Analistas e investidores têm acompanhado de perto o sobe-e-desce do dólar e o impacto sobre o caixa das empresas. O quadro parece chamar ainda mais atenção após a estreia de diversas companhias no mercado de crédito externo nos últimos anos. Economistas dizem que muitas contrataram proteção à variação cambial, mas reconhecem que há riscos.
O grupo de empresas com dívida em dólares, euros e outras moedas é variado. Tradicionais companhias nacionais, grandes exportadoras e importadoras historicamente têm compromissos financeiros no exterior e a maioria está bastante habituada com a imprevisibilidade das cotações do dólar.
Há, porém, um grupo novo: o das companhias estreantes que aproveitaram o juro historicamente baixo e a liquidez recorde para obter crédito barato no exterior nos últimos dois anos. Muitas dessas, inclusive, tomaram crédito internacional porque as opções no Brasil eram caras e difíceis durante a recessão por motivos que vão desde o juro alto à nova atuação mais restritiva do BNDES.
“As empresas que foram ao mercado externo nos últimos anos estão bem conscientes dos riscos”, diz o diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), José Eduardo Laloni. O executivo explica que instituições financeiras que assessoram empresas no exterior recomendam fortemente a contratação de hedge para a nova dívida. A decisão final, porém, é da empresa tomadora do crédito.
O ex-diretor financeiro de empresas como Klabin e Villares Carlos Alberto Bifulco nota que o custo do hedge cambial é um tema antigo de discussão nas empresas. “Tudo depende dos custos, das apostas, do risco e da cabeça do diretor financeiro. O problema é convencer a diretoria que é preciso pagar o hedge e, lá na frente, o dólar cair”, diz o executivo que atualmente está no conselho do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).
Diante desse universo de empresas que optam por não contratar a proteção cambial, o sócio-gestor de mercado financeiro e de capitais da Lobo de Rizzo Advogados, Fabrizio Sasdelli, reconhece que pode haver “luz amarela” para quem não tem hedge. “Há alerta por esses solavancos do dólar, mas as operações têm prazo e condições que permitem aliviar a pressão”, diz Sasdelli que estrutura operações de crédito externo.
Em Nova York, o chefe de renda fixa internacional do Bradesco BBI, Philip Searson, confirma que muitas emissões de dívida em 2017 e no início de 2018 foram de empresas que faziam sua primeira captação externa. Ele nota, porém, que praticamente todas as operações que passaram pelo banco protegiam a dívida do câmbio. “Acompanhamos a alta do dólar, mas os que fizeram hedge integral não deveriam estar preocupados”, diz.