Getting your Trinity Audio player ready...
|
Pesquisa do Ibef SP mostra que 70% dos executivos nunca usaram a ferramenta considerada solução para antecipar tendências e evitar crises
Fonte: DCI
São Paulo – Tentar antecipar padrões e tendências para se destacar no mercado ou evitar crise é um ideal básico de qualquer gestor. Mas aliar a tecnologia para atingir esse objetivo é ainda uma prática pouco usual no Brasil.
Pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef/SP) à Talenses, empresa parceira do instituto – e divulgada com exclusividade ao jornal DCI -, revelou que 70%, de 205 executivos consultados no Brasil, nunca usaram um modelo estatístico chamado análise preditiva.
Na opinião da VP do Ibef/SP Tamara Dzule, controller senior da AkzoNobel Pulp and Performance Chemicals, a conclusão do estudo mostra que estamos atrasados neste sentido, já que essa estratégia é um “modelo para futuro, de modo a ser mais assertivo na tomada de decisões”.
A análise preditiva (ou predictive analytics – PA) é uma modelagem estatística baseada em dados ou algoritmos. O gestor alimenta o programa com algumas premissas e obtém respostas para questões específicas. “É uma forma mais inteligente de olhar para o futuro”, ressalta Tamara. “A PA pode ser usada por qualquer área, do comercial ao marketing e pesquisa”, diz.
Ela cita um caso de um escritório de advocacia que, com base no histórico de decisões dos tribunais, fez o mapeamento de probabilidades por assunto (horas extras, descanso semanal, adicionais previstos em lei, entre outros aspectos), por vara ou juiz e traçou a probabilidade de êxito de cada ação. Apesar de não entrar em detalhes de qual foi o resultado dessa apuração, Tamara comenta que a empresa citada trocou a subjetividade da opinião dos advogados pela assertividade da avaliação estatística. Ou seja, dados que revelam o andamento dos processos.
Áreas diversas
A executiva comenta que um outro exemplo de uso da ferramenta no Brasil, é o aplicativo “Meu Desconto” da rede Pão de Açúcar, no qual, baseado nos hábitos de consumo dos “Clientes Mais” (aqueles cadastrados que fornecem seu CPF no caixa a cada compra), oferece descontos sob medida. Ações já feitas pelas redes de farmácia Drogasil e Raia.
Apesar dessa estratégia ser mais facilmente executada pelas áreas de publicidade, marketing dos setores de comércio e serviços, de acordo com a pesquisa do Ibef, 62% dos empresários entrevistados – onde a maioria dos respondentes é homem, da geração X, diretores de empresas justamente do setor de serviços localizadas em São Paulo – afirmam que a ferramenta deve ser responsabilidade da área de finanças.
Alexandre Benedetti, diretor das divisões de Finanças e Tributário, Jurídico e RH da Talenses, comenta que a análise preditiva ainda é pouco difundida entre os profissionais da área financeira também por se tratar de um tema recente no dia a dia das organizações, devido à baixa compreensão destas sobre os possíveis impactos positivos para o negócio.
Dessa forma, os profissionais capacitados nessa análise terão uma excelente oportunidade de se destacarem nesse mercado. “O CFO pode usar a quantidade de informações alimentadas nessa ferramenta para sua tomada de decisões, relacionadas a produtos, projetos projeções de curto, médio e longo prazo”, aponta.
Por outro lado, poder antecipar tendências por meio da análise preditiva pode contribuir não só para os ganhos financeiros, como também de produtividade, segundo Benedetti, o que exigiria a participação da área de relações humanas no processo. Além disso, setores econômicos, como a agricultura, poderiam usar essa ferramenta para tentar antecipar o clima e tomar decisões.
Desta forma, segundo os executivos, a melhor forma para tratar do assunto em um determinado negócio é formar um grupo de discussão com profissionais das diversas áreas da empresa e, não somente de Tecnologia de Informação.
Porém, eles são cautelosos ao apontar quais seria um investimento médio para aproveitar essa ferramenta, já que o custo depende de cada companhia. Por outro lado, é preciso saber que o produto é mais acessível em grandes empresas de tecnologia.
Neste cenário e com base no resultado da pesquisa, o Ibef deve realizar evento neste trimestre para debater o assunto com empresários.
Fernanda Bompan