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IBEF-SP na Imprensa: Entrevista para Folha de S. Paulo

Estou perdendo dinheiro na Bolsa; e agora, o que devo fazer?

Por Toni Sciarretta – 15/02/2016

Quem perdeu a chance de sair antes da Bolsa está com as aplicações no vermelho. A opção agora é definir uma estratégia para deixar o investimento com uma parcela menor de perdas do que a atual. Na maioria dos casos, o caminho envolve assumir, definitivamente, parte dos prejuízos, ou tomar ainda mais risco em nome da possibilidade de reduzir perdas no futuro.

A estratégia e a dose do remédio vão depender do quanto a pessoa precisa do dinheiro deixado na Bolsa e do quanto se sente confortável vendo os recursos dia após dia em território negativo. Isso porque a recessão brasileira deve se aprofundar nos próximos meses e a economia mundial passa por novos percalços decorrentes da desaceleração na China e da derrocada no preço do petróleo.

Para aqueles que deixaram na Bolsa mais do que os 10% a 15% recomendáveis do total de economias de longo prazo, pode ter chegado a hora de se “enquadrar” em um patamar mais palatável de risco. Como? Vendendo o que exceder a isso e aplicando em renda fixa conservadora com juros na casa de 14% ao ano.

Nesse caso, o investidor pode vender imediatamente ou esperar por momentos de recuperação das ações –como o da sexta (12)– até reduzir a fatia da Bolsa a um patamar mais palatável.

Os mais dispostos a flertar com o risco podem comprar mais ações depreciadas –ou esperar cair ainda mais– para diminuir o custo médio dos papéis. O risco é a recuperação jamais ocorrer.

Por exemplo, quem comprou mil ações preferenciais (sem voto) da Petrobras a R$ 10 cada (pagou R$ 10 mil) pode comprar mais mil quando o valor cair para R$ 4 (pagará mais R$ 4.000). Ficará com 20 mil ações ao custo médio de R$ 7. A mudança reduz as perdas de 150% para 43%.

Nessa estratégia do preço médio, o investidor não precisa necessariamente comprar papéis das mesmas empresas. Pode adquirir outros com melhor perspectiva de recuperação, mas que também estejam depreciados, como empresas exportadoras que não sejam da área de commodities, entre outros.

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CRISE NA BOLSA
Confira dicas de especialistas

Pedro Galdi, sócio da Galdi Investimentos
Quem sair agora vai amargar um grande prejuízo. Melhor esperar um pouco e vender os papéis sempre após uma valorização. Qualquer sinalização positiva terá um grande efeito nos preços. Quem quiser comprar ações mais baratas agora para reduzir o custo médio deve evitar papéis com pouca chance de alta como os da Petrobras e CSN, Usiminas. E tem que saber que vai, no máximo, reduzir as perdas; não vai recuperar o que investiu.

Marcelo Ribeiro, sócio da Pentágono Asset
O investidor deve se preparar para sair. A Bolsa vai revisitar os níveis observados após a quebra do Lehman Brothers, quando o Ibovespa bateu em 29 mil pontos. Uma estratégia para sair é procurar um momento de menor volatilidade. Se as coisas acalmarem e a volatilidade baixar, é hora de liquidar.

Alexandre Chaia, economista do Insper
Não caia na tentação de investir mais na Bolsa para fazer um preço médio melhor. A teoria diz que os preços das ações estão justos, mas as perspectivas para os próximos três anos são todas negativas, tanto para a economia quanto para a Bolsa. É o momento da renda fixa.

Paulo Gomes, economista da Azimut
Sair agora é assumir prejuízos. É mais para quem está muito incomodado. Os mercados estão reagindo emocionalmente; depois vem a racionalidade. Quem está na Bolsa deve procurar setores mais resilientes e com maior potencial de recuperação, como o financeiro e as empresas de cartão.

Luiz Calado, vice-presidente do Ibef
Uma coisa interessante é vender a sua ação que já caiu muito e comprar outra igualmente desvalorizada mas que pague dividendos, como o setor financeiro e exportadores. Como o mercado tem altos e baixos, vender quando se perdeu muito significa não aproveitar a fase de valorização.

Alvaro Bandeira, da Modalmais
Quem teve estômago para aguentar até agora não deve sair. Também não precisa insistir nas mesmas empresas; pode mudar para aquelas com perspectivas melhores, menos endividadas. E quando a economia reagir, pode aumentar essa posição porque ficará mais fácil recuperar parte das perdas.

Raymundo Magliano Neto, da Magliano
Não sugiro essa estratégia de comprar mais ações com preço menor para reduzir o custo médio. Não vejo a Bolsa subir neste ano. É melhor sair, amargar prejuízo, aplicar na renda fixa e ganhar 14% ao ano. Depois, reavalia se volta em 2017 ou mais tarde. Quem ainda assim preferir ficar deve evitar Vale e Petrobras.

Fonte: Folha de S. Paulo

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