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Inovação aberta chega às Tesourarias

Menos planilhas, mais linhas de código. A área financeira é vista como porta de entrada para a inovação nas empresas. Um de seus pilares, os departamentos de Tesouraria, já se movimentam em direção à chamada “inovação aberta”.

Esse conceito, que engloba o poder da conexão entre startups e o corporate venture capital, ganhou destaque na primeira reunião técnica de 2021 da Comissão de Tesouraria do IBEF SP, realizada em 10 de fevereiro. O convidado foi Gustavo Araújo, cofundador do Distrito, hub de inovação com 450 startups aceleradas.

Forças complementares – Criado pelo professor Henry Chesbrough, da Universidade de Berkeley (EUA), o conceito de Open Innovation – ou inovação aberta – parte da ideia de que por maior e bem estruturada que seja uma companhia, ela não conseguirá reunir todas as melhores condições de mercado para inovar sozinha.

“Você tem que combinar sua capacidade interna de inovação com a capacidade de todo o ecossistema a sua volta”, destacou Gustavo. Ao iniciar essa jornada, a empresa deverá enxergar a inovação como algo colaborativo – e não um segredo a ser guardado a sete chaves – e abrir-se para negócios com players com os quais não estava acostumada, como startups, aceleradoras, incubadoras e outros.

Mercado em transformação – A última década foi marcada pela rápida ascensão das empresas de tecnologia entre as mais valiosas do mundo. Basta lembrar que, há 10 anos, a Apple era a única representante do segmento no Top 10 do S&P 500, principal índice das bolsas americanas. Em 2020, Microsoft, Apple, Amazon, Google e Facebook já ocupavam as 5 primeiras posições do ranking.

Os investidores estão atentos aos cinco drivers que prometem impactar os mercados nas próximas décadas com força igual ou maior que a própria Revolução Industrial: inteligência artificial, blockchain, sequenciamento genômico, robótica e capacidade de armazenamento de energia.

Empresas vão às compras – “As empresas aprenderam que podem acelerar sua transformação digital comprando startups”, destacou Gustavo. Para se ter uma dimensão dessa tendência, em 2020 foram 163 M&As envolvendo startups, contra 64 em 2019. “E este ano, esperamos mais que dobrar o número dessas transações”.

Olhando para serviços voltados às Tesourarias, aproximadamente 15% das fintechs nacionais atuam com soluções para crédito, segundo o Inside Fintech Report da Distrito. Em 2020, essa categoria recebeu volume de investimentos 13% maior que em 2019, com US$ 352 milhões em 21 aportes. A compra pela XP Investimentos de participação majoritária na Antecipa, e os aportes do fundo de corporate venture capital do Itaú na Monkey Exchange, ambas fintechs de antecipação de recebíveis, são exemplos recentes da ebulição desse mercado.

Não basta conectar – Os departamentos de Tesouraria podem utilizar as plataformas de inovação aberta para desenhar novos processos com uso de tecnologia – inclusive em situações de reestruturação e downsizing -, buscar a solução mais rápida para problemas de negócio e criar novos produtos. Essa jornada pode ir desde a conexão, investimento e até mesmo a compra de uma startup pela companhia.

Uma profusão de hubs de inovação tem se espalhado pelo Brasil. Mas o que sua empresa deve considerar ao escolher um? Para quem é iniciante nesse mundo, simplesmente conectar no hub não será suficiente, alerta Gustavo.

“Quem está começando precisa de ajuda. Então, você precisa de pessoas prestando serviços para te ajudar a construir a jornada de transformação: desenhar processos, mapear problemas e fazer a conexão desses problemas com as startups. Você precisa se conectar com o hub, mas também ter uma consultoria de inovação te ajudando”, alertou o cofundador da Distrito.

Troca de experiências – A líder da Comissão Técnica de Tesouraria, Camila Abel, da AES, observou que em companhias muito grandes os departamentos responsáveis por inovação costumam ficar em áreas separadas de finanças, o que pode fazer com que algumas soluções não sejam pensadas para Tesouraria. “Daí a importância de disseminarmos essa cultura”.

O membro da Comissão, Gustavo Garcia, tesoureiro da Klabin, compartilhou a experiência positiva de sua área com uma startup para o controle, gerenciamento de operações e marcação a mercado, ajudando a trazer inteligência para o negócio. “A Tesouraria tem responsabilidade de capital de giro muito forte, não podemos fugir das fintechs”, ressaltou.

Bruno Nespoli, da Corteva, notou que a primeira interação da Tesouraria com startups foi no âmbito de supply finance e a experiência já tem mostrado resultados positivos para taxas. “É preciso manter a cabeça aberta e defender esse processo de inovação mais ágil internamente. Vimos que o payoff vale a pena”.

A Distrito colocou à disposição da Comissão Técnica do IBEF SP a possibilidade de fazer um pitch day com startups focadas em soluções para Tesouraria, a ser estudado e organizado pelas entidades.

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