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A Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos e a CT de Mercado Financeiro e de Capitais do IBEF-SP realizaram de forma conjunta a live “Jornada do CFO: Evolução do Open Banking para o Open Finance”, no dia 8 de dezembro. O evento abordou como as tecnologias transformarão a interconexão dos ecossistemas de finanças e os benefícios que poderão ser capturados pelos gestores das companhias.
Participaram da live Aristides Cavalcante Neto, chefe adjunto do Departamento de Tecnologia da Informação do Banco Central do Brasil; Thiago Mello, strategy manager do Itaú-Unibanco; e Otávio Farah, cofundador e CEO do FitBank. Rosangela Santos, líder da CT de Mercado Financeiro e de Capitais, atuou como moderadora e Igor Bueno, líder da CT de Tesouraria e Riscos, foi o host do evento.
¨Internet do sistema financeiro¨ – Rosangela Santos destacou que o Open Banking e o Open Finance são iniciativas de grande magnitude, que possibilitarão maior inclusão financeira e democratização do acesso aos serviços financeiros. ¨É uma transformação e um grande passo para toda a sociedade, para as pessoas e para as empresas dos mais variados portes e setores”, afirmou a moderadora.
O chefe adjunto do Departamento de Tecnologia da Informação do BC, Aristides Neto, esclareceu que o Open Banking (sistema financeiro aberto) não se resume ao compartilhamento de dados, mas busca incentivar a inovação, o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Segundo Neto, a iniciativa é como uma “internet do sistema financeiro¨, de fluxo de informações e compartilhamento de serviços. “Sobre essa ‘nova internet’, com interfaces padronizadas de tecnologia, os bancos irão se conectar uns aos outros e, através desse ecossistema, um conjunto de novas aplicações e serviços serão construídos para gerar benefícios ao cidadão. Esse é o foco e a ênfase do Open Banking”, afirmou Neto.
O início do Open Finance está previsto para o dia 15 de dezembro, observou o representante do Banco Central. Ele elucidou que essa iniciativa é a extensão dos princípios do Open Banking – compartilhamentos restritos a pagamentos e créditos – a serviços como seguros, operações de câmbio, previdência complementar aberta, investimentos, entre outros.
Competição e inovação – Para Otávio Farah, cofundador e CEO do FitBank, é extremamente saudável, do ponto de vista da melhora na qualidade dos serviços, levar para o mercado as melhores tecnologias bancárias disponíveis e a iniciativa do regulador de fornecer ao cidadão mais opções para acessar os serviços financeiros.
“O maior acesso das pessoas aos serviços financeiros diminui a assimetria de informação e esse cenário evoluirá, pois haverá uma maior concorrência, as barreiras de entrada no mercado diminuirão e as empresas deverão se preparar”, afirmou Farah.
Novos modelos de negócio – Dentre os novos modelos de negócios, destacou Thiago Mello, strategy manager do Itaú-Unibanco, está a possibilidade de criação de agregadores de conta, solução que já obteve sucesso na Inglaterra. Ou seja, o cliente com contas em mais de uma instituição consegue trazê-las todas para um só canal, seja ele de um banco ou de uma fintech. Isso possibilita a comodidade de ver todos os gastos em uma única aplicação e auxilia na obtenção de um melhor poder de escolha.
¨Do ponto de vista da instituição financeira, ela pode ofertar produtos muito melhores e mais contextualizados. Esse é um grande benefício que essa agenda traz para o mercado: comodidade, benefício e usabilidade em um só lugar habilitado pelo Open Finance”, elucidou Mello.
Vantagens para o mundo corporativo – Há também vantagens para as empresas, disse o strategy manager do Itaú. As áreas financeiras frequentemente realizam conciliações, acompanham sites e aplicativos de diversos bancos. Consolidando essas contas em um único canal, existe a possibilidade dos bancos oferecerem às empresas clientes soluções e serviços que terão um impacto positivo nos seus fluxos de caixa.
“Com uma análise preditiva, o banco poderia projetar um descasamento de caixa em uma empresa, por exemplo, com a entrada de uma duplicata. Sabendo que a organização opera com antecipação de recebíveis, o banco poderia propor a ela uma linha de capital de giro com uma taxa menor, o que acarretaria benefícios e um impacto no fluxo de caixa da empresa. Isso é bastante poderoso e algo que essa agenda também facilita”, pontuou Mello.
Instrumentos para o CFO – O representante do Banco Central destacou que já é possível encontrar comparadores de dados de produtos e serviços financeiros, consequência da implantação da fase 01 dos dados abertos iniciada em janeiro de 2021. Através deles é possível comparar, por exemplo, produtos, tarifas e taxa de juros. “Para o CFO, esse é um instrumento poderoso na hora de negociar com a instituição bancária”, destacou Neto.
Além dos comparadores, será possível, em breve, um ecossistema que permita a busca de propostas de crédito. Pensando nisso, o BC incentiva soluções que facilitem a jornada dos cidadãos e das empresas. A ideia de fundo é que o cliente possa solicitar tais propostas aos bancos com os quais possuir relacionamento e recebê-las posteriormente em formato de fácil comparação. Segundo Neto, “dessa forma, o cliente poderá receber propostas de crédito padronizadas e escolher a que mais se adequa a sua necessidade, com melhores condições de taxa de juros efetiva, de prazo e assim por diante”.
O CFO e a ¨data economy¨– Questionados pela moderadora, Rosangela dos Santos, sobre os aspectos e os investimentos aos quais os CFOs devem estar atentos, os painelistas afirmaram que os executivos devem estar atentos à cultura, à inovação e às novidades que são muito grandes e intensas. Farah e Mello ressaltaram que os processos automatizados permitem a redução de erros e custos, e o acesso a informações que anteriormente não estavam disponíveis, viabilizando novas soluções e possibilitando inclusive uma eventual reestruturação das empresas.
“A tecnologia oferece soluções novas, leves e velozes. O Open Finance disponibilizará ao CFO um cockpit mais tecnológico e avançado para pilotar a empresa. O executivo de finanças precisa se preparar para não ser pego de surpresa, pois o que talvez não faça sentido hoje, amadurecerá; é preciso estar pronto”, afirmou o CEO do FitBank.
Por sua vez, Aristides Neto destacou o papel relevante que a inteligência artificial, o data science e o machine learning desempenharão no futuro. “Com a data economy haverá muito mais informações e o grande desafio será transformar um enorme volume de dados em conhecimento para embasar decisões. Assim, investimentos intensivos em tecnologias serão imprescindíveis”, sublinhou o representante do Banco Central.