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José Antonio de Almeida Filippo, CFO da Natura &Co, foi prestigiado com o 37º Prêmio Equilibrista do IBEF SP, sendo escolhido pelos associados do Instituto como CFO do Ano de 2020. A cerimônia de premiação ocorreu no dia 10 de dezembro por meio de live, reunindo um público de aproximadamente 130 pessoas. A solenidade incluiu ainda homenagens da 28ª edição do Destaques do Ano IBEF SP. O evento recebeu patrocínio da Deloitte, Carrefour, Embratel e Totvs.
“Como CFO, vivi na minha vida profissional alegrias, desafios, dificuldades, recessões econômicas, e o ano de 2020 foi realmente especial”, disse Filippo em seu discurso de agradecimento pelo Prêmio. Ele destacou sua formação como engenheiro e uma carreira construída na área financeira. “Trabalhei em muitas empresas, mas sempre tive oportunidade de atuar em negócios diferentes”. Ele citou a oportunidade que teve de conhecer uma diversidade de negócios e pessoas inspiradoras, podendo estudar, estar em diferentes geografias, começar e terminar ciclos. “Há 3 anos tive oportunidade de participar do projeto global da Natura como CFO do grupo”.
Ele citou as dificuldades enfrentadas com a crise deste ano, com indicadores econômicos chegando a patamares poucos vistos anteriormente. “Tivemos que apresentar os negócios de maneira diferente e percebemos que teríamos que proteger não só os negócios, como também a sociedade”, disse Filippo. “Não podemos deixar de destacar os pontos positivos que vimos este ano, como aumento da atividade no mercado de capitais, a entrada de pessoas físicas, e avanços importantes da participação com novos players no mercado bancário”, ressaltou.
Filippo falou ainda sobre a adaptação pessoal que cada indivíduo teve que fazer durante a crise, com o relacionamento digital, além do home office, que passou a ser comum. “Estamos aprendendo com o passado para construir um futuro sempre melhor”.
“O Prêmio Equilibrista me leva a lembrar mais de quem influenciou e participou da minha carreira”, disse Filippo, destacando sua parceria com CEOs ao longo de sua carreira, que segundo ele foram líderes que o inspiraram, provocaram e permitiram o alcance de seus objetivos profissionais. Ele agradeceu ainda seu time de gestão. “Juntos, enfrentamos diversos desafios, dificuldades e alegrias. Essa premiação não é só minha, mas também de todo o time”, complementou.
Os outros dois finalistas ao Prêmio foram Diego Barreto, CFO e VP de estratégias do iFood; e Tiago Azevedo, CFO do Mercado Livre do Brasil
O Prêmio – O Prêmio Equilibrista – CFO do Ano nasceu em 1985, criado pelo IBEF SP para destacar líderes empresariais da área de finanças. O presidente do conselho de administração do IBEF SP, Luis Felipe Schiriak, disse estar orgulhoso dos finalistas e de todos os financeiros e financeiras que fizeram um trabalho provavelmente como nunca antes realizado este ano, mantendo as empresas vivas e as equipes motivadas em um momento adverso. “Nós temos milhares de ganhadoras e ganhadores este ano”.
O presidente da diretoria executiva do Instituto, Serafim Abreu, destacou também o desafio vivido em 2020, ano em que todos os CFOs podem ser considerados vitoriosos. “O CFO teve que abandonar o planejamento do ano anterior e começar tudo do zero, e muitos têm suas responsabilidades com seus funcionários e cuidaram muito bem deles. Isso foi uma demonstração importante do papel do agente transformacional que o CFO exerce”.
Adriano Rosa, diretor executivo da Embratel, destacou a importância desse reconhecimento para os profissionais que vêm atuando como protagonistas nas transformações de suas empresas. “Estar com o IBEF SP é estar constantemente discutindo a transformação desse mercado, e o CFO tem cada vez mais uma relevância nesse processo de transformação”.
Eduardo Neubern, diretor executivo da TOTVS TechFin, destacou o ano atípico de 2020, com tanta adversidade na economia, e a importância deste prêmio, que tem 37 anos de tradição. “A responsabilidade do CFO aumentou ainda mais em um momento que decisões deveriam ser tomadas de forma mais rápida, e por isso este ano esse Prêmio se torna ainda mais relevante”.
Destaques do Ano – A cerimônia de premiação prestou reconhecimento ainda aos líderes empresariais que receberam o Prêmio Destaque do Ano. Foram eles: Sidney Klajner, Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central do Brasil; e Tânia Cosentino, Presidente da Microsoft Brasil.
Pandemia – Sidney Klajner foi o primeiro homenageado da noite e abordou as iniciativas realizadas em um ano de pandemia. “Nossas ações contra o novo coronavírus começaram antes do diagnóstico do primeiro caso da América Latina, realizado no Einstein. Desde janeiro, iniciamos o preparo de nossos hospitais para enfrentar o vírus. Realizamos reuniões diárias para acompanhar a evolução da pandemia no mundo e, depois, no Brasil. Às vezes, nos reuníamos mais de uma vez ao dia para tomarmos decisões de forma a prestar a melhor assistência, produzir e levar conhecimento à população, ofertar infraestrutura, tecnologia, investimento financeiro e outros recursos para amenizar os efeitos da pandemia no Brasil todo”.
Fazendo uma recapitulação do que foi o ano, Roberto Campos Neto foi o segundo homenageado do Destaques do Ano e contou um pouco das ações do Banco Central em meio à pandemia. “Antes do Covid-19, entendemos que estávamos muito perto de entrar em um ciclo virtuoso da economia. Fomos surpreendidos pela crise, e entendemos que ela seria severa, fazendo uma liberação de liquidez no começo de março”.
Entre as medidas realizadas pelo BC em meio à crise foi a redução dos juros, liberação de liquidez e capital no mercado, além de vários programas de crédito a empresas e direcionado ao cidadão e a setores específicos, entre outros. “Tínhamos o objetivo de manter o sistema líquido e capitalizado para enfrentar a crise e ter certeza que o mercado de capitais estava funcionando de forma apropriada, e direcionamos o dinheiro a setores que entendemos que eram importantes naquele momento”.
Roberto Campos citou novos instrumentos que foram aprovados naquele momento e programas direcionados a setores específicos que tinham problemas mais estruturais, ainda com muito foco em pequenas e médias empresas, além de programas para o microempreendedor. Nesse período, ele destaca o crescimento de crédito na ordem de 27,5%. “Ao comparar as diversas performances e tipos de recuperação da pandemia, entendemos que os países que tiveram crescimento de crédito se recuperaram de forma mais rápida e robusta”.
Digitalização – Roberto Campos também destacou o período de digitalização do sistema financeiro e da ciência, produção e análise de dados que está ocorrendo no Brasil. “Isso tem sido importante para o mercado financeiro. Vemos no mundo uma integração que começa ser mais perceptível pelos bancos centrais e reguladores por meio de uma mesma vertical, o que acelera a produção de dados”.
Ele citou três grandes projetos no âmbito digital, como o Pix que, segundo Roberto, já tem mais de 6 milhões de chaves cadastradas e está em um ritmo acelerado de novas chaves sendo criadas. “O Pix faz com que o custo operacional das empresas caiam, bem como o custo para as pessoas e novos modelos de negócios. É um grande processo de inovação que trará vantagem ao empreendedor e ao consumidor”.
O open banking foi outro projeto de digitalização citado por Roberto Campos, permitindo que pessoas utilizem seus dados em benefício próprio para adquirir produtos. Ele citou ainda o projeto de transformação da moeda. “Entendemos que dá para avançar na simplificação, internacionalização e fazer uma moeda conversível. Todos esses três pontos culminam em ter uma moeda digital”, complementou.
Roberto Campos mencionou ainda o projeto do Banco Central para transformar ativos reduzindo custo através de uma tecnologia mais moderna. Ele destacou entre outros temas dessa agenda as fintechs, o estímulo do crédito via cooperativismo e o microcrédito. “De forma geral, a tecnologia gera um aumento na democratização e na competição do sistema financeiro, fazendo com que haja uma intermediação mais robusta, barata e eficiente para as pessoas e as empresas”.
Empoderamento – A terceira homenageada da noite, Tânia Cosentino, destacou que tecnologia empodera e democratiza, reduzindo as desigualdades. “Eu acredito que a tecnologia pode endereçar inúmeros desafios sociais, ambientais e de governança dentro das nossa empresas”. Ela destacou o desafio do home office que as empresas tiveram que enfrentar este ano, tendo o apoio da tecnologia para garantir a sustentabilidade dos negócios com ferramentas que permitem a colaboração, continuidade e produtividade com segurança. “Habilitamos milhões de brasileiros e brasileiras através da nossa tecnologia”.
Ela citou o trabalho feito pela Microsoft com doações para habilitar o trabalho remoto de agentes públicos, além de ajudar a linha de frente com o empoderamento de hospitais através de teleatendimento; no âmbito educacional, com ensino à distância; e no consumo, conectando o consumidor através de dados. “A tecnologia transforma e acelera a retomada do crescimento econômico brasileiro. Trabalhamos forte nesse momento de crise como uma resposta à pandemia, e agora estamos colocando a tecnologia a serviço da recuperação econômica”, ressaltou Tânia.
Agenda 2021 – Durante a cerimônia, foi apresentado levantamento feito pela Deloitte com perspectivas de representantes de empresas para o próximo ano quanto à recuperação e à sustentação de seus negócios, no contexto pós-crise da Covid-19. João Gumiero, sócio-líder de market development da Deloitte, apresentou os resultados com base em uma amostra de mais de 663 empresas ouvidas que, juntas, somam receitas de R$ 1,2 trilhão.
A pesquisa “Agenda 2021” aponta que 42% dos executivos das companhias acreditam que a atividade econômica do Brasil em 2021 ficará igual ao nível pré-crise; enquanto 18% acreditam que será superior; e 37% dizem que a economia terá queda.
Os executivos relataram uma recuperação importante do negócio, mas há uma preocupação das empresas com a capacidade de geração do valor. A pesquisa aponta ainda que o quadro de funcionários das empresas aumentou em 44% e os postos de trabalho perdidos serão recompostos. Além disso, mais da metade das empresas ampliou investimentos em infraestrutura tecnológica, eliminando barreiras da transformação.
Por outro lado, apenas 38% das empresas se consideram preparadas para atender a todos os requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para 2021, a pesquisa mostra que os investimentos serão moderados. Câmbio, inflação e juros e as incertezas na geração de receita e riscos operacionais são os maiores entraves para criação de novos projetos de expansão nas empresas. A pesquisa apontou ainda que um número considerável de empresas querem abrir capital em 2021.
Painel de CEOs – Para discutir o momento de crise e as perspectivas para 2021, foi realizado um painel com CEOs das empresas finalistas ao Prêmio, comandado por Altair Rossato, CEO da Deloitte, e com participação de Fernando Yunes, CEO do Mercado Livre, e João Paulo Ferreira, CEO da Natura &Co.
Eles apontaram que entre os legados deixados pela pandemia está o fato das decisões serem mais ágeis, com times que aprenderam a trabalhar de forma remota. “O e-commerce, as mídias sociais e tudo ligado ao digital teve uma aceleração forte, e é um legado perene que tende a permanecer”, disse Fernando.
João Paulo Ferreira destacou que a atuação diante de posicionamentos e crenças socioambientais também é algo que deve permanecer. Segundo ele, um dos aspectos mais notáveis da pandemia foi escancarar os desequilíbrios que existem no mundo, e a sociedade começa demandar uma mudança de comportamento antes de qualquer coisa. “Nesse sentido, devemos tentar contribuir com a sociedade como uma entidade privada, indo além de todos os nossos limites”, disse.
Entre as perspectivas para recuperação de negócios foi apontada uma visão moderada com crescimento do PIB para 2021, sendo que o crescimento do consumo deve ser de 6% a 8%, disse Fernando. “O e-commerce tem uma penetração na casa de 10,5%, dobrando em relação ao que era antes da pandemia”.
Já João Paulo citou que ainda há desequilíbrio fiscal e desemprego que impedem uma visão mais otimista para 2021. “As empresas terão outro ano difícil, e aquelas que executam a habilidade de se reinventar com criatividade e flexibilidade devem estar posicionadas para continuar fazendo a mesma coisa em 2021 e ganhar terreno”.