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Atenção: Lembramos que as opiniões expressadas nesta matéria são de inteira responsabilidade do palestrante e não devem ser confundidas com o posicionamento do IBEF SP.
Vitória de Marina Silva mostra-se resultado mais provável, afirma ex-ministro
O ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, analisou os impactos que cada um dos três principais candidatos à presidência teria na economia, caso fosse eleito. A palestra aconteceu no último dia do CFO Forum, evento anula realizado pelo IBEF SP em parceria com a IBM. Durante os dias 30 e 31 de agosto, o evento apresentou aos líderes de finanças tendências no mundo da tecnologia e dos negócios.
Calculando a vitória de Marina Silva (PSB) como resultado mais provável das urnas no final de outubro, Mailson da Nóbrega afirmou que o principal risco da candidata, caso eleita, seria a formação de um governo minoritário. Neste cenário, seria incapaz de levar as reformas necessárias adiante ao enfrentar a resistência das bancadas do Congresso Nacional.
Por isso, fazer alianças para montar uma coalização de governo seria o caminho mais viável para Marina.
Probabilidades
Nóbrega destacou que esta campanha eleitoral é a mais complexa e competitiva desde 2002. Seria também, o pleito mais imprevisível desde 1989, quando Collor e Lula disputaram a vaga presidencial no segundo turno.
Segundo o economista, a probabilidade de vitória estaria distribuída em: Marina Silva (60%), Dilma Rousseff (30%) e Aécio Neves (30%).
Jogam contra Dilma (PT) a insegurança gerada pelo aumento do desemprego no futuro, a queda na avaliação do governo e a elevada rejeição ao Partido dos Trabalhadores.
Contra Aécio (PSDB), o pouco tempo de propaganda eleitoral na TV e a virada de Marina Silva na corrida eleitoral, após a morte do então cabeça de chapa do PSB, Eduardo Campos. O crescimento de Marina nas pesquisas poderá secar as doações de campanha para o candidato tucano.
“Marina Silva é o maior fenômeno eleitoral desde a redemocratização. Ela consegue aliar o efeito de três ondas poderosas e surfar nelas”
As três ondas são:
– Rejeição da classe política. “A classe média está cansada e revoltada com os políticos, especialmente depois do governo do PT. Ficou a imagem de políticos cara de pau, descompromissados com o povo.”
-Sentimento “anti PT”. “O partido está desgastado e sofreu os efeitos negativos de escândalos como o mensalão. Hoje o partido possui poucos candidatos com chance real de vencer a disputa pelos governos estaduais.”
– Emoção. “É a onda de menor impacto, mas ainda há comoção com o desastre que vitimou Eduardo Campos.”
A desilusão com a classe política forma o ambiente para a construção de uma utopia, explicou Nóbrega. O eleitor quer alguém com credibilidade que diga que as coisas vão mudar. “Marina usa essa frase da ‘nova política’, que não negociará com a política tradicional, o que é poderoso para angariar simpatia eleitoral.”
A utopia se materializa em votos se o eleitor identificar essa promessa com alguém que tenha, aparentemente, a capacidade para atendê-la.
Um caso semelhante na história brasileira foi a eleição de Fernando Collor de Melo, em 1989, cujo lema de campanha era o de “caçador de marajás”.
Cenários para o próximo governo
Nóbrega projetou os cenários mais prováveis no caso da vitória de cada um dos três principais candidatos.
Dilma Rousseff
O segundo mandato da atual presidente seria “mais do mesmo”, afirmou o economista. O Brasil poderia perder grau de investimento por problemas fiscais e de crescimento. Um ponto positivo seria a continuidade do modelo de concessões na área de infraestrutura. No entanto, o crescimento do PIB continuaria em marcha lenta: a média atual do governo Dilma é de 1,6%; no final do próximo mandato seria de 2%.
Marina Silva
Uma vitória da candidata do PSB poderia trazer o retorno da gestão macroeconômica responsável. Uma de suas propostas é a independência formal do Banco Central, o que ajudaria a restaurar a confiança do mercado. Nóbrega ressalta que um governo minoritário seria pouco eficaz em reformas. No entanto, se Marina conseguir alinhavar um governo majoritário (fruto de uma eventual aliança com o PSDB), ao final de seu mandato o país alcançaria uma taxa de crescimento superior a 3%.
Aécio Neves
Se o candidato do PSDB for eleito, o cenário mais provável é de retorno à gestão macroeconômica responsável, com o economista Armínio Fraga na presidência do Banco Central. Com um partido forte, Neves alcançaria uma coalização majoritária, o que aumentaria as chances do governo fazer reformas. Tudo isso contribuiria para restaurar a confiança do mercado e impulsionar o crescimento do país.
Independente de quem seja o próximo chefe de governo, não há razão para o temor de que o país venha a enfrentar uma crise semelhante a da Argentina ou da Venezuela.
“O Brasil possui um conjunto de instituições fortes, que inibem a continuidade do populismo”
O risco para o futuro do país, no entanto, seria continuar fazendo escolhas ruins. “Elas podem não se perpetuar, mas resultarão em perda de oportunidades e baixo crescimento.”
Encerrando com uma mensagem positiva, o ex-ministro disse que não há razão para a falta de otimismo em relação ao futuro. E aconselhou: “Os empresários deverão se preparar para uma mudança de cenário”.