Getting your Trinity Audio player ready...
|
Como as novas metodologias ágeis modificarão as organizações e as carreiras foi o tema central do último encontro do IBEF Mulher, realizado no dia 28 de novembro. Com participação de Irene Azevedo, diretora de transição de carreira e gestão da mudança na Lee Hecht Harrison (LHH); Alexandre Benedetti, sócio e gerente geral na Talenses; e André Felippa, CEO da Felippa Consulting, o evento foi conduzido pela líder do grupo, Maria José De Mula Cury, que também é sócia da PwC Brasil. “Esse é um assunto extremamente interessante e atual para os profissionais em diversas áreas, em especial para as áreas de finanças”, disse. Em seguida, agradeceu o patrocínio da LHH, aos mantenedores e membros corporativos do IBEF-SP.
Irene Azevedo, que mediou o debate, falou um pouco sobre a LHH, que atua na área de transição de carreiras. “Ajudamos pessoas a se colocarem no mercado da melhor maneira possível. Desenvolvemos talentos, liderança. Levamos em consideração que o futuro nunca foi tão incerto como agora, mas o mercado de trabalho não será, daqui cinco anos, como estamos vendo atualmente, e por isso buscamos trazer competências que ajudem os profissionais a enfrentarem os desafios, como agilidade para mudar de rumo, adaptação, coragem para tomar riscos, e muita resiliência”, contou. Para isso, Irene ressaltou que novas metodologias precisam ser levadas em conta, pois tudo nas organizações se transforma.
Metodologia Agile – Com o tema A Transformação Agile, Uma Jornada Necessária, André Felippa realizou uma apresentação sobre transformação. Ele apresentou o contexto da metodologia Agile. “É uma cultura, um mindset. Precisamos de pessoa focadas em autogestão”, destacou. O Agile surgiu em 2001, buscando acelerar o desenvolvimento e reduzir falhas, adaptando o processo de projetos ao longo do caminho. “Hoje, mais de 90% das empresas de TI usam Agile, e agora outras áreas estão adotando os princípios. A principal premissa é dividir para compartilhar”, disse. Ele comparou ainda com a metodologia tradicional Waterfall, na qual o processo é visto como um fluir constante para frente através das fases de análise de requisitos, projeto, implementação, testes, integração, e manutenção.
Entre os valores do Agile está a interação entre indivíduos. “Isso é mais importante que processo ou ferramenta. Um produto funcionando é melhor que uma documentação extensa”, explicou Felippa. “O Agile serve para mudar uma empresa, uma área. Para finanças, orçamento, por exemplo, é uma área interessante”, destacou. Ele disse ainda que metodologias precisam de transparência entre equipes, e nas lideranças. “Engajamento é fundamental. No modelo tradicional, o brief não se altera, e no Agile é preciso checar frequentemente com o cliente para ir ajustando”.
Agile em finanças – Para estender a metodologia para a área de finanças, Felippa destacou que é preciso partir para processos mais transacionais, com reporting e analytics. “Processos mais transnacionais tendem a ir para automação. No caso de analytics, precisa ser mais estratégico e flexível. É preciso também reconhecer que isso gera impacto imediato na cultura organizacional. Não se deve mudar apenas processos sem mexer na empresa como um todo. Interação entre indivíduos, produto funcionando com colaboração com cliente, e respostas às mudanças são os principais princípios do manifesto Agile”, complementou.
Estrutura da área de finanças – Alexandre Benedetti, sócio e gerente geral na Talenses, apresentou uma estrutura clássica de finanças, que contém back office, middle office e front office. “É um ponto em que a gente pode trabalhar. Back office é mais transacional, e portanto, mais conectada ao business“. Há ainda quatro pilares do comportamento da área de finanças destacados por Benedetti: suporte estratégico e viabilizador de negócio; transparência e acuracidade na informação gerencial; gestão de riscos e eficiência; inovação e tecnologia.
Ele levou ainda um recorte de uma pesquisa sobre transformação e futuro digital, em que foram feitas perguntas para mais de 500 empresas. Uma delas foi sobre as áreas que mais demandam contratação: TI, finanças, logística e jurídico. “Isso significa que a área de finanças precisa correr. Ter profissionais digitais e um mindset, não apenas conhecimento sobre metodologias”, concluiu. A pesquisa apontou ainda que na hora de contratação, a maior dificuldade de preencher as áreas são em termos gerenciais e especialistas. “Como encontrar um time adequado para ajudar na técnica, com conhecimento e bagagem?”, questionou.
Por fim, Benedetti apresentou os resultados de uma pesquisa do IBEF-SP, que aponta que as principais competências do profissional de finanças são capacidade de liderança, suporte ao negócio, poder de comunicação e compliance de ética.
Debate – Os palestrantes e participantes do evento discutiram, ao final, sobre como seria a implantação da metodologia Agile em suas empresas e a mudança de cultura que ainda precisa ocorrer para isso. “É preciso mostrar concorrências e mostrar também os benefícios da implementação de uma metodologia Agile. Além disso, oferecer o treinamento para toda a hierarquia. A adesão fica bem mais fácil após essas etapas”, disse.
Alexandre Benedetti ressaltou que há hoje um modelo de trabalho mais flexível, mas na área de finanças, a cabeça do CFO é mais linear. “O primeiro desafio é pensar de maneira não tão linear, e sim em resultado, impacto de estratégia e business“. O questionamento foi sobre o quanto o CFO precisa deixar de pensar linearmente e combinar outros dados para ter uma visão mais ampla do negócio. “A quantidade de dados dificulta um pouco as decisões. A inteligência artificial vem a ajudar nas correlações para que os executivos comecem a tomar decisões mais assertivas”.
Irene Azevedo ressaltou que é preciso mudar a maneira de pensar em trabalho e em organizações. “Mudanças eram mais lentas no passado, e hoje tudo pode se alterar em um dia. As reuniões diárias se fazem necessárias, pois projetos podem se modificar mesmo”. Porém, o grupo questionou a necessidade de mudança de mindset do financeiro, enfatizando que empresas devem querer mudar processos. Participantes do evento compartilharam suas experiências, e inclusive dificuldades, pois a área de finanças é muito impactada por mudanças nas decisões.
“Precisamos estar preparados para o novo momento das organizações. Seremos peças de xadrez que vão se movimentar. Empresas estão reestruturando seus negócios, e a oportunidades nas organizações estão de acordo com skills das pessoas”, ressaltou Irene. Ela disse ainda que a comunicação é chave em todos os processos, principalmente no papel da liderança.
Maria José Cury concluiu que o desafio é a forma de impactar ou fazer com que a organização e o profissional entenda a necessidade de se transformar, ou será transformado.