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Com a economia ainda instável, profissionais que pretendem trocar de trabalho ou que buscam uma recolocação querem saber qual é o perfil de executivos de finanças mais demandados pelas empresas e como ocorrem as seleções de uma maneira geral. Para obter respostas para essas e outras perguntas, a Comissão Técnica de Controladoria e Contabilidade convidou, no dia 13 de junho, Tomás Jafet, Partner na EXEC – Executive Performance, empresa especializada em recrutamento e seleção. Ele atua na busca por profissionais de finanças há sete anos.
Sobre a avaliação dos headhunters durante os processos de seleção, Jafet aconselha: “Não omitam informações do currículo, pois omissão e mentira estão próximas e os recrutadores têm a capacidade de descobrir”. A recomendação vale não apenas para esconder a curta passagem de tempo em uma empresa ou a ocorrência de desemprego, mas também para os profissionais muito bem formados que encontram dificuldades na recolocação. “Não tirem qualificações. Mais cedo ou mais tarde, podem descobrir, e isso não é bom. A única coisa que pedimos é que o currículo não tenha cinco páginas. Tente exercitar o poder de síntese e resumir em duas ou três páginas”.
O conselho no cuidado na divulgação de informações também vale para sites como o LinkedIn. O executivo recomenda que as pessoas mantenham a ferramenta atualizada e com informações bem redigidas, ainda que não esteja em busca de uma posição.
“Seja o mais honesto possível sobre quem você é. Para os profissionais mais experientes, não precisa manter informações desde a época em que era trainee”, explica Jafet, ao informar que as referências ou recomendações ali colocadas não têm peso, pois é feita uma checagem por telefone ou e-mail com as pessoas indicadas, com perguntas que podem desmascarar recomendações negociadas ou forjadas. “É importante ter cuidado com as outras redes sociais, pois há headhunters que fazem esse tipo de checagem”.
Restrições com idade diminuem –Questionado sobre as barreiras colocadas aos profissionais com mais de 40 anos no mercado brasileiro, Jafet diz que isso depende da cultura da empresa. “Sabemos que há companhias em que o ritmo de trabalho exigido, como ficar até de madrugada trabalhando, não seria bem aceito pelos profissionais mais experientes. Por essa razão, algumas preferem não arriscar em uma contratação errada. Além disso, boa parte dos recém-formados em universidades de primeira linha e que falam inglês vão topar esse ritmo de trabalhar até às 3 horas da manhã”.
Contudo, Jafet diz que o cenário está mudando, pois os jovens da atualidade não estão tão preocupados com o patrimônio como as gerações anteriores. Eles importam-se mais com o impacto que a empresa gera ao planeta e não estão dispostos a tanto sacrifício. Por essa razão, muitas multinacionais valorizam a experiência e não querem colaboradores com 20 anos de idade.
Jafet reconhece algumas mudanças no mercado. “As Big Four sempre foram um celeiro de profissionais, que viram controllers em grandes companhias. Mas, em função da alta demanda por profissionais há alguns anos, o perfil dos profissionais mudou. Antes os seniores tinham mais de 30 anos. Agora, há gerentes com 25 anos”.
Há empresas que já exigem uma cota de mulheres e chegam a descartar currículos de homens, ainda que mais bem qualificados, diz Jafet. Ele lembra que a idade é algo relativo, pois há executivos que chegam ao topo da carreira aos 60 anos. “Tudo depende das escolhas feitas ao longo da carreira”.
Conhecer perfil da empresa é importante – Os profissionais também precisam estar atentos, observa Jafet. “Não cabe ingenuidade neste momento, pois hoje as empresas também estão expostas em sites como Glassdoor, Love Mondays, entre outros. Entrar inocentemente em uma empresa sem analisar é um risco”, aconselha.
O headhunter lembra que a nacionalidade da empresa influencia muito na sua cultura e algumas tendem a padronizar um DNA de seus colaboradores. “Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que os setores econômicos têm ciclos diferentes e também exigem habilidades diferentes”.
Qualidades valorizadas pelos recrutadores – Um MBA em uma das 30 melhores instituições de ensino listadas no Financial Times tem uma valorização gigantesca, de acordo com Jafet. Segundo ele, outra característica importante é a oratória, que é mais demandada à medida que o profissional cresce na carreira.
Os soft skills ganham mais importância à medida que o executivo cresce na carreira e passa a lidar com questões mais políticas, relacionamento interno, gestão de pessoas, etc. “Esse tipo de competência, entretanto, é difícil moldar pois está muito relacionado a natureza da pessoa. Você não ensina alguém a ser carismático”.
O executivo aconselha que os profissionais atuem em empresas de diferentes atividades econômicas. “Sabemos que não é simples um profissional que atuou a carreira inteira na área de tecnologia ir para uma empresa de agronegócio, por exemplo. Mas há setores com mais compatibilidade, como tecnologia e e-commerce. No processo de recrutamento, fala-se muito em oxigenação, pois as empresas estão mais abertas a mudanças. O fato é que quanto mais você diversificar a sua carreira, melhor será para você”, conclui Jafet.
(Reportagem: Renata Passos)