Para associados / Portal

Somos o maior Instituto de Finanças do Brasil

O controller como parceiro do negócio

Getting your Trinity Audio player ready...

Seminário de Controladoria destaca novas competências do executivo financeiro.

Fotos: Mario Palhares/IBEF SP

“O mundo está mudando bem rápido. Será que estamos preparados para o que vem por aí? ”, questionou Rogério Menezes, diretor financeiro da AkzoNobel PPC, para a plateia de executivos que encheu o auditório do edifício Spazio JK, sede do IBEF SP, na terça-feira (18). Palestrante do Seminário de Controladoria, Menezes discutiu o tema “O controller como business partner”.

“É um tema que gosto bastante e é bem atual”, disse na abertura do evento Tamara Dzule, líder da Comissão de Controladoria e Contabilidade do IBEF SP. Tamara é business controller e trabalha com Rogério Menezes na divisão Pulp and Performance Chemicals da AkzoNobel. “Eu e o Rogério trabalhamos juntos há quatro anos e tenho certeza que ele vai trazer exemplos para vocês pensarem fora da caixa”, ressaltou a líder.

Conhecimento do negócio

No início da apresentação, Rogério Menezes ressaltou que para se tornar efetivamente um parceiro do negócio, o executivo financeiro deve evoluir sua atuação dos bastidores (coleta de dados, reporte, análise) para o palco principal, onde as decisões importantes são tomadas. Ele deve gerar impacto, influenciando o negócio e agregando valor, de fato, às discussões.

No entanto, para fazer essa travessia das habilidades quantitativas para as qualitativas é necessário sair da zona conforto e desenvolver novas competências.

Conhecer profundamente o negócio (business understanding) é condição absolutamente mandatória, enfatizou Menezes. O profissional não deve ter medo de fazer perguntas e estar sempre disposto a aprender mais sobre a indústria em que trabalha e as áreas (internas e externas) com as quais se relaciona.

“Eu não consigo visualizar um controller que tenha a ambição de falar em partnering, ou agir dessa maneira, se ele realmente não conhece o negócio.”

 

 

Puxar a responsabilidade para si (take the ownership) é outra qualidade essencial. O profissional que tem um mindset econômico, combinado a uma boa visão comercial e a visão de custos, é aquele que gera a boa parceria e, por consequência, melhores resultados para a companhia.

Networking e soft skills

Mas não é só isso. Networking também é extremamente importante. Menezes trouxe uma definição interessante para esse conceito: “networking é a arte de ser interessante sem ser interesseiro”.

“Quando falo de networking, é cultivar o relacionamento dentro do trabalho (interno) e fora dele, no dia a dia. Muita gente esquece disso e vai buscar networking quando acontece algum problema na carreira. Mas networking se planta antes: na empresa e fora dela. (…) É isso o que faz a diferença para a gente agir como parceiro do negócio também”.

A habilidade para interagir é fundamental: tanto com o negócio – participando das atividades da empresa, fomentando e se fazendo presente no dia a dia – quanto com as pessoas, comunicando-se permanentemente com os profissionais das outras áreas.

A essa qualidade somam-se muitas outras a serem desenvolvidas pelo candidato a   business partner: fazer as perguntas certas para obter insights; saber gerenciar diferenças; construir relacionamentos e mantê-los; escutar o outro; conhecer as métricas e os KPIs estratégicos para as várias áreas da empresa; compreender quais são os leading indicators do negócio na visão da diretoria executiva; saber analisar tendências e os seus impactos na estratégia da empresa.

“Se você quer ser o copiloto do negócio, não adianta olhar apenas pelo retrovisor. Agrega valor quem olha para a frente e percebe as tendências.”

 

 

Além de uma sólida fundamentação em finanças e de especialização em sua área de atuação, o “pacote” de habilidades do business partner envolve também soft skills.

Entre as soft skills mais importantes, Menezes destacou: comunicação, conhecimento do negócio, liderança, capacidade de motivar a equipe, gerenciamento do stress (habilidade de absorver as pressões e não se tornar um mero “repassador” de stress para os outros), gerenciamento correto do tempo, habilidade para treinar outras pessoas e trabalhar bem em equipe.

“A formação técnica é perfeita para conseguir o trabalho. Mas, ao longo da carreira, é o soft skill que faz a diferença”, destacou o executivo. “Normalmente, você é contratado pelo seu QI e despedido pelo seu QE (inteligência emocional) ”, completou, arrancando risos da plateia.

O novo perfil do controller

Segundo Rogério Menezes, isso é um alerta para os profissionais. “Porque não é fácil encontrar gente que de fato aplica isso no dia a dia. E o segredo do sucesso está aqui: trabalhar em equipe, conhecer de tudo um pouco, saber inter-relacionar as partes, ser o mindset econômico da empresa, ser visto e respeitado pela equipe fora de sua área como aquele que verdadeiramente contribui e agrega”, observou o diretor financeiro.

“Se você não contribui, o que vai acontecer basicamente é o seguinte: não vão te chamar para  reuniões, você vai ficar de fora de vários projetos, vai ter fofoca no corredor a seu respeito, vão falar pelas suas costas que você não entende de nada do negócio”, alertou.

Em um mundo cada vez mais complexo, lidar com a multiplicidade de variáveis que estão surgindo exige um novo skill por parte do executivo de finanças.

O novo perfil exigido para o controller – já uma realidade no cenário internacional – engloba, em resumo, as seguintes competências: base sólida em finanças; especialização; globalization package (domínio do idioma inglês e adicionalmente outro idioma estrangeiro); bom relacionamento interpessoal e soft skills; business acumen (rápida compreensão e tomada de decisão sobre o negócio) e cross-business skill – maior experiência em relação a outras áreas e a outros tipos de negócio. “Esse é o grande perfil”, arrematou Menezes.

A opinião de quem foi ao evento

“Eu diria que apenas  5% das empresas no Brasil estão alertas ou atentas ao tema do controller como business partner. Essa é uma iniciativa de vanguarda e desafiadora; de quebra de paradigma”, dito por Edison Henriques, professor de liderança, team building e change management da Business School São Paulo.

O que mais me chamou atenção foram os aspectos que são mais incomuns na formação do profissional de Controladoria: toda a parte de soft skills. O comportamento humano, interagir com os outros e agregar, sempre com uma base técnica muito forte”, dito por Adriano Zan, controller corporativo da Monsanto Brasil.

“Costumo falar para a minha equipe que a inovação não fica só em pesquisa e desenvolvimento, em cima dos produtos; ela recai sobre todos os departamentos, inclusive Controladoria”, dito por Leandro Yoritomi, controller para a América do Sul da AkzoNobel, divisão de tintas em pó.

“Antigamente o controller era mais voltado para questões contábeis, fiscais, controles internos… era um trabalho de natureza mais burocrática. Hoje o controller está voltado para o apoio à direção da empresa e aos negócios. Foi uma transformação importante”, dito por Rubens Andre Bueno, consultor com 45 anos de experiência na área financeira, dos quais 25 foram como controller.

“Hoje a Controladoria é vista como um instrumento de geração de informação para a tomada de decisões”, dito por Alessandra Kardouss, controller da BM&FBovespa.

“As áreas da nossa companhia não vivem hoje sem um controller específico para cada uma. Ele é quem de fato viabiliza as decisões de cada área”, dito por Diego Borghi, CFO da Safilo Brasil.

“Hoje a figura do controller atua como uma bússola dentro da empresa na busca do norte, que é o objetivo de médio e longo prazo sustentável”, dito por Carlos Braga, vice-presidente financeiro da Artesia Gestão de Recursos.

“O mais importante é a mensagem que o Rogério trouxe sobre a transformação dessa função, que pode se acomodar, se colocar na zona de conforto, mas não vai cumprir o papel que é cada vez mais esperado pelas empresas”, dito por Marcelo Giugliano, executivo financeiro.

“O ponto da estratégia e da colaboração com a estratégia por parte do diretor financeiro é muito importante”, dito por Luis Henrique Figueira, diretor financeiro da TecTotal.

Exclusivo! Ouça todas as entrevistas na playlist do IBEF SP no SoundCloud

Para Associados

Para ter acesso ao demais conteúdos, você precisa ser Associado IBEF-SP

Pular para o conteúdo