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A gestão de risco é considerada uma atividade relativamente nova no mercado: a demanda por profissionais da área apenas começou. Segundo especialistas, a maioria dos executivos vem do setor de Auditoria e trabalha, principalmente, de olho no comportamento das áreas comerciais e financeiras de médias e grandes empresas. Na prática, medem e mapeiam riscos, para que as melhores decisões sejam tomadas pela diretoria. Esse perfil de profissional agora começa a ter destaque nas corporações. A ele, caberá a minimização dos riscos e o aumento da rentabilidade em um cenário diferente, em que as instituições estão mais vigiadas e o resultado fácil deixa de ser uma realidade. Além de seguir as exigências do mercado, apresentar uma área de Riscos e Gestão de Controles com profissionais qualificados significa ganhar agilidade, transparência de comunicação, otimização de processos, clareza e precisão e, consequentemente, competitividade. As grandes corporações que se adiantaram a esse evento passarão a agregar valor na hora de conquistar seu cliente. Gestão de riscos e governança corporativa andarão intrinsecamente associadas.
Segundo um especialista na contratação de executivos na prática de serviços de finanças, “o executivo financeiro terá responsabilidade direta pela gestão de riscos, agindo com independência e senioridade compatíveis às dos executivos que assumem tais riscos, de modo que possa argumentar e contrapor cenários e avaliações na tomada de decisões relevantes, barrar operações fora dos limites estabelecidos, sugerir a reversão de posições e reportar para o conselho o resultado do monitoramento sistemático de riscos aos quais a empresa se expõe. O conselho deve ter em sua pauta regular de discussão a avaliação de riscos das empresas e os conselheiros devem ter conhecimento e discernimento sobre gestão de riscos. O caminho é capacitar as estruturas de governança, de gestão e de controle com profissionais com experiência e conhecimento sobre modernas práticas de gestão de riscos”. Apesar dos progressos mais recentes, a gestão de riscos operacionais ainda não faz parte das prioridades de conselheiros e administradores. Infelizmente, muitos ainda consideram que a gestão de risco está relacionada somente a riscos financeiros ou fraude, ignorando os riscos a que seus negócios estão expostos e que podem ter impacto decisivo no posicionamento de mercado e no futuro de suas organizações.
Já em decorrência dos escândalos do mercado de derivativos, as instituições de capital aberto passaram a seguir as determinações da Sarbanes-Oxley de perto, com total transparência na divulgação de informações ao mercado. Na nova configuração do cenário pós-crise, bancos como Bradesco, Unibanco e Itaú juntaram-se a outros estrangeiros que assinaram os Princípios do Equador, passando a se comprometer a respeitar um conjunto de critérios socioambientais e de responsabilidade social. Para liderar essas transformações e entender as novas regras, as empresas precisam se atualizar e escolher um time de profissionais qualificados e até especializados.
Como essas funções ganharam importância na corporação, o nível de exigência também aumentou para o executivo dessa área. Em muitas empresas, criou-se a função de CRO (Chief Risk Officer). A posição de CRO exige uma série de requisitos que envolvem a integração das análises de riscos de mercado, de crédito e operacional. A experiência desse profissional considera tanto o perfil técnico quanto a visão detalhada de cada uma das áreas sob sua influência. Como gestor, deve apresentar uma visão macro – econômica, social e política – da região e do país onde atua. Nas empresas que optaram por não ter um CRO propriamente dito, o controller, que deve reunir as características devidas, passou a exercer essa função e ganhou mais importância na estrutura corporativa.
Para alcançar essa posição nas corporações, esse profissional deve ampliar sua visão para o cenário externo, sem deixar de dar atenção às estratégias internas. Além disso, deve certificar-se de que os acordos estão sendo respeitados e registrados conforme determinam as regras (conformidade). Esses especialistas têm o papel de agregar conhecimento de outras áreas, como a jurídica, tecnológica e ambiental, ou mesmo das diferentes áreas financeiras.
Cabe então lembrá-los que as perdas com derivativos, um evento de risco de mercado (risco resultante de variações em taxas de juros, câmbio, preços de commodities e cotação de ações), foram provocadas por falhas de controles internos e por desvios na governança corporativa, isto é, conforme o entendimento do Comitê da Basileia, problemas de risco operacional. Esse risco originou o risco de mercado, que por sua vez levou ao risco de liquidez, ao risco de imagem e, por fim, ao risco estratégico, no caso da Sadia concretizado com a venda da empresa. A experiência tem demonstrado por meio de vários exemplos que, sempre que a gestão de riscos de operacionais é falha ou negligenciada, ocorre destruição de valor, seja para os acionistas e investidores, seja para outros stakeholders, como funcionários, clientes e fornecedores.