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O importante é fazer o que gosta, diz a CFO Consumer LA da Johnson & Johnson

Joana Lopes foi a convidada do encontro de mentoring realizado pelo IBEF Jovem em 25 de abril. A executiva narrou um pouco da sua experiência profissional e contou o que aprendeu na sua trajetória nas empresas Unilever, Pernod Ricard, Whirlpool, Janssen e Johnson & Johnson, onde atua como CFO Consumer LA, desde fevereiro de 2016.
Joana é formada em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo e conta com MBA pela Universidade de Michigan.

Equilíbrio – “O mais importante é fazer o que gosta e cumprir a difícil tarefa de equilibrar a vida pessoal com a profissional”, diz uma das principais executivas da Johnson & Johnson na América Latina, que também é mãe de duas meninas, esposa e ainda gosta de viajar, dançar e cozinhar.

Antes de precisar conciliar esses papéis, Joana, quando estudante de engenharia, iniciou a sua carreira profissional. Depois de estagiar na Rhodia, Joana entrou para o programa de trainee da Unilever, época que em que os negócios da companhia no Brasil ainda eram separados. “Eu queria atuar na área de supply chain, mas falaram que eu tinha o perfil de finanças. Deu certo e nunca mais saí dessa área”.

A sua trajetória na empresa multinacional britânica-neerlandesa de bens de consumo durou 11 anos. Nesse período, a companhia possibilitou que ela fizesse o curso de MBA pela Universidade de Michigan. Estudou aqui, por videoconferência e professores vindo para o Brasil para dar aulas e só precisou ficar seis meses fora para concluir o curso. Na empresa, também fez muitos cursos, inclusive de autoconhecimento, o que a ajudou no desenvolvimento da sua carreira.

Na empresa, ela também vivenciou a consolidação dos negócios e a reorganização das plantas. “Passei a atuar numa função regional e a observar as diversidades dos países”, diz a executiva. Naquela mesma época, Joana saiu de licença por quatro meses para ter a sua primeira filha. Encantou-se com a maternidade, mas sabia que precisava de mais. “Eu necessito de desafios que me motivem a crescer e a pensar. Não seria uma boa mãe se não estivesse feliz no meu lado profissional. E, assim, eu aprendi a conciliar os papéis, apesar de não ser fácil em função dos horários de fechamentos na área de finanças e das viagens a trabalho”, explica Joana, que diz que as filhas estudam em horário integral, mas faz questão de levá-las ao médico e estar sempre presente. Na volta ao trabalho, passou a atuar em uma posição na área de finanças global, mais especificamente da marca de sabonetes Lux. “O desafio era ganhar escala global com o produto, revendo fórmulas, briefings de marketing, etc. E conectar os principais mercados da marca: Brasil, Thailandia, India e Alemanha”.

Quando questionada como conseguiu uma promoção na volta da licença maternidade, Joana explicou: “Acho que o reconhecimento é resultado da sua entrega, do quanto a gente agrega de valor ao negócio. E para isso é essencial você fazer o que gosta e ter aderência à cultura, aos valores da empresa, inclusive em relação à confiança na legalidade nas operações da companhia. Preciso saber se estou protegida e se estão fazendo a coisa certa. Você não se sustenta em uma carreira se você não estiver satisfeita”.

Joana reconhece que há machismo nas corporações, mas diz que na Unilever e na Johnson & Johnson há um quadro grande de mulheres e não sente tanto isso. “Ter uma participação proporcional de mulheres é o nível mais básico da diversidade. As grandes empresas sabem que a amplitude de perfis e o trabalho em grupo trazem ideias mais robustas para corporação”. Liderança – Na opinião da executiva, um líder tem que ter uma fortaleza interior e ser ele mesmo. “Os seus valores precisam estar alinhados ao da companhia e você precisa estar aprendendo constantemente. É preciso sempre colocar-se em uma situação de desconforto para ter um aprendizado contínuo”, aconselha. Foi com essa postura que, naquele momento, a executiva tornou-se a única diretora financeira da Unilever na América Latina.

Para Joana, é importante dar passos que possibilitem fortalecimento do aprendizado. Por isso, quando foi atuar na Pernod Ricard, conglomerado francês que atua no ramo de bebidas alcoólicas, resolveu desenvolver outras habilidades da área financeira. “Essa diversificação pode ocorrer dentro da própria empresa ou em outra companhia”.

Joana diz que, às vezes, é mais importante uma rotação lateral do que ir para um posto mais sênior. “Quanto mais sêniores, mas difícil é deslocar-se lateralmente na carreira. Portanto, é importante ganhar diferentes habilidades o mais cedo possível. Para um CFO, quanto mais experiências em áreas diferentes, melhor, pois é importante ter a visão do macro”.

Segundo a executiva, a maturidade ajuda a ter o entendimento do que está acontecendo. “Talvez em algum momento seja bom não aceitar uma posição, porque a próxima pode ser melhor”, declara Joana, ao lembrar que cada um traça os seus planos e é dono da própria carreira. “Há pessoas que gostam de aprofundar seus conhecimentos em uma área, tornando-se um especialista, e não há nada errado nisso”.

Autoconhecimento – Na opinião da executiva também é essencial desenvolver o autoconhecimento: “O que eu faço bem? O que eu não faço tão bem? Precisamos ter maturidade para saber escutar e pedir feedbacks. Esse canal de comunicação é o que possibilita o fortalecimento das pessoas. Com a informação, eu passo a ter clareza dos meus pontos fracos e crio um plano de ação para melhorar o que for necessário”.

Porém, ela diz que é importante não tomar como base apenas a informação do chefe ou de uma única pessoa. Perguntar para diferentes pessoas, de diferentes níveis entro da organização, é super importante para ter uma análise clara dos pontos a serem melhorados.

Segundo a CFO, nesse processo de autoconhecimento, você também descobre as suas potencialidades. E você sempre precisa ter cuidado no seu posicionamento e em não se tornar arrogante. “O fato é que ninguém conhece plenamente todas as áreas e sempre precisará do conhecimento dos outros”. Tão importante quanto conhecer as suas fortalezas é conhecer as suas fraquezas e ter gente competente nesses assuntos junto com você.

Antes de se tornar CFO da Consumer LA da Johnson & Johnson, Joana ocupou o cargo de diretora financeira da Janssen Brasil, empresa da área farmacêutica do grupo. “Como estava na Johnson & Johnson há pouco tempo, não achava que seria considerada para ocupar o cargo”, diz a executiva, ao recordar que surpreendeu-se ao ser promovida mesmo atuando em outra empresa do grupo. “Sou dedicada e já me ofereci para fazer trabalhos que estão fora do meu escopo”, declara a executiva, que está sempre alerta: “Mas também precisamos saber colocar freios nas demandas da empresa”, adverte.

IBEF Jovem
O IBEF SP promove encontros de mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. Agora, o IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com
(Reportagem: Renata Passos)

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