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Especialista destaca as características de uma área de RI de alto impacto – e por que a alta administração precisa estar engajada para fazer isso acontecer
“A maioria dos RIs do mercado não são estratégicos. E isso não é culpa do profissional de relações com investidores”, afirmou Helmut Bossert, na abertura do seminário sobre o tema, promovido pela Comissão de RI e Mercado de Capitais do IBEF-SP. O evento foi realizado em 26 de agosto, na sede do Instituto, com o patrocínio da SAP.
Profissional de RI responsável por algumas das aberturas de capital mais importantes do País, como a da Sabesp (2002) e a da Natura (2004), o sócio da Valor Partners destacou que falta ainda entendimento, por parte da alta administração das empresas, sobre o potencial da ferramenta de relações com investidores e a sua adequada utilização.
ÁREA DO ASSOCIADO: Acesse aqui a apresentação do palestrante
“A alta administração precisa compreender que é necessário utilizar cada vez mais o profissional de relações com investidores. E fazer com que ele traga para dentro da empresa as informações mais críticas que ajudarão a companhia a crescer, se desenvolver ou fazer algo diferente”, ressaltou Bossert, sobre a importância de ouvir o mercado.
Função estratégica – “O RI é a voz da empresa no mercado e a voz do mercado na empresa”, resumiu Bossert. Ele destacou que o RI estratégico faz com que o investidor fale – fornecendo à companhia um valioso ponto de vista externo sobre seu negócio e produtos. Contudo, essa tarefa desafiadora exige cautela e muita preparação por parte por parte do profissional.
“Conduzido de forma eficiente, o RI pode, no longo prazo, elevar o valor de mercado da companhia, enquanto reduz o custo de capital”, destacou Helmut Bossert, após apresentar o histórico sobre esta função corporativa estratégica, criada há cinco décadas, e que se desenvolveu para acompanhar o crescimento das empresas e o alto nível de exigência do mercado globalizado.
RI restrito x RI estratégico – O que diferencia o RI restrito de um RI de alto impacto (ou estratégico), destacou Helmut, é o uso da inteligência de RI. Essa inteligência opera como um “stent” que expande o fluxo de informações entre a alta administração (conselho de administração e diretoria executiva) e o mercado (ex: bancos, corretoras, firmas de asset management, agências de rating, BNDES).
Nas empresas em que o RI é restrito, a troca de informações entre a alta administração e o mercado é estreito, recheada de obstruções e com pouca interação, o que gera perdas de oportunidades. Por outro lado, nas empresas em que o RI possui uma posição estratégica, esse fluxo é expandido e consiste em uma via de mão dupla, que traz um saudável arejamento para o negócio.
“Se o RI não tem ligação e acesso direto e constante ao senior management da empresa, se existem barreiras na empresa que impeçam isso, alguma coisa está errada”, alertou o especialista.
Via de mão dupla – Helmut Bossert frisou que a inteligência de RI é uma via de mão dupla, e é por meio dela que o profissional de relações com investidores fará o processo de criação de valor e a redução do custo de capital para a empresa.
Segundo Bossert, o RI estratégico ajuda os administradores a entenderem a visão do mercado sobre os principais determinantes de valor para a companhia, e ajuda o mercado a entender a visão dos administradores sobre o mesmo tema. E mais que isso: ele age para vincular essas perspectivas.
O RI de alto impacto convence os administradores sobre a importância de ser previdente e objetivo. Também cria credibilidade e permite que o mercado precifique com precisão o valor das ações, destacou o palestrante.
Inteligência em RI – Helmut Bossert apresentou então alguns instrumentos de inteligência de RI que poderão facilitar esse fluxo de informações entre empresa e mercado, com destaque para: Perception Study (estudo sobre como o mercado percebe a empresa); Peer Analysis (análise de pares); CRM (identificação e classificação de cada perfil de investidor); Targeting (seleção e aprofundamento do conhecimento sobre o investidor que interessa para a companhia; vem com a bagagem do CRM), Non Deal Road Show e Investor Day. “Eu preciso de acionistas que entendam o meu negócio, e eu preciso entender o negócio dos meus futuros acionistas”, ressaltou Helmut Bossert.
Por meio de uma comunicação estratégica, o RI de alto impacto fornece informação de qualidade que eleva o interesse do mercado na companhia. E ao criar um mercado melhor informado, o RI motiva os analistas a acompanharem a empresa, estimula investidores a manterem ações, e gera confiança nos administradores e no RI.
“Faça a empresa perder dinheiro e serei compreensivo. Faça a empresa perder credibilidade e serei impiedoso”. A frase célebre de Warren Buffet, considerado o maior investidor de todos os tempos, foi mencionada por Helmut Bossert como mais um lembrete sobre a importância que a área de RI deve ter para a alta administração da companhia. “O RI atua nas empresas justamente para isso: para gerar credibilidade”.
(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)