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Open banking abre caminho para parcerias entre instituições financeiras, empresas e fintechs

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O open banking é mais um caminho da nova jornada financeira que o Brasil está passando para ampliar a competitividade na oferta de produtos e serviços aos clientes, proporcionando uma melhor experiência. Essa jornada vem ainda aproximar grandes instituições financeiras, até então detentoras quase exclusivas de dados financeiros de clientes, das fintechs e empresas de tecnologia, a partir do compartilhamento desses dados.

O tema foi discutido na live “Jornada do Open Banking & Parcerias com Fintechs”, promovida pela Comissão Técnica de Mercado Financeiro e de Capitais do IBEF SP no dia 19 de novembro, com moderação de Rosangela Santos, conselheira independente e líder da CT. O evento online teve patrocínio da TOTVS e apoio da ABFintechs e da Gonew.co. Na ocasião, Eduardo Neubern, diretor executivo da TOTVS, apresentou a solução da companhia que oferece tecnologia e inovação para ampliar e simplificar o acesso a serviços financeiros.

Para entrar nessa jornada e manter a competitividade, é importante que empresas e instituições participem de grupos de trabalho e acompanhem a evolução regulatória. “Inovar é se conectar. As ideias estão surgindo e a gente não sabe até onde vão”, diz Luis Ruivo, sócio e líder de consultoria em serviços financeiros na PwC Brasil. Ele aconselha que toda empresa que atua em um segmento que pode oferecer um serviço financeiro para seu cliente esteja pensando em formular sua própria estratégia de open banking.

Além disso, líderes de grandes corporações devem ter uma estratégia de open banking muito bem construída, especialmente diretores financeiros, CFOs, diretores de tesouraria, etc., conforme explica Diego Perez, diretor na ABFintechs. “Com o open banking, você vai conseguir ter uma visibilidade melhor dos produtos financeiros também, não somente dos dados dos usuários, mas também dos dados dos produtos. Essa é a primeira etapa do open banking que vai estar disponível”, disse. “Uma junção do departamento financeiro e do departamento de tecnologia para buscar uma ferramenta proprietária pode ser muito eficiente”. 

Assim se dá também a importância das instituições financeiras fazerem parcerias com as fintechs. Diego explica que há atividades que são exclusivas de instituições financeiras. No entanto,  para uma fintech, que é uma empresa nascente, com potencial de crescimento e que faz uso intensivo de tecnologia, é possível distribuir de maneira inovadora serviços financeiros tradicionais ou que ainda não existem, focados em diversos públicos. “Como são empresas nascentes, muitas vezes não têm uma estrutura de capital humano ou até tecnológica para cumprir determinados padrões regulatórios. A regulação não deve ser uma barreira para inovação e eficiência, tendo em vista que o mercado financeiro faz parte do dia a dia das pessoas”.

Segundo ele, o Banco Central e a CVM, que são os reguladores deste mercado, têm como pilar desenvolvê-lo e não devem se permanecer inertes às demandas por inovação. “Assim, surgiu a ABFintechs, para ter uma voz perante os reguladores com uma representatividade única, reunindo hoje cerca de 400 associados. Já mapeamos mais de dez segmentos, entre eles pagamentos, crédito, bancos digitais, blockchain, investimento, seguros, recuperação de crédito, cambial, entre outros”, explica Diego. A associação se organiza por meio de grupos de trabalho e verticais, sejam eles perenes e contínuos ou temporários. “Dentro do nosso grupo, temos o desafio de propor que as barreiras de implantação do open banking no Brasil sejam reduzidas”.

Diego Perez destaca que há uma ampla gama de serviços que pode ser fornecida a partir do open banking, e existe um piso sólido para que os inovadores consigam construí-los, sendo que o sistema financeiro brasileiro tem potencial para ser um dos mais avançados do mundo. “Não ficamos para trás em nenhuma outra região do mundo, e agregando o open banking, o Pix, e outras iniciativas do Banco Central, temos segurança de dizer que inovação já está presente e vai começar a florescer cada vez mais”, complementa.

Avanço do open bankingLuis Ruivo diz que a PwC tem acompanhado,desde o seu início, o movimento de open banking  no mundo inteiro, e pesquisas observaram um aumento expressivo no número de APIs (interfaces de programação de aplicações) e serviços prestados por essa via. “O movimento começou principalmente na Europa e se alastrou pelos principais países desenvolvidos, e na América Latina, Brasil e Argentina também estão em processo de adoção. A iniciativa começou em 2018, e desde então a PwC acompanhou o lançamento de APIs, sendo que em 2019, a média de APIs disponibilizadas por empresas era de 39, e em 2020 esse número subiu para 70”, conta.

Segundo ele, a maior parte da concentração dessas aplicações pertence a informações de conta corrente, de pagamentos, de clientes, de segurança e cartões. “São 12 principais grupos de APIs no mundo, com quantidade total de serviços ofertados subindo de 200 em 2019, para 300 em 2020”. Luis conta ainda que no Reino Unido, o open banking foi lançado em 2018, com adesão lenta, mas que ganhou velocidade no segundo ano. “Em 2020, a pandemia gerou uma redução na atividade econômica e também na implantação, mas vimos que levou 2 anos para, de fato, o open banking deslanchar no Reino Unido”. Ele reitera que os desafios dessa implantação estão ligados ao desenvolvimento de infraestrutura, comunicação, entre outros fatores. 

No Brasil, está prevista a primeira etapa de implantação em 30 de novembro, com informações de canais de atendimento e de produtos e serviços, com a etapa de cadastro de clientes prevista para 31 de maio de 2021. Em agosto do ano que vem, começa a oferta do serviço de iniciação de transação de pagamento. “A PwC mapeou 200 fintechs no Brasil para saber como está a adoção do open banking no país, e 72% já estão desenvolvendo soluções de open banking e Pix, sendo que 76% já visualizam benefícios no primeiro ano de implantação”, explica Luis Ruivo.

Agregadores – Luis ressalta que em todos os países há o desenvolvimento de estratégias de open banking, com uma iniciativa maior do lado das fintechs, empresas de tecnologia e empresas de pagamento, o que deve desencadear uma competição entre as demais instituições financeiras no futuro. “A primeira coisa a ser vista por bancos é qual o valor que o open banking vai acrescentar à sua oferta”, disse. Segundo ele, há diferentes processos para esse tipo de análise, sendo que o banco pode se posicionar como uma plataforma agregadora, explorando ao máximo o open banking, incluindo parcerias para financiamento, por exemplo.

Luis Ruivo explica ainda que o open banking permite, por exemplo, que bancos monetizem serviços para diversos clientes. “Um dos benefícios será oferecer serviços fora dos sistemas do banco e assegurar a qualidade da experiência”. Segundo ele, o efeito concreto do open banking na economia do Brasil começará em meados de 2021.

Já Diego ressalta que algumas fintechs desenvolveram aplicações e serviços muito direcionados a informações financeiras. No entanto, para que esse sistema aberto a todos funcione, ele tem que ser realmente aberto entre todos os participantes e inter operável para que os dados transitem de uma instituição para outra sem nenhuma barreira linguística. “O open banking vem para tornar isso mais aberto e horizontal”.

Benefícios do open bankingEntre os principais benefícios do open banking está a experiência do cliente em relação ao uso dos seus dados. Luis Ruivo destaca, por exemplo, a barreira que existe hoje em convencer o cliente que já tem uma conta no banco a fazer um registro em uma fintech e fornecer seus dados a essa empresa, aproveitando, assim, os serviços que ela oferece. “O open banking facilita isso, pois permitirá maior acesso aos dados do clientes, se consentido, o que levaria a ter uma aceleração do onboarding nessas plataformas, mudando a experiência do cliente e facilitando, por exemplo, a contratação de um empréstimo por meio de uma instituição financeira, mesmo que isso seja feito através de uma fintech, com o intercâmbio de dados. A grande expectativa é que haja uma melhoria grande da experiência do cliente”, ressalta.

O grande ganho do open banking para o cliente final é empoderá-lo com os dados dele, ou seja, o cliente passa a poder usar seus dados a seu favor. “Você cria ferramentas privadas para que a pessoa possa criar identidades digitais. É uma nova tendência para que você consiga fazer o uso de seus dado a seu favor”, diz Diego Perez. “O banco conhece muito sobre uma pessoa, e a entidade financeira é muito privilegiada em ter isso em seu poder. Para tornar isso mais aberto e beneficiar quem realmente é proprietário desse dado, o open banking é o melhor caminho”.

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