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Os desafios do profissional de RI

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A Comissão de RI e Mercado de Capitais realizou hoje café da manhã sobre o tema “Os desafios do profissional de relações com investidores”, na sede do IBEF SP. Foram convidados para um bate-papo Roberta Noronha, diretora de RI da Cielo, e Rogério Santana, diretor de RI da BM&F Bovespa, ambos reconhecidos como os melhores profissionais de RI na América Latina pela Institutional Investor em 2015.

“Teremos um debate muito interessante. A Cielo e a BM&F Bovespa são duas importantes empresas listadas, que somam juntas R$ 100 bilhões em valor de mercado”, destacou André Cazotto, líder da Comissão de RI e Mercado de Capitais do IBEF SP, responsável por moderar o debate.

Mudanças no perfil do investidor – Ao iniciar o debate, André Cazotto chamou atenção para o difícil cenário econômico e político do país e seu impacto nas empresas brasileiras listadas, que estão vendo seus valores de mercado sendo “amassados” na Bolsa. Nesse contexto desafiador, como atrair investidores? – indagou Cazotto para os convidados.

Rogério Santana, da BM&F Bovespa, observou que ocorreram movimentos atípicos no mercado de capitais brasileiro nos últimos dois anos e, em decorrência, aconteceu uma grande mudança no perfil dos investidores.

Se, por um lado, houve a saída de investidores internacionais dedicados a mercados emergentes – em razão das dificuldades para compreender o cenário político do país e fazer uma precificação correta de ativos -, por outro, entraram investidores contrários ao consenso de mercado – que estão comprando posições significativas em empresas brasileiras, cujos ativos estão mais baratos, e pretendem mantê-las em médio e longo prazo, aguardando a retomada do mercado e a oportunidade de venda por um melhor preço.

Estratégia defensiva – Roberta Noronha, da Cielo, reforçou que as empresas listadas sofreram bastante nos últimos anos em função da dificuldade dos investidores em precificar ativos e mensurar riscos no Brasil. Contudo, esse impacto tende a ser diferente para cada organização.

A Cielo é considerada uma empresa “defensiva”, destacou a diretora de RI, por conta de algumas características que a blindam em cenários mais adversos. Por exemplo: não tem exposição a câmbio, captura instantaneamente o efeito inflacionário e os ajustes de preços do mercado, e possui uma base de clientes muito diversificada (abrange 25 segmentos da economia).

Ainda que os impactos nas ações da empresa tenham ocorrido – e adicionam-se a esse contexto as mudanças regulatórias em curso no setor de meios de pagamento-, esse efeito foi muito menor quando comparado a outras indústrias.

Protagonismo – Outro aspecto que ajudou a empresa a navegar pela crise é o fato de ter se preocupado, desde sua abertura de capital em 2009, em buscar diferentes perfis de investidores. A Cielo realizou um grande esforço para se posicionar de forma a não  atrair apenas investidores do segmento financeiro, mas também os ligados à área de tecnologia. Esse posicionamento, que está mais próximo de organizações como Visa e MasterCard, possibilita à companhia ter um valuation diferente em relação a outras de serviços financeiros.

Evolução da função do RI – Quando o contexto macroeconômico não ajuda, ter uma equipe de RI que sabe comunicar corretamente o que está por trás dos números da empresa, bem como as tendências do mercado, é algo que gera valor para a empresa e ajuda a atrair novos investidores, ressaltou a diretora de RI da Cielo.

Rogério Santana adicionou que o profissional de RI tem o papel de explicar ao investidor quais são os riscos, as vantagens e as forças da companhia, fornecendo subsídios adequados para a tomada de decisão.

Hoje o profissional de RI brasileiro é visto como um dos mais completos no mundo, observou Roberta Noronha, por sua formação especializada, conhecimento da companhia, e capacidade de comunicar, na mesma linguagem e nível de conhecimento do investidor, informações fundamentais e pontos estratégicos para a tomada de decisão.

“Em outros países, o RI é apenas um canal de contato. No Brasil, há uma maior maturidade da função. Os profissionais conhecem bem a empresa e conseguem passar segurança para os investidores. Isso é valorizado”, destacou Roberta.

Gerando valor – E quais são os principais drivers para que o profissional de RI gere valor para uma companhia? – provocou André Cazotto. Rogério Santana respondeu que é a combinação da fluência de conhecimento financeiro, conhecimento do negócio e bom senso. “Não é papel do RI ‘vender’ a companhia, mas dar subsídios para o investidor tomar a decisão”.

Roberta Noronha acrescentou que quando uma companhia possui uma boa governança corporativa – fato para o qual os investidores estão muito atentos – há melhores condições para o RI exercer sua função. Contudo, um aspecto fundamental é a credibilidade do profissional, e isso advém da consistência das informações fornecidas e do entendimento correto da função.

A relação entre CFO e RI– Outro ponto destacado no debate foi a relação entre o CFO e os profissionais de RI. Na BM&F Bovespa, informou Rogério Santana, o diretor estatutário de RI é o próprio CFO – e os investidores valorizam a proximidade da relação com os executivos C-level da companhia. “Os investidores dão uma grande importância ao fato de terem acesso ao senior management, as ‘cabeças’ que decidirão os rumos da companhia”.

Roberta Noronha acrescentou que na Cielo há um forte alinhamento do RI com o senior management,em especial o CEO e o CFO da empresa. Tal envolvimento abrange desde a participação em eventos até a própria formação da mensagem que será passada ao mercado. “Isso é fundamental, pois quando não há alinhamento entre o que o RI comunica e o que o senior management diz, os investidores não dão credibilidade ao RI. As mensagens do C-level têm peso, mas têm que ser as mesmas do RI”.

MOMENTO SAP – O café da manhã da Comissão de RI e Mercado de Capitais foi patrocinado pela SAP. Mariana Martins, tesoureira regional SoLA da SAP, destacou o interesse da companhia no Brasil e comentou o funcionamento do seu canal de RI. Ela convidou o público para evento online da SAP, marcado para 15 de junho, sobre o futuro das finanças nas empresas, que terá participação do presidente do IBEF SP, José Cláudio Securato, do economista Mailson da Nóbrega, e o CFO da SAP Brasil, Paulo Mendes.

(Reportagem: Débora Soares / Foto: Mario Palhares/IBEF SP)

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