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Em 19 de outubro de 2020, os três finalistas ao Prêmio Golden Tombstone – equity 2019 apresentaram ao vivo os detalhes das transações: IPO da Afya, IPO da Neoenergia e o Follow-on da BR Distribuidora. O Prêmio Golden Tombstone, patrocinado pela Deloitte, visa prestigiar os executivos que contribuíram para o mercado de capitais e fusões & aquisições ao longo dos anos. No total, mais de 45 transações foram analisadas pelos 14 membros da banca, composta por diretores e conselheiros do IBEF-SP, conforme explicou José Roberto Securato Junior. As demais apresentações dos finalistas ocorreram no dia 15 de outubro (debt) e no dia 21 de outubro (M&A).
Ronaldo Xavier, sócio da área de financial advisory da Deloitte, destacou o alto nível das transações selecionadas, considerando o cenário atual, em que a taxa de juros do mercado brasileiro está em patamares extremamente baixos. “Vivemos um modelo de mudanças rápidas. Adaptação e reaprendizado rápidos são uma vantagem competitiva que estão presentes nos três finalistas”.
IPO da Afya na NASDAQ – Renata Couto, responsável pela área de relações com investidores do Afya, grupo de educação voltado a cursos de medicina, apresentou a abertura de capital da companhia na bolsa americana NASDAQ com uma oferta no valor de US$ 261 milhões. A maioria da oferta foi primária (88%), e a Afya se tornou a terceira empresa brasileira a se listar na NASDAQ.
A Afya Limited completou seu IPO em julho de 2019. “Em dezembro de 2018, foi decidida abertura de capital, cujo objetivo principal era arrecadar fundo para comprar empresas de educação médica”, explicou Renata. Hoje, a companhia possui 2.143 vagas de faculdade de medicina em 23 campus. Segundo Renata, abrir o capital na NASDAQ aproximou a empresa de ações de tecnologia e ajudou a diferenciar das demais ações de educação no Brasil, que não tem o foco temático que a Afya tem em medicina. Outros destaques importantes para a listagem nos EUA foram a estrutura acionária de super voting shares, e o acesso a investidores de fundos diversificados.
A companhia acessou 95 fundos globais na preparação para o IPO, com 72% de taxa de conversão para participação na oferta, que foi mais de 12 vezes oversubscribed e subiu 18% no primeiro dia de negociação. “O que eu mais destaco é a qualidade dos investidores que vieram nessa demanda, não somente os long only, mas também os fundos dedicados a tecnologia”, ressaltou.
IPO da Neoenergia no Novo Mercado da B3 – Leonardo Gadelha, diretor de finanças e relação com investidores da Neoenergia, apresentou o IPO da companhia no Novo Mercado da B3, concluído em junho de 2019. A oferta de ações (ICVM 400) passou de R$ 3,7 bilhões, se tornando o maior IPO do setor no Brasil desde 2004.
“Em agosto de 2017, a Elektro, uma distribuidora 100% da Iberdrola, um grande player espanhol do setor, foi incorporada à Neoenergia. Nesse momento, a Iberdrola passou a controlar o grupo, e o acordo de acionista previa a saída do Banco do Brasil via IPO com compromisso de alavancar o plano de crescimento da companhia”, explicou Gadelha. Naquele ano, a companhia se preparou para ir a mercado sem sucesso. “Havia um ceticismo no mercado em relação à captura de sinergia da incorporação. Além disso, a companhia estava muito alavancada, com um perfil de endividamento e um plano de Capex intensivo”. Gadelha disse ainda que havia questões regulatórias importantes em discussão. “A janela também era ruim, pois era dezembro e havia concorrências com operações grandes naquele momento”, destacou, enfatizando que a companhia decidiu não ir adiante.
Em 2018, com a entrega dos resultados prometidos, o aporte de capital dos acionistas da ordem de R$2,6 bilhões que fortaleceu a estrutura de capital da Neoenergia, e o equacionamento das questões regulatórias, a empresa estava pronta para testar o mercado novamente. “Aproximadamente 200 investidores foram abordados em reuniões, calls e eventos, e a taxa de conversão foi de 87%”, disse, ressaltando que a oferta atraiu, em maioria, investidores estrangeiros. A oferta de ações ocorreu simultaneamente à oferta de R$ 1,3 bilhão de debêntures verde da companhia, que também concorre ao Prêmio Golden Tombstone na categoria Debt. Segundo Gadelha, esse fato agregou desafios e originalidade à operação.
Follow-on da Petrobras Distribuidora no Novo Mercado da B3 – A Petrobras Distribuidora completou o Follow-on no Novo Mercado da B3, em julho de 2019, e a oferta superou R$9,6 bilhões com a venda de 33,75% do capital da empresa. A operação tornou a Petrobras Distribuidora uma corporação, sendo a primeira empresa privatizada no Brasil, através do mercado de capitais. “O caminho via mercado de capitais era o mais ágil e que geraria mais valor para a companhia e seus acionistas”, disse Andrea Almeida, diretora executiva de finanças e relacionamento com investidores da Petrobras.
Andrea explicou como ocorreu a preparação da Petrobras Distribuidora para a privatização, as melhorias na governança realizadas antes da oferta e alterações no estatuto social, aprovadas em junho de 2019, que permitiram um processo de tomada de decisão mais rápido e favorável para o acionista. No roadshow global, que durou 15 dias, foram alcançados 226 investidores no total, com uma taxa de conversão de 73%, sendo que 40% da demanda era de fundos long only. “Pela alta demanda, a gente conseguiu colocar a oferta a um preço representativo”, destacou Andrea.
Andrea destacou que, naquele momento, essa foi a maior oferta de ações da América Latina, desde 2014, a sexta maior oferta de ações do Brasil na história.
Saiba mais sobre o Prêmio – O Prêmio Golden Tombstone, lançado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP), tem o objetivo de incentivar e estimular o mercado, dando exposição às operações de captação de recursos nas empresas que se destacarem por sua relevância e inovação. O Prêmio é dividido em três categorias: Debt (operações de emissão de títulos de dívida); Equity (operações de emissão de títulos de ações); e M&A (operações de fusões e aquisições).
A Comissão Julgadora do Prêmio avalia as operações considerando os seguintes critérios: complexidade da transação, inovação, dimensão e relevância, amplitude de mercados e jurisdições envolvidas, distribuição, impacto da operação no mercado, superação de barreiras para sua realização, criação de valor e precificação (pricing).
A premiação dos vencedores por categoria ocorrerá no dia 12 de novembro.