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Redução de custos e aumento de produtividade. Dois imperativos para os negócios que poderão encontrar no modelo de gestão Centro de Serviços Compartilhados (CSC) um aliado estratégico.
Executivos da BRF, CPFL Energia, Johnson & Johnson e TOTVS Consulting discutiram os principais desafios e benefícios do modelo, no evento de estreia da Comissão de CSC do IBEF SP. O seminário realizado nesta quinta-feira (15) foi patrocinado pela TOTVS Consulting.
“Nosso carro-chefe tem sido a implementação e modelagem de CSC”, destacou Tarcisio Adamek, diretor responsável pela prática de desempenho empresarial da TOTVS Consulting. Em seus 9 anos de existência, o braço de consultoria da TOTVS já participou da implementação de mais de 40 centros de serviços compartilhados no Brasil.
Marcos Leitão, líder da Comissão de CSC e gerente sênior do CSC da Johnson & Jonhson, foi responsável por conduzir o debate. “Queremos incentivar os executivos a compartilharem experiências. Porque, no final do dia, os desafios dentro de um CSC acabam sendo parecidos”.
Principais motivações
O grande objetivo para a implementação do CSC, segundo as empresas, é a redução e controle de custos (30%). Em segundo lugar, vem o suporte ao crescimento (22%). A percepção de que o CSC pode ajudar a gerar receitas, por meio da prestação de serviços, é a terceira maior motivação (20%).
Os dados são da segunda edição da pesquisa de maturidade dos CSCs no Brasil, realizada pela TOTVS Consulting. Prestes a ser lançado, informações do estudo foram apresentadas em primeira mão por Luiz Ernani Andrade, diretor da prática de CSC.
Ele explicou que o modelo CSC é baseado na segregação das atividades administrativas transacionais das não transacionais em uma organização. O foco é a produtividade e a prestação de serviços para os clientes internos.
No CSC, a gestão é feita por processos e não por áreas ou departamentos. Isso possibilita que os profissionais de um único CSC prestem serviços para diferentes divisões ou empresas de um mesmo grupo, o que auxilia na racionalização de custos.
“Conseguimos uma redução de até 29% de custos nos modelos de CSC que ajudamos a implementar”, observou Andrade.
Satisfação garantida
A CPFL Energia é um exemplo bem-sucedido. O CSC do grupo existe há seis anos.
“Nosso conceito de CSC teve foco na gestão de custo dos processos transacionais e dar suporte ao nosso crescimento. Hoje são 400 funcionários que atendem a todas as empresas do Grupo”, contou Fabio Fick, diretor de Serviços Compartilhados da CPFL. Segundo o diretor, nos últimos anos as atividades do grupo cresceram 70% e não houve aumento de custos na mesma proporção, graças ao centro de serviços compartilhados.
Por ter foco em atividades transacionais, o CSC permite às áreas do Corporativo uma atuação mais estratégica. No centro da CPFL estão centralizados serviços de RH, suprimentos, gestão de patrimônio imobiliário, gestão de frotas e o centro de atendimento do Grupo. Também foram transferidos serviços financeiros como contas a pagar, contas a receber e atividades de natureza contábil e fiscal. Recentemente, o grupo incorporou ao CSC a empresa Contact Center, responsável pelo atendimento dos 9 milhões de clientes do grupo no Brasil.
Internamente, o CSC atende os 9 mil colaboradores da organização. Indicadores como prazo de atendimento e satisfação com o serviço são monitorados constantemente. Hoje o índice de satisfação com os serviços prestados pelo CSC está em 97,5%.
Entre os pontos de atenção para a implementação do CSC, Fick recomenda: definir claramente os papéis e responsabilidades; eliminar as “zonas cinzentas” (qual atividade pertence a que área: Corporativo ou CSC?); e ter níveis de serviços acordados.
Suporte ao crescimento
Na BRF, o CSC possui cadeira na discussão estratégica da organização e suportará o novo movimento internacional da sétima maior empresa de alimentos do mundo. A companhia de R$ 29 bilhões de faturamento anual exporta seus produtos para 100 países. Agora pretende fortalecer sua posição global no Oriente Médio, Ásia, Europa e América Latina, avançando na cadeia de valor via aquisições.
“Estamos estudando a localização de CSCs para que essa plataforma possa centralizar e prestar serviços para nossas unidades ao redor do mundo. O centro de serviços compartilhado nos ajuda a fazer mais com menos e facilita, inclusive, a incorporação das novas empresas”, ressaltou Mauricio Angelo Cherobin, diretor do CSC da organização.
A localização do CSC é sim um fator relevante. Segundo a pesquisa da TOTVs Consulting, entre os principais motivos considerados pelas empresas ao definir o local do centro de serviços, vencem de longe custo (44%) e facilidade para a operação (39%).
O CSC da BRF está localizado em Itajaí (SC). O fato de a cidade possuir infraestrutura adequada, fácil acesso aos grandes centros e farta mão-de-obra de jovens – maioria entre os colaboradores do CSC – foram decisivos.
Equipes motivadas
No centro estão concentradas atividades de RH, utilidades administrativas, tecnologia da informação, controladoria, serviços financeiros (o que inclui análise de crédito para clientes) e de natureza tributária. Para se ter ideia do volume de trabalho, somente para os assuntos de TI o centro já atende 26.400 chamados por mês.
Além do viés forte em produtividade e redução de custos, o CSC da BRF também é visto como um celeiro de talentos para a organização. Para manter os jovens motivados, são realizados rankings e premiações para quem tem melhor performance e traz ideias novas.
O reconhecimento pelo esforço e a perspectiva de porta de entrada para uma grande multinacional mantêm os ambiciosos jovens da geração Y engajados, mesmo em um ambiente de atividades transacionais. Não é à toa que o turnover do CSC da BRF mostra-se espantosamente baixo para os padrões desse tipo de estrutura: inferior a 1%.
“Atrelar remuneração variável ao cumprimento de metas e incluir elementos de gamification, como a conquista de troféus e pontos, também são boas maneiras de manter as jovens equipes motivadas”, recomenda Luiz Ernani Andrade, diretor da prática de CSC da TOTVS Consulting.