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Sob o tema “Gestão Financeira do Futuro: um convite à era digital”, o seminário da Comissão de Controladoria e Contabilidade e da Comissão de Instituições Financeiras trouxe a expertise de executivos para abordar tecnologias emergentes que estão traçando novos caminhos para a gestão financeira das empresas. O evento aconteceu na última quinta-feira (22), na sede do IBEF-SP, e contou com o patrocínio da Oracle.
Foram convidados Paulo Guiné, diretor executivo para novos negócios da Oracle, e Viviane Oliveira, diretora de Data Analytics da PwC. A moderação do debate foi realizada por Luiz Roberto Calado, vice-presidente do IBEF-SP.
Paulo Guiné abriu sua palestra mencionando o grande desafio deste período de transformação digital para as áreas de controladoria, contabilidade e finanças como um todo. Ele destacou a importância da conscientização em relação aos novos cenários derivados das tecnologias e que os executivos devem gerenciar adequadamente o impacto no dia a dia. Ou seja, a robotização deve ser uma aliada. Ela substituirá as atividades redundantes e operacionais, e não os cargos, principalmente para aquelas posições que estão próximas às unidades de negócios e agregando valor à operação da empresa. “Com isso, vamos retomar a relevância das posições de finanças, perante a corporação!”, disse o executivo da Oracle.
CFO 4.0 – O papel do CFO, do gestor de finanças, vem mudando ao longo do tempo. Essa transformação está basicamente sustentada pela mudança das características de controle, processo e conformidade para um executivo com postura de agente de mudança; habilitando o caminho e a jornada da transformação na companhia e em seu departamento.
“E falando das tecnologias disruptivas (Inteligência Articial, Iot, BlockChain etc), surge um novo conceito para definir este novo papel do executivo de finanças: O CFO 4.0. É um conceito baseado na indústria 4.0, utilizando ideias e propostas da transformação industrial que surgiu na Alemanha, buscando inovação tecnológica e funcional proporcionando altos níveis de agilidade e foco nas exigências do cliente”, explicou Guiné.
A proposta do CFO 4.0, como comentado, é olhar para o cliente interno, utilizando as tecnologias e soluções disponíveis para conseguir propor uma modernização financeira. Isso pode ser realizado por meio das tecnologias disruptivas e emergentes, como é o caso do uso de inteligência artificial habilitando um fechamento contábil autônomo e preditivo (viabilizando ciclos de fechamento contábeis diários), blockchain (para dar segurança e suporte no processo de contratação dos fornecedores, eliminando o risco na cadeia de suprimentos), soluções e softwares autônomos, entre outros modelos.
O executivo acrescentou que é necessário habilitar a modernização financeira suportada pela implementação digital, inserindo-a na organização como um novo modelo de negócio. “Então, precisamos retomar a relevância funcional, levando mais insights, participando do dia a dia da operação, deixando de ser burocráticos e estando mais próximos das áreas de negócios tais como marketing, vendas, logística, para fazer parte da transformação digital escolhida por eles. Dessa forma, nós podemos inclusive ajudar a direcionar as soluções e os modelos de negócios escolhidos fazendo com que a modernização seja mais facilmente percebida!”, disse.
“Um dos maiores desafios atuais, além das tecnologias, é que nós como executivos e responsáveis pelas áreas de Finanças precisamos gerar a atratividade digital e tecnológica para esses departamentos e assim ganhar a atenção dos jovens talentos que podem impulsionar a jornada da transformação planejada e fazer com que a adoção de toda esta evolução seja mais facilmente percebida e aceita”, finalizou Guiné.
Uso de RPA – Na sequência, Viviane Oliveira, diretora de Data Analytics da PwC, falou sobre os desafios do executivo de finanças com processos tecnológicos na gestão. Ela trouxe um exemplo de sistema de inovação aplicável à gestão financeira do futuro. Trata-se do RPA (Robotic Process Automation) uma solução que pode ser uma aliada importante dos executivos de finanças no que tange os trabalhos cotidianos, já que a função desse sistema é liberar o tempo desses profissionais.
“Isso porque esta tecnologia vai simular todas as ações e atividades manuais que o ser humano conduziria, como por exemplo entrada de dados, busca de informações, digitação de dados etc. O RPA automatiza tudo isso, trabalhando com diferentes plataformas tecnológicas ao mesmo tempo”, explicou Viviane.
Ela ressaltou que é importante desmistificar que o RPA não é um ‘robô humanoide’, mas sim um conjunto de algoritmos que não substitui completamente a mão de obra humana. “Principalmente porque há muitos processos que dependem do julgamento das pessoas. Também acho relevante esclarecer que a solução não foca somente na redução de custos, mas na minimização de erros”.
A profissional aponta que o RPA pode ser considerado como parte de uma jornada de transformação digital. “Atualmente, 45% de todo trabalho realizado por seres humanos no mercado global poderia ser feito por RPA, o que geraria uma economia de U$ 2 trilhões”.
Segundo Viviane, antes do processo de implantação da tecnologia, é necessário realizar uma reflexão dentro do processo de negócio de cada organização, para que seja possível identificar oportunidades que levem um benefício imediato.
Isso porque muitas empresas possuem sistemas diferentes que precisam se integrar e melhorar toda a interface com o usuário final antes do processo de implantação. “É esse tipo de análise que sempre recomendamos durante o processo de criação de projetos de RPA. Além disso, fazemos uma reflexão sobre a importância de ter todo o time de TI da organização engajado”. Viviane revela que, atualmente, a área de negócios é a que mais demanda projetos com essa solução tecnológica.
Dentre os exemplos de aplicações práticas de RPA estão: integração de plataformas, busca de cotações, entrada de dados, envio e recebimento de e-mails, captura e transferência de informações.
Dados – 48% das empresas ainda consideram a experiência do uso de RPA incipiente ou moderada, revelou pesquisa realizada pela PwC sobre o uso de RPA na indústria financeira. As áreas que demonstram maior valor e benefício da solução são os departamentos de finanças e operações.
Já os desafios da implementação antes de iniciar o processo, de acordo com a pesquisa, estão concentrados na mão de obra qualificada e em se adotar uma abordagem corporativa. Outro desafio está no aspecto de integração durante o processo de migração para o ambiente produtivo.