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Soft Skills vs. Technical Skills

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Executivos financeiros debatem em Seminário do IBEF Jovem o que deve ser priorizado na carreira.

O que é mais importante para a evolução de um profissional: as habilidades de comportamento e relacionamento (soft skills) ou as ligadas ao conhecimento (technical skills)? Esta questão esteve no centro das discussões em um painel composto por três CFOs de grandes empresas e o sócio de um renomado escritório de advocacia, em seminário realizado pelo IBEF Jovem, na ultima quinta-feira (25), na Saint Paul Escola de Negócios.

Na abertura do evento, José Vinicius de Oliveira Alves, líder do IBEF Jovem, destacou que o grupo já soma cerca de 150 associados, vem crescendo com consistência e está formando novas lideranças. Business partner de finanças da Cielo, Alves informou que o IBEF Jovem pretende fazer mais eventos dentro de instituições de ensino, e ressaltou que a Saint Paul Escola de Negócios, instituição que sediou o presente seminário, foi a primeira grande parceria firmada pelo IBEF Jovem, oferecendo aos associados descontos de 15% em cursos de MBA e pós-graduação.

José Vinicius de Oliveira Alves, líder do IBEF Jovem e business partner de finanças da Cielo

Lais Meduna, membro do IBEF Jovem e gerente financeira da Suzano, mediou o debate

Responsável por mediar o debate, Lais Meduna, membro do IBEF Jovem e gerente de finanças da Suzano, iniciou o painel citando os resultados de pesquisa recente feita pela consultoria Career Builder. Na enquete, 70% dos profissionais entrevistados disseram acreditar que as soft skills são tão importantes quanto as skills técnicas, e 16% foram além, afirmando que eram mais importantes do que o conhecimento técnico. Partindo desse gancho, Lais questionou os palestrantes sobre o que consideravam mais importante para a carreira.

 

Vera Bermudo, CFO para a América Latina na GE Water & Processes Technologies

Diferentes inteligências – ¨Qual destas personalidades é a mais inteligente: Barack Obama, Stephen Hawking, Pelé, Burle Marx, Beethoven, Papa Francisco ou Jorge Paulo Lemann?¨, perguntou para a plateia a CFO para a América Latina na GE Water & Processes Technologies, Vera Bermudo. A resposta correta é:  depende.

Vera citou o argumento do psicólogo Howard Gardner, autor da Teoria das Múltiplas Inteligências, que revolucionou seu campo de estudo ao ultrapassar a noção comum do que é inteligência. Segundo Gardner, as capacidades dos seres humanos podem ser agrupadas em sete tipos de inteligência: clássica (subdivida em linguística e lógico-matemática), motora (corporal), musical, espacial e emocional (subdividida em interpessoal e intrapessoal). Assim, cada personalidade citada acima é genial, dependendo do viés de inteligência analisado.

Para a executiva, o bom gestor possui pelo menos quatro habilidades desenvolvidas: a inteligência clássica, a inteligência emocional, o conhecimento formal e a resiliência (vontade). Vera destacou que esta última talvez seja a de maior diferencial entre os jovens. ¨Sou professora de MBA em cursos de finanças e controladoria e vejo alunos que são brilhantes, do ponto de vista da inteligência clássica e emocional, mas não têm brilho nos olhos, aquela força de vontade que te faz superar qualquer desafio¨.

Eduardo de Toledo, diretor financeiro e de RI da Klabin (centro)

Momentos de carreira – Eduardo de Toledo, diretor financeiro e de RI da Klabin, assim como Vera Bermudo, acredita que cada etapa da vida profissional irá requerer um balanceamento diferente entre soft skills e technical skills do indivíduo. ¨Lembro de um executivo que dizia ter um critério de contratação muito simples: ele não admite ninguém de 20 a 30 anos de idade cujo principal interesse não seja desenvolvimento técnico; de 30 a 40 anos cujo interesse não seja gestão e liderança; e de 40 a 50 anos cujo foco não seja dinheiro¨, disse Toledo, arrancando risos da plateia.

O episódio bem-humorado citado pelo diretor financeiro ilustra o fato de que para cada momento da carreira são esperados diferentes conhecimentos e atitudes do executivo. O conselho para os jovens é ter paciência e serenidade para aprender o máximo em cada etapa. Às vezes, a ansiedade por crescer rápido pode levar alguns executivos a queimarem etapas importantes da formação pessoal e profissional, que farão falta no futuro.

Apesar de existir o consenso de que o conhecimento técnico será a skill mais exigida no início da carreira, observou Toledo, o jovem profissional que desenvolve suas características interpessoais desde cedo também colhe muitos benefícios. Como, por exemplo, maior facilidade para se cercar de bons tutores e se relacionar bem com pessoas que poderão ajudá-lo na ascensão profissional. ¨Desde sempre, isso conta¨.

Luis Carlos Cerresi, CFO do Walmart.com

Laboratórios da vida – O CFO do Walmart.com, Luis Carlos Cerresi, compartilha desta opinião: conhecimento técnico e habilidades comportamentais devem caminhar juntos. ¨Sem dúvida, no início da carreira a preparação técnica é mais visível. Contudo, muitos jovens se destacam por mostrar qualidades interpessoais notórias. Em alguns casos, a maturidade e a capacidade de liderar e de se relacionar bem com os pares podem até mesmo ajudar o profissional a superar algumas dificuldades técnicas¨.

Outra questão destacada por Cerresi são os valores éticos e morais do profissional. ¨Precisamos mais do que nunca, em nossas empresas e no Governo, de pessoas dispostas a fazer a coisa certa, do jeito certo. Certa vez, em um mentoring do IBEF Jovem, contei aos participantes sobre os chefes que mais me inspiraram na carreira. E o que mais me impressionou em relação a eles não foi o skill técnico, mas seus gestos, atitudes e exemplos de condutas. A marca pessoal de cada um¨.

O CFO incentivou os jovens a utilizarem os ¨laboratórios¨ da vida para desenvolverem as soft skills: engajar-se em projetos na faculdade, em comunidades e associações, como o IBEF SP, nos quais poderão experimentar e desenvolver suas capacidades de liderança, relacionamento e de comunicação, sem por em risco a vida profissional, para então agregá-las para a carreira.

José Luiz Homem de Mello, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados (esq.)

Abertura para aprender – José Luiz Homem de Mello, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, destacou que a curiosidade é uma das qualidades mais importantes no início da carreira. ¨Desde que entrei no escritório, ainda como trainee, busquei ir além do Direito e conhecer matérias de Administração, Contabilidade e Finanças. Esse saber multidisciplinar abriu caminho para várias oportunidades na minha carreira. Quanto mais conhecimento você acumular, mais ele te ajudará na próxima etapa¨.

Mello ressaltou que as soft skills ganham cada vez mais peso na escalada hierárquica em uma organização: administrar projetos, trazer pessoas para junto de si, formar equipes multidisciplinares e fazer com que todos remem na mesma direção são desafios nada triviais na vida do gestor. ¨Quanto maior a subida, mais as suas habilidades interpessoais irão transparecer: a capacidade de formar alianças, trazer as pessoas para o jogo e a resiliência para aguentar a tração serão colocadas à prova¨.

Cursos para desenvolver habilidades de liderança, negociação e comunicação são boas opções para os jovens começarem desde cedo a aprimorar suas capacidades, recomendou Mello. ¨E ter paixão e brilho nos olhos para fazer acontecer. Isso não pode faltar!¨, completou.

Apresentação das novas lideranças

Ao final do evento, o líder do IBEF Jovem, José Vinicius de Oliveira Alves, agradeceu a colaboração dos palestrantes convidados. Em seguida, apresentou ao público as novas lideranças do núcleo: Felipe Brunieri, responsável pela pasta de mentoring, Mariña Martinez, responsável por eventos, e Raisa Soares, responsável pelas ações de marketing do núcleo. Alves também fez uma homenagem à ex-coordenadora de eventos do IBEF SP, hoje associada Anna Mantovani, por todo seu apoio conferido ao núcleo ao longo de dois anos. ¨Queremos deixar um legado e transformar positivamente a carreira das pessoas. Também pretendemos fazer futuramente um evento com jovens políticos¨, ressaltou Alves, sinalizando o que vem por aí.

 

OPINIÕES DOS PARTICIPANTES

Evento teve grande participação do público

¨Os palestrantes conseguiram passar de uma forma muito didática os aprendizados de suas experiências. Foram conselhos muito válidos e próximos da nossa realidade¨, dito por Rafael de Oliveira, gerente de relatórios financeiros da Netshoes.

¨Fui convidada para o evento, a convite de um grupo de empreendedores, e gostei muito. Ouvir a experiência desses profissionais foi uma grande inspiração. Anotei várias dicas!¨, dito por Bianca Bueno, empreendedora.

¨Ouvir o que os palestrantes falaram sobre as fases de carreira foi muito importante para mim. Tenho amigos que cresceram muito rápido na carreira, e às vezes nós, jovens, esquecemos que cada etapa é importante para o desenvolvimento e o amadurecimento pessoal e profissional¨, dito por Gabriel Souza, estudante de administração.

 

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)

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