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Em tempos de crise, o maior desafio das empresas está na rápida adaptação para um cenário digital, com eficiência e redução de custos para manter suas operações em funcionamento. Nesse momento, a tecnologia se torna a maior aliada do CFO. Durante o Webinar Rimini Street, realizado com apoio do IBEF-SP, especialistas discutiram as oportunidades de redução imediata de custos com TI diante do cenário econômico atual e pós-crise.
Edenize Maron, moderadora do evento e CEO Latam da Rimini Street, ressaltou que a situação atual, trazida pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19), é peculiar. “A queda abrupta de receita levou as empresas a buscarem redução de custo, preservando liquidez e caixa”, disse. Nem todos os setores sofrem tanto com o impacto da crise, mas há alguns que precisam de maiores reestruturações para superar o momento, e reduzir custo é o principal plano de ação. Contudo, Edenize avalia que há incerteza nos líderes da empresa por não saberem a medida exata dessa redução.
Segundo ela, quando o top line cai de um dia para o outro, é preciso ser criativo e estar aberto a mudanças. “Mais do que nunca, a TI deve estar alinhada com o desafio da empresa. O negócio deve se envolver mais com a TI e vice-versa”, destacou. Nos últimos meses, houve um interesse maior das empresas por tecnologia, e Edenize ressaltou que isso gera uma parceria fundamental para que ações sejam tomadas. “Mais do que nunca, empresas estão querendo entender melhor, e a tecnologia ser parceira do CFO é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma rápida e benefícios ocorram”, complementou.
Se o custo de operação está alto, o momento é de inflexão tecnológica, e para isso os líderes financeiros devem saber como trabalhar em conjunto e o que tirar de proveito da operação de TI para que resultados sejam impactados positivamente. Edenize avalia que as empresas precisam tomar a decisão de assumir o controle de tecnologia.
Controle de custos – Wagner Brilhante, CEO da Bombril e parceiro da Rimini na implementação de soluções tecnológicas dentro dos negócios da empresa, destacou que o controle de custo da tecnologia deve ser estratégico e feito ao longo do tempo dentro da empresa. “É cultural. Fazer isso de forma mais urgente em uma crise é possível, mas é mais tranquilo quando se tem uma política de redução de custos e despesas”, avaliou.
Para ele, os cortes podem ser inteligentes e pensados de maneira estratégica e planejada. Brilhante ressalta que economizar em tecnologia é pagar preço justo, e não perder potencial tecnológico, pois assim se perde estratégia. “Tínhamos, internamente, necessidade de ganhar margem, cortar custos e despesas, e com foco em tecnologia reduzimos gastos com a parceria com a Rimini, olhando atentamente para a terceirização do suporte. Fomos para computação em nuvem (cloud computing), o que é uma necessidade. Tínhamos um parque tecnológico ultrapassado, precisando de reinvestimento, e isso nunca acaba. Também vimos a parte de segurança da informação e riscos, de forma a evitar despesas futuras”.
Ainda dentro da experiência de redução de custos, outro parceiro da Rimini na adoção da plataforma tecnológica foi a Alvarez & Marsal. Fabio Quintão, diretor sênior da empresa, ressaltou que muitas empresas veem a área de tecnologia como um centro de custos, mas quem vem se preparando com a cultura de tecnologia como catalisador de negócios está à frente nessas soluções, enquanto outras empresas precisam reduzir gastos de maneira rápida. “O mais importante nesse momento de crise e pós-crise para as empresas que não se prepararam a tempo é construir cenários na área de TI”, avaliou. Quintão ressalta a importância de uma redução de custos inteligente para, após a crise, se acelerar de forma eficaz.
Papel do CFO – Não apenas olhando para números, o papel do CFO diante de uma situação de reinvenção é olhar estrategicamente o que a empresa precisa, e como usar a tecnologia a seu favor. A parceria deve ser estabelecida com o CIO, e o líder de finanças precisa assumir um protagonismo, entendendo a operação. Nesse sentido, Thierry Soret, CFO da Usina Coruripe, também compartilhou sua experiência na parceria com a Rimini para assumir tecnologia na empresa com adoção de cloud, padronização operacional, automatização e RPA. “O CFO precisa mudar seu papel, sair da missão de amassador de números e assumir protagonismo na área de tecnologia, que é uma área estratégica”, disse. “Isso dá um novo protagonismo à função”, destacou.
O modelo de negócios muda a partir desse movimento, e o benefício financeiro com o uso de plataformas tecnológicas pode ser imediato se usado com eficiência e melhora nos processos. “A TI tem que se auto financiar, e a empresa deve criar valor com baixo investimento. A digitalização e a indústria 4.0 trazem oferta, e isso é uma grande oportunidade. É preciso estar atento, levar a TI para a área de negócios”, disse Soret. O mercado ainda possui uma série de oportunidades que, na visão do executivo, mostram quais são as melhores práticas e como fazer para manter eficiência. “A redução de custo vai retroalimentar a TI e trazer um resultado melhor. São pequenas coisas que parecem difíceis, mas que geram preservação de caixa”, complementou.
Perspectivas – Ainda há dificuldades, contudo, de prever como será o futuro após a crise, pois o cenário macroeconômico ainda é incerto e as perspectivas para o Brasil são de um impacto mais profundo. Para o economista Mauricio Molan, as medidas de distanciamento trazem certa dificuldade, afetando a discussão política, o que levará o Brasil a ter uma duração mais longa do impacto da crise. “O choque inicial no país foi semelhante a outros países inicialmente, mas com uma recuperação tardia de confiança, fundamentos deteriorados, inadimplência e incerteza política, tudo indica que haverá uma demora maior para se recuperar frente aos países desenvolvidos”, disse Molan durante o Webinar.
A classificação de risco para o país também está pior, com probabilidade de downgrade e dívida não controlada, o que impacta no resultado fiscal que deve chegar a 12% do PIB, levando a uma necessidade de redução do déficit no próximo ano, avalia o economista. Além disso, com o câmbio fraco e os juros e inflação baixos, há risco de desequilíbrio. “A conjuntura atual gera oportunidade no mercado de dívida. Condições estão favoráveis, instituições públicas estão mais agressivas na oferta, e as privadas mais seletivas, mas sob pressão”.
Tendências de TI – Apesar do cenário incerto, mudanças permanentes afetarão alguns setores de maneira heterogênea. Molan destaca que a crise traz a decorrência da terceirização e do home office, e as tendências de TI também permanecem, com acesso remoto, ferramenta de gestão, cloud e relacionamento próximo com fornecedores. “Na medida em que se vê a redução de custos com trabalho remoto, isso vem para ficar. As tendências a se devolverem não voltarão atrás”, destacou.
Transferir o presencial para o remoto gera uma mudança de comportamento, com maior oportunidade de investimentos em tecnologia que auxiliem e agreguem valor a essa nova forma de se pensar o negócio. “Temos oportunidades em termos de big data, acesso à informação, podendo conhecer o comportamento do cliente e enxergar melhores condições para reduzir custo”, disse Molan.
O grande desafio, contudo, está na segurança da informação. “Precisamos desenvolver formas inteligentes e eficientes de permitir o acesso a informações confidenciais, dar autorizações e fazer transferência de valores de maneira remota. É preciso ainda ter atenção na relação entre funcionários, gestores e fornecedores”, alertou.