Getting your Trinity Audio player ready...
|
No último dia 21, a Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos realizou reunião, desta vez sob a condução de Camila Abel Correia da Silva, diretora de Tesouraria e Riscos da AES Tietê, que também fez apresentação sobre a experiência vivenciada na empresa no processo de análise das alternativas de financiamento existentes no mercado local e externo.
Tendo o seu plano de crescimento definido e ancorado na redução de risco, um dos passos foi estudar o mercado (não só de empresas de energia) para saber se poderia chegar num nível de alavancagem maior sem a piora do risco do negócio como um todo “Quando isso ocorre, outras dívidas podem ser reprecificadas, o que pode inviabilizar todo o esforço”.
Opções de crédito – Camila apontou quatro alternativas complementares ao mercado local usual, para otimizar a estrutura de capital: otimização do nível de alavancagem; estruturas de parcerias; emissão de bonds internacionais; e dívidas non-recourse (por projeto).
Na renegociação dos covenants atuais, a proposta é o aumento do índice de alavancagem contratual. “Nesse caso, é preciso considerar a complementação do portfólio, que reduz o risco pela diversificação de fontes; alongamento do prazo da dívida; a realização de investimentos com previsibilidade da receita e a tendência de desalavancagem rápida.
Em relação às parcerias, elas são variadas, tendo objetivo financeiro ou estratégico e de curto ou longo prazo. Para operações híbridas como bonds, o Brasil é subdesenvolvido em relação ao exterior, onde tem instrumentos de longo prazo e que tem registros parciais de dívida e equity.
Outra opção são os bonds internacionais, que embora tenham prazos mais longos, envolvem custos para estruturação usualmente maiores do que o mercado local e o desafio do hedge, se necessário. “É importante considerar que os covenants são mais flexíveis que no mercado local e assim pode ser um passo importante para a flexibilização dos demais instrumentos da companhia”.
A quarta opção apontada pela executiva envolve “dívidas non recourse”, que busca maximizar a alavancagem do projeto tendo um risco independente, sem garantia de um controlador operacional. “Isso envolve mudar o que é praticado no mercado local e buscar incluir na consolidação o conceito de ter apenas os dividendos dos projetos no lugar da dívida e ebitda, podendo ampliar o crescimento”.
Evolução – Para Camila, o mercado tem amadurecido muito com a redução do subsidio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Outros financiadores multilaterais e mesmo locais estruturados de longo prazo passaram a ter mais apetite para analisar os projetos, o que não ocorria antes, pois sabiam que o mercado tinha o BNDES como plano A. Ao mesmo tempo, o BNDES tem aumentado a flexibilização das garantias e condições, com efeito positivo relevante para o mercado”.
Para Thiago Lopes da Siva, tesoureiro da ISA CTEEP (concessionária de transmissão de energia elétrica), seria positivo se o BNDES também financiasse o equity e não apenas o projeto. “Também temos que ficar atentos à baixa demanda, pois quando o mercado aquecer, todos voltaram a procurar o BNDES e outras instituições”.
Camila também lembrou que há ainda as agências de fomento, o financiamento pode ser feito em moeda local (Reais) e com prazos bem longos. O desafio dos demais, mesmo tendo prazo longo também, volta a ser o instrumento de hedge.”, esclarece a executiva. Bruno Nespoli Damasceno, economista da tesouraria da Monsanto, acrescentou que as empresas multinacionais ou ainda as nacionais que operam com receita em moeda estrangeira ou ainda baseada em commodities têm mais facilidade na obtenção de financiamento, por ter mais opções no mercado estrangeiro além do local.
Critérios – Camila disse que a definição da melhor opção para captação depende de alguns critérios. O primeiro deles é o custo e envolve fatores como o indexador, o spread de risco, a necessidade de hedge cambial e a decisão sobre a alocação do financiamento em uma empresa com lucro real ou presumido.
Também é preciso considerar o prazo médio e não apenas o final, além da necessidade de evitar concentrações no fluxo de pagamentos já existente. “Também deve ser relativizado o custo com o prazo, especialmente quanto haver necessidade de hedge cambial, e se há possibilidade de realavancagem ao longo do tempo do projeto”, pondera Camila.
A executiva diz ainda que é preciso considerar as obrigações gerais de fazer e não fazer (covenants financeiros e não) e a diversificação de bolsos, ou seja, avaliar que é mais complexo ter mais de um financiador no projeto, mas a melhora das condições financeiras e o acesso para o volume total podem compensar, por exemplo.
Evento – A comissão também tratou sobre o evento que será realizado no dia 26 de setembro e que terá como tema “Eleições 2018 e seus impactos no mercado”. Os participantes já confirmados são: Marcelo Antônio de Jesus, CFO da Eletropaulo; Rodrigo Alberto Correia da Silva, consultor em Relações Governamentais; e Gustavo Arruda, economista do BNP-Paribas.