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Transição de carreira: como estruturar seu plano e alinhá-lo ao mercado pós-pandemia

O passo a passo para um bom plano de transição de carreira e os perfis financeiros mais demandados pelo mercado foram abordados na live “Transição de carreira…um recomeço”, realizada pelo IBEF SP no dia 10 de março.

“Independente de você estar em um momento de transição, preocupado com o futuro, ou qual seja sua situação atual, este é um tema super relevante para todos nós”, destacou Ronaldo Fragoso, vice-presidente do IBEF SP e sócio da Deloitte, host do evento.

Em bate-papo com o público, o vice-presidente do IBEF SP Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page, maior empresa de recrutamento de executivos da América Latina, o diretor Lucas Oggiam, e a consultora sênior Laura Pereira, também da Michael Page, ofereceram dicas para quem está em transição ou se prepara para uma.

Esteja aberto a “mudanças de rota”

Antigamente, o plano de carreira era como o Garmin, um GPS de rota fixa. “Hoje qualquer plano de carreira está muito mais para o Waze: o trajeto será recalculado várias vezes, você ficará na dúvida se está no caminho certo, mas uma coisa é fato: será muito mais dinâmico”, ressaltou Basaglia, com bom humor.  

Muito já se falou sobre a influência do Q.I. (Quociente de Inteligência) e Q.E. (Quociente de Inteligência Emocional) na carreira. E, na era da revolução tecnológica, não é a inteligência artificial, mas sim a inteligência emocional que continua a ser a maior “assassina de empregos”.

Pesquisas internas da empresa de recrutamento apontam que 91% dos profissionais são contratados por habilidades técnicas e depois demitidos por questões comportamentais. É o caso do executivo admitido por seu currículo e experiência e depois desligado por não saber trabalhar ou colaborar em equipe.

Mas, segundo Basaglia, uma nova dupla de letras ganha ainda mais força no atual cenário – o Q.A. – Quociente de Adaptabilidade.  “O Q.I. te coloca no jogo, o Q.E. vence a partida, mas o Q.A. é que te faz ganhar o campeonato” completou, sobre a importância de sair da zona de conforto e buscar constante evolução.

Cinco passos para criar o seu plano

Independente de você buscar uma nova posição agora ou apenas no futuro, existem cinco passos essenciais para estruturar um bom plano de transição de carreira, destacou o diretor geral da Michael Page. Confira:

1. Conheça a si mesmo – O momento de transição pode ser uma ótima oportunidade para refletir sobre quem você é, como deseja impactar o mundo, e quais habilidades possui, para além da experiência registrada no currículo.

2. Entenda o que você quer – O que você deseja para sua carreira? Será que a última posição que ocupou é sua meta em outra empresa? É o momento também para conversar com o máximo de pessoas para ajudar a identificar esse objetivo.

“Durante a transição de carreira, muitas pessoas cometem o erro de pegar a posição que ocupavam e sair procurando a mesma coisa no mercado. E não necessariamente é isso que as fará felizes e nem essa posição existirá em outra companhia”, ressaltou Basaglia, destacando a importância de ampliar as possibilidades.

3. Identifique os skills e conhecimentos que precisa – Uma vez que você se conhece e sabe para onde quer ir, é hora de fazer o gap analysis – entender quais habilidades possui, quais precisa desenvolver e quais deve aprender para alcançar seu objetivo.

4. Classifique seu networking – Olhe para sua rede de relacionamentos e separe as pessoas em grupos; esse exercício te ajudará a extrair o potencial do networking a favor dos objetivos do seu plano. Uma recomendação é diferenciar em grupos A (amigo), B (bom contato), C (contato) e D (quem desejo conhecer).

Essa classificação o ajudará a planejar uma abordagem diferenciada para cada grupo, o que é essencial. A boa gestão do networking também exige traçar metas: quais pessoas do grupo B podem virar A, C podem virar B, e assim por diante, observou Basaglia.

5. Construa seu plano – Identificados os pilares, é hora de escrever seu plano. Pode ser 1 página, algo bem estruturado e objetivo, que você deverá consultar com frequência para verificar o quanto já avançou e ainda precisa evoluir.

Basaglia propôs, ainda, que os profissionais façam importante reflexão para esse plano de transição: Qual o seu lugar de potência? Ou seja, identifique o conjunto de competências que você possui e tem grande capacidade de entrega, e cruze com as necessidades do mundo atual. “Isso o ajudará a perceber onde é capaz de fazer a diferença e como se posicionar da melhor forma”.

Perfis financeiros mais procurados pelas empresas

Os perfis para a área financeira mais demandados pelas companhias sofreram mudanças ao longo de 2020, observou o diretor da Michael Page, Lucas Oggiam.

No período pré-pandemia, houve boom de vagas para M&A, planejamento financeiro e report. De março a agosto e setembro, ganharam força vagas de auditoria, compliance e controles internos. E no último trimestre do ano houve novo boom para posições em planejamento financeiro e business finance como um todo.

Mais seniores, especialistas e diversos – Três mudanças fundamentais de 2020 se mantêm nos perfis mais demandados, observou Lucas: prioridade dada por empresas e executivos à aderência da cultura organizacional e seu impacto na saúde mental; busca por profissionais seniores, com profundidade de conhecimentos em áreas como contábil, tesouraria e tributária e, ao mesmo tempo, capacidade para aprender novas competências e gerir outras áreas; financeiros que consigam operar como se estivessem à frente do negócio, com visão comercial.

Outro ponto destacado por Lucas e Laura foi a crescente demanda para o preenchimento de posições de liderança com profissionais que representem minorias. “Hoje 80% dos nossos parceiros observam se o candidato tem a competência de pensar de forma diversa. Seja por ter a mentalidade de diversidade ou efetivamente ser uma pessoa que represente essa diversidade”, ressaltou Lucas.

Seleções exclusivas com mulheres para cargos de liderança na área financeira, por exemplo, foi uma vertente forte em 2020. “As mulheres alcançaram vários espaços de poder, mas ainda não estão no topo da hierarquia”, observou Laura, notando que quanto mais diversidade em posições de Diretoria e Conselho, maiores as chances para que ela seja cascateada do topo à base.

Proteção de pessoas, caixa e parceria com o negócio – Laura destacou ainda outras três tendências de recrutamento que devem perdurar após a pandemia: profissionais com olhar forte para proteção de pessoas na cadeia do negócio (colaboradores e fornecedores); proteção do caixa (visão sobre onde buscar crédito, investir receita e bom relacionamento com mercado); análise de oportunidades (retomada de projetos e novas estratégias para o negócio); habilidade para transitar e se relacionar com as outras áreas do negócio (business partner).

“O profissional de finanças precisa se perguntar: eu tenho esse perfil dentro da estrutura da companhia? Que exemplos práticos tenho para contar ao mercado que materializam essas habilidades e mostram que posso ser o candidato ideal?”, aconselhou a consultora.

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