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Considerado o ano da ¨tempestade perfeita¨, na avaliação de economistas e executivos, 2022 deve ser tão ou mais desafiador que 2021. Na live ¨Perspectivas 2022¨, realizada pelo IBEF-SP em 28 de janeiro, três CFOs experientes compartilharam seus aprendizados e opiniões sobre as competências que farão a diferença neste ano.
O evento teve como host Luis Carlos Cerresi, 1º Vice-Presidente do Instituto e CFO da Nutrien na América Latina, e os speakers convidados: Flavia Schlesinger, CFO da Pepsico Brasil, João Ribeiro, CFO da Dell, e Vivianne Valente, CFO do Grupo Tigre e vencedora do Prêmio Equilibrista 2019.
“O CFO tem muitas atividades. E uma delas é ajudar fortemente na navegação do negócio. Sabemos que o ano de 2022 começa com vários desafios”, destacou Cerresi. A conjuntura não é animadora: continuidade da pandemia de covid-19, ambiente inflacionário, aumento no custo do dinheiro e desafios nas cadeias de suprimentos, entre outros desafios, somam-se às incertezas de um ano eleitoral no Brasil. Mas, como lembraram os convidados, onde há crise também existe oportunidade.
Resgate de competências financeiras – Ao comentar as lições deixas por 2021 e que devem ser mantidas para 2022, Flavia Schlesinger destacou que o principal aprendizado foi o desenvolvimento de competências organizacionais ágeis e flexíveis, que permitam fazer a gestão do negócio mediante qualquer crise, e também o resgate das competências financeiras para atuação em ambiente hiper inflacionário.
Outra competência financeira que será intensificada em 2022, segundo a CFO, é a gestão de receitas (revenue management) para evitar a erosão das margens. Ou seja, trabalhar os pontos de preço corretos com o consumidor e o cliente, para que se consiga repassar a inflação, mantendo o negócio rentável, sem impactar de forma negativa a demanda do consumidor, que já se encontra pressionado.
Conexão com o consumidor – Na ponta das oportunidades, Flavia destacou o avanço da digitalização nos negócios e crescimento nos canais digitais no varejo, a conexão com o consumidor e o avanço da agenda da sustentabilidade. Neste último ponto, um exemplo é a plataforma de positividade, desenvolvida pela Pepsico, que coloca a sustentabilidade no cerne de como a companhia vai gerar crescimento e valor para seus stakeholders nos próximos anos.
¨Apesar da crise, para as empresas de varejo, para as empresas B2C, o cerne é o consumidor. Entender o seu comportamento e entregar valor para ele. Acreditamos que dessa forma, e com foco na sustentabilidade, conseguimos entregar os resultados apesar das crises¨, completou a CFO da Pepsico.
Flexibilidade e preocupação com a saúde – Para Vivianne Valente, CFO do Grupo Tigre, a palavra de 2022 será: flexibilidade. Ela lembrou que no início de 2021, acreditava-se que, com o avanço da vacinação, se apresentaria um cenário de estabilidade nos negócios, o que acabou não se concretizando. No planejamento da companhia para 2022, por exemplo, chegou-se a avaliar a realização de orçamentos trimestrais.
O desafio da cadeia de suprimentos, que inflacionou preços em 2021, continua em 2022. Já se vê um novo aperto na cadeia, em razão do absenteísmo provocado pela nova onda de infecções por covid-19. ¨Então, um aprendizado que continua forte é a preocupação com as questões humanas e de saúde e seus impactos no negócio”, observou a CFO do Grupo Tigre.
Gestão de capital de giro e investimento – A volta do custo do dinheiro a patamares extremante elevados traz um desafio adicional aos CFOs para a gestão do capital de giro, acrescentou Vivianne. ¨A necessária gestão de capital de giro alinhada a um momento em que a cadeia de suprimentos continua desafiada, no qual se precisa ter uma política mais conservadora de estoque, para não faltar produto, traz um desafio adicional nesse cenário de aumento de taxa de juros¨.
Em relação às oportunidades, a CFO lembrou que a companhia mantém investimentos importantes, em especial na área de saneamento, que está alinhada ao seu propósito. ¨A MP do Saneamento, a entrada dos operadores privados nesse mercado é a nossa maior oportunidade no Brasil. Outra grande oportunidade está nos EUA, cujo governo fará investimentos pesados nessa área para os próximos anos; não é por outra razão que adquirimos uma empresa no mercado americano¨, destacou a CFO da Tigre.
Agilidade e transformação digital – João Ribeiro, CFO da Dell, destacou que nos últimos dois anos aconteceram mudanças que se esperariam para uma década em tempos normais. Nesse período ficou evidente a importância da tecnologia para a adaptação à nova realidade e a flexibilidade de se ter planejamentos para diferentes cenários.
Assim, além da flexibilidade, a ¨agilidade¨ é um aprendizado importante para este ano. ¨Você deve acompanhar o seu negócio no dia a dia e ir ajustando os seus planos. Essa é uma demanda que nas empresas de tecnologia já era comum. O nosso limite de longo prazo é muito menor que o das outras companhias, porque a tecnologia muda todo dia¨, destacou. ¨ A transformação digital veio para ficar e precisa estar na agenda dos líderes financeiros para 2022 e os próximos anos¨, adicionou o CFO da Dell.
Expansão do papel do CFO – João destacou que a pandemia também evidenciou a questão humana e a expansão do papel de liderança do CFO. Este executivo, cuja atuação já era bastante ampla, além de olhar para P&L e caixa com atenção neste momento, terá que participar ainda mais de todas as estratégias do negócio que vão desde posicionar a empresa, do ponto de vista digital, a cuidar das pessoas.
Sobre as oportunidades, além do fato de o Brasil ser um mercado gigante para o crescimento de tecnologia, que deve ganhar ainda mais tração com a implementação do 5G, o CFO da Dell reforçou a importância de as empresas colocarem as agendas de ESG e Diversidade e Inclusão em suas prioridades, bem como continuarem investindo no futuro do trabalho – anywhere, anytime -, pois já não há fronteiras para os talentos. ¨2022 é mais um passo em uma grande jornada nossa. Nosso plano é continuar crescendo e garantir que criemos tecnologias que permitam o desenvolvimento humano¨.