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Você está pronto para ser um “líder-coach”?

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Simone Borsato, CFO da Elektro, conta os segredos da cultura da empresa que registra 98% de satisfação dos colaboradores

O líder-coach tem interesse genuíno pelo desenvolvimento do time, destaca Simone Borsato. Fotos: IBEF SP

O tema “gestão de pessoas” ganhou o centro das atenções no primeiro encontro de mentoring com Simone Borsato, realizado em 1º de junho. Não poderia ser diferente. Afinal, a terceira convidada do programa realizado pelo IBEF Jovem é a CFO da Elektro, empresa que registra um índice de 98% de colaboradores satisfeitos – com espantosos 100% de satisfação dos funcionários na área financeira.

Qual seria o segredo para manter um time tão feliz? Primeiro, contou Simone, é que desenvolver pessoas nesta companhia não é algo limitado a uma política de RH – mas visto como uma diretriz estratégica pela alta gestão. “Nosso CEO, Marcio Fernandes, acredita em investir nas pessoas. O segredo da empresa é que todo gestor precisa saber lidar com pessoas; cada líder tem que ser um “líder-coach”, ou seja, precisa ter um interesse genuíno pelo desenvolvimento do time”.

E quais habilidades um líder-coach deve ter? De acordo com Simone, ouvir as pessoas, encantar o time, relacionar-se bem com os outros, ser justo ao dar oportunidades, ter flexibilidade, coerência, e ética, acima de tudo.

Essa filosofia tem dado muito certo, pois a companhia foi eleita pela terceira vez consecutiva como a Melhor Empresa para Trabalhar no País, e pela segunda vez como Melhor Empresa para Trabalhar na América Latina, pela pesquisa Great Place to Work. A Elektro é a terceira maior distribuidora de energia de São Paulo e a oitava maior do Brasil, conta com 3,7 mil colaboradores e tem faturamento bruto de R$ 9,6 bilhões.

Trajetória de aprendizados – Atualmente a única mulher em posição de CFO no conglomerado de energia em que trabalha, Simone Borsato contou aos participantes como trilhou sua ascensão profissional em uma época em que as referências femininas em posição de alta gestão eram ainda mais escassas no mundo corporativo.

Com apenas 14 anos de idade, mas já demonstrando iniciativa de gente grande, Simone conquistou seu primeiro emprego no Bradesco. De lá para cá, não parou mais de trabalhar.  Depois do banco, passou por grandes empresas nacionais como Grupo Ultra e Eucatex. Em cada experiência profissional, Simone teve um novo aprendizado e subiu mais degraus em direção à alta gestão. “Tive a sorte de trabalhar com equipes e gestores competentes, pessoas em que eu pude me espelhar e formar meu próprio estilo de liderança”, lembrou a executiva.

Amor à primeira vista – Contudo, Simone possuía um sonho ainda não realizado: queria ter uma vivência internacional. Foi quando decidiu morar por 1 ano na Nova Zelândia – motivada pela boa experiência de uma amiga que havia voltado do país recentemente – e lá “turbinou” o inglês e também fez muitos amigos.

Quando retornou ao Brasil, em um domingo, mal teve tempo de parar. Na quarta-feira seguinte já estava trabalhando, a convite de um ex-chefe. Alguns meses depois, conheceu a Elektro e, como ela mesmo disse, foi “amor à primeira vista”.

“Fui trabalhar ganhando menos e com um cargo abaixo, mas tinha ótimas perspectiva de crescimento profissional dentro da empresa. Acreditei naquela oportunidade e no meu potencial”, contou a executiva, que entrou na Elektro como analista sênior de tesouraria e hoje é CFO.

Oportunidade e iniciativa – Na empresa há 13 anos, Simone Borsato é um grande exemplo do feliz encontro entre um talento que tem muita iniciativa e uma empresa que dá muitas oportunidades.

Após começar como analista sênior de tesouraria, a executiva não se acomodou e buscou novos aprendizados. Pediu ao CFO da companhia a oportunidade de liderar a área de Operações Financeiras, e depois a área de Relações com Investidores. Com o passar do tempo, agregou cada vez mais áreas sob sua liderança, até se tornar gerente executiva financeira e depois gerente executiva de controladoria. “O segredo é ter proatividade e buscar conhecer os principais desafios da companhia, transformando-os em oportunidades.”

Quando o então CFO deixou a companhia, a transição do cargo para Simone foi natural. Ela já estava inserida no plano de sucessão, e foi preparada pela empresa para este momento.  “Ao longo de minha trajetória tive vários mentores e com cada um aprendi a desenvolver habilidades. Com o CFO anterior, aprendi a importância da excelência técnica. Isso gera credibilidade. Todos os trabalhos que saem da área financeira seguem esta excelência”, destacou Simone, orgulhosa. Hoje a CFO tem sob sua tutela as áreas de planejamento financeiro e estratégico, contabilidade, fiscal, gestão de ativos, suprimentos, controles internos, tesouraria e RI.

Engajando o time – Tornar a área financeira um lugar de pessoas engajadas e felizes foi uma das bandeiras que Simone Borsato abraçou em sua gestão. “O time é quem determina o sucesso do executivo. Por isso precisamos ter especial atenção para estruturar as equipes, engajar e desenvolver as pessoas”, ressaltou.

Montar equipes que tenham diversidade e pessoas engajadas em todas as posições, isso é fundamental. “Quero ver brilho nos olhos. É isso o que buscamos nas pessoas e também procuramos desenvolver. Uma parte disso é inerente à pessoa, mas o líder também tem seu papel”, afirmou Simone.

“O líder precisa criar movimento. Desafiar, estimular o engajamento do time e a criação de vínculos entre as pessoas”, destacou a CFO. Um exemplo dessa mudança ocorreu na dinâmica das apresentações de resultados da companhia. Em vez de uma sonolenta exibição de slides, o momento conta com um animado quizz. Os colaboradores são divididos em times e a equipe vencedora é premiada. “Por conta dessa dinâmica diferente, com um espírito de competição saudável, todos buscam entender os resultados da companhia”, observou.

Corrente do bem – Na Elektro, os gestores são orientados a fazer recrutamento interno antes de buscar qualquer profissional no mercado. “Por isso eu incentivo meus gestores para que criem uma linha de sucessão nos seus times. A saída de uma pessoa pode significar a promoção de várias outras que irão avançar posições na linha de sucessão. É preciso trabalhar para manter essa corrente, que garante continuidade e cria um ambiente motivacional dentro da empresa. A fila anda e todos crescem juntos”.

O recrutamento interno também é feito “across the board”, ou seja, os profissionais de uma área podem, se assim desejarem, migrar para outra quando surge uma vaga. A posição é publicada na intranet da empresa e todos os colaboradores que atenderem os pré-requisitos serão entrevistados. Um profissional de RI, por exemplo, pode se candidatar para uma vaga no setor de contabilidade.

Encantando o time – Simone Borsato destacou que o gestor não pode barrar esse movimento, tentando impedir que seu talento vá para outra área. “E aí entra a questão de o líder procurar encantar o time para manter seus talentos, e o interesse genuíno pelo desenvolvimento das pessoas. Às vezes, aquele profissional pode se desenvolver melhor em outra área, e você tem que respeitar isso”.

A CFO contou que também faz questão de participar do processo seletivo de estagiários para identificar novos talentos, afinal eles são a base da linha de sucessão. “Ali já começamos a identificar os talentos e tentamos ‘conquistá-los’ para a nossa área”, disse Simone.

Nesse “mercado livre” de talentos, no qual os colaboradores têm liberdade para fazer seus movimentos e os gestores podem identificar talentos de outras áreas e atrair para as suas, o desempenho do líder ganha ainda mais peso. “Isso gera uma responsabilidade ainda maior de dar oportunidade para os profissionais que não quero perder no meu time. É um trabalho contínuo. Você precisa manter todo mundo engajado, se sentindo valorizado para fazer o melhor”.

Principal ativo – Simone Borsato destacou que a carreira é o principal ativo de um profissional. “Você deve tratá-la com essa importância, pois todo o restante – dinheiro, sucesso, realização – advém dela. Dê a ela a importância que tem, e isso vai desde a forma como você se posiciona, se relaciona, se veste, se comporta… Tudo isso faz parte de construir uma carreira”.

Outro conselho da CFO é que os profissionais façam movimentos calculados e estudem muito bem as empresas em que irão trabalhar. “Ter uma estratégia para a sua carreira, checar se a empresa possui planos de desenvolvimento para você, tudo isso é muito importante”.

A construção da carreira também passa pela habilidade de desenvolver relacionamentos, ressaltou a CFO. “Muitas das oportunidades que tive decorreram de relacionamentos e contatos que cultivei. As soft skills são importantes. Não adianta saber muito tecnicamente e não ter habilidade comportamental que coloque esse conhecimento em prática. A forma como você se relaciona faz parte da imagem que você está construindo”.

Como lição de casa, a CFO convidou os participantes a fazerem uma reflexão sobre sua própria marca pessoal, e os pontos fortes que possuem, bem como as características pelas quais gostariam de ser lembrados.

Impressões dos participantes:

“Gestão de pessoas é um grande desafio. Gostei que a Simone Borsato falou sobre isso. Um dos motivos por que vim para o IBEF foi para poder conhecer e me relacionar com pessoas da minha área. Foi o meu primeiro mentoring e gostei bastante. Foi muito produtivo e interessante”, dito por Anna Caroline Stem de Oliveira.

“É o segundo mentoring do qual participo. O fato de a mentora ser uma CFO, que trabalha em uma empresa grande e que está no Great Place to Work, me interessou muito. Gostei muito dos conselhos sobre relacionamento e planejamento de carreira”, dito por Rodrigo Januário.

“Na minha empresa, não tenho contato direto com o CFO. Essa foi uma grande oportunidade de estar próximo de um grande líder de finanças”, dito por Felipe Maia Alves.

“Olho para a Simone Borsato e vejo quem eu gostaria de ser. Para nós, mulheres, isso é importante: ter contato com uma CFO, uma referência na qual posso me espelhar”, dito por Maira Galuzio.

“O mentoring foi super bacana. É muito bom ouvir a trajetória e a experiência de quem chegou ao topo. A Simone Borsato é uma pessoa simples e muito simpática. Gostei bastante. Que venham os próximos!”, dito por Andrea dos Santos Stelmar Netto.

“Gostei muito. Estou na fase de construção de carreira e participo de mentoring na empresa em que trabalho, mas essa experiência de hoje me ajudou a abrir horizontes. A Simone Borsato é uma pessoa carismática, que gosta do que faz e tem disponibilidade para ajudar os outros. Isso é muito motivador”, dito por Lucy Tomie Takahashi.

(Reportagem: Débora Soares)

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