Compartilhar experiências e contribuir no desenvolvimento das carreiras de jovens talentos. Esses foram os ingredientes do mentoring realizado pelo IBEF Conecta Jovem na noite de 20 de março, na sede da Paramount Brasil. Na mentoria, a CFO da companhia, Carla Westphal, falou sobre a sua experiência e carreira de mais de 20 anos na área de entretenimento.

Carla, que iniciou a sua carreira na Fox Sports, em Los Angeles (EUA), tem passagens pela Fox Brasil, Publicis e, acumula agora o cargo de CFO da Paramount com cadeiras nos conselhos do Porta dos Fundos e da Accounting for Sustainability. “Eu gero valor para as empresas, ajudo elas a chegarem aos seus resultados estratégicos, financeiros e operacionais por meio da minha atuação em finanças, operações e desenvolvimento de pessoas”, resumiu a executiva no início de sua apresentação.

Esta descrição é, inclusive, uma das lições que Carla deu aos mentorados durante o evento. Ela destacou a importância de saber se comunicar de forma eficiente, passando a mensagem de forma clara e assertiva. Para ela, os conhecimentos e habilidades técnicas são fundamentais, mas acumular soft skills é essencial para que os profissionais consigam evoluir na carreira e atingir objetivos maiores.

O título da apresentação foi “Usando minha experiência para construir um caminho de sucesso – um guia passo a passo”. E foi nesse formato didático que a executiva passou mensagens importantes aos jovens presentes. “Hoje sou CFO, mas no meu caminho houve muitas pedras. Comecei investindo muito no técnico, abraçando todos os desafios e aprendendo muitas coisas, mas em um momento me dei conta de que não era só o técnico que iria me dar visibilidade, precisava também das soft skills”, contou Westphal.

Conhecimento técnico

O passo um, de acordo com o guia elaborado por Carla, é o “valor do conhecimento técnico”. Ela explicou que isso é fundamental e que é preciso aproveitar o início da carreira para aprender bastante. “Fiz Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas e, depois, lá mesmo participei de um curso de Contabilidade da PwC, que era também uma seleção para ingressar na empresa”, contou.

Após entrar na gigante de auditoria, em um dado momento Carla decidiu que era a hora de aprimorar o inglês. Para isso, conversou com seus pais e foi fazer uma pós-graduação em Los Angeles. Após um ano, já podendo ter um visto de trabalho, bateu em várias portas na terra do entretenimento e acabou galgando uma posição na Fox Sports. “O meu desafio era ter uma empresa que gostasse de mim e que patrocinasse o meu visto. Fui na Disney e eles já tinham esgotado a cota de vistos do ano. Na Warner, eles não queriam nem saber de visto. E, finalmente, na Fox Sports deu match”, lembrou.

Após seis meses e uma promoção, Carla se deparou com um novo desafio: ser responsável pela divisão que cuidava da venda dos direitos esportivos para o mundo inteiro. “Quando eu olhava para o próximo passo, pensava que não iria conseguir, mas fui lá e fiz. E a mensagem que fica é: não existe nenhum desafio impossível, sempre é possível aprender”, destacou. “O meu objetivo lá era cuidar da América Latina e eu consegui”, complementou.

Sobre este primeiro passo, a executiva deixou algumas lições práticas: nunca ache que não tem competência técnica suficiente para o próximo nível; saiba que vai aprender coisas novas a vida toda; faça análise dos seus gaps de forma recorrente.

O passo dois é “você precisa ser estratégico”. Ela explica que não é suficiente ter o conhecimento técnico e não saber usar isso de forma estratégica, novamente citando momentos da sua carreira para exemplificar. No período de atuação na Fox Sports, já cuidando da América Latina, a empresa resolveu fazer uma joint venture. “Fui entender como o projeto estava acontecendo, participei e me tornei head financeira. Participar de projetos estratégicos não é fazer tudo que as pessoas pedem, não é ficar super ocupado. É escolher a coisa certa e o que vai te dar visibilidade”, disse.

Network estratégico

Ao voltar para o Brasil, Carla trabalhou nos canais da Fox. Neste período, a News Corp – proprietária da Fox – havia comprado o MySpace, que abriria um escritório no país e ela começou a se envolver neste projeto, ajudou, ganhou experiência e network. “A pessoa que veio aqui abrir o escritório e eu ajudei é a mesma que me indicou para a Paramount muitos anos depois”, revelou. “As relações que a gente cria são muito importantes e mostrar o seu trabalho pode abrir possibilidades no futuro”, comentou.

Desde que a executiva chegou à Paramount, há 15 anos, foram muitos desafios. A empresa saiu de um canal para seis, depois com o streaming Paramount Plus e Pluto TV, a aquisição do Porta dos Fundos e a estruturação da operação da MTV. “Nesse período, eu ainda fiquei grávida e, mais recentemente, abracei RH e operações”, contou Carla.

As lições práticas deixadas por ela neste segundo passo são: ter objetivos claros; qual novo projeto estratégico que você pode se envolver; fazer com que pessoas conheçam você e o seu trabalho; criar conexões na empresa; buscar sempre conhecer alguém nos eventos que participar; e, por fim, ter um “Elevator Pitch” – que significa saber descrever você e o que faz em poucas palavras – assim como Carla Westphal fez no início da apresentação.

Soft skills

O terceiro e último passo é a importância das soft skills. Para ela, não basta ter conhecimento técnico, é preciso saber se adaptar às diversas situações, entender o contexto e criar relações para dar o próximo passo. “Usem o autoconhecimento, sejam empáticos com as pessoas e procurem se conhecer”, aconselhou. “Saber o que funciona para você e o que quer é de suma importância”, complementou.

E como lições práticas para este último passo ela destacou: investir nas relações dentro e fora do trabalho; continuar participando dos eventos; buscar um mentor dentro e fora do trabalho; e avaliar se a comunicação está sendo bem-feita.

Para concluir, a executiva reiterou que embora os três passos apresentados sejam essenciais, são realmente os soft skills que levarão os profissionais ao próximo passo da carreira.