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IBEF Global: Mundo “em beta” desafia empresas a se transformarem

A importância da transformação para os negócios foi tema de evento do IBEF Global, realizado para convidados na última quinta-feira (24).

Evento realizado pelo IBEF Global teve como público-alvo executivos convidados de perfil internacional

Em 2000, o então CEO da Blockbuster, John Antioco, tomou uma decisão da qual deve ter grande arrependimento. Ele recusou a oferta de Reed Hastings, fundador da Netflix, de comprar por 50 milhões de dólares o pequeno e inovador negócio de locação de filmes por correio, que cobrava apenas uma taxa fixa do cliente.

13 anos depois, a Blockbuster anunciava o fim de suas atividades. Enquanto a Netflix, que passou a oferecer o serviço totalmente online, já atuava em 40 países, e era avaliada em mais de 30 bilhões de dólares pelo mercado.

Histórias semelhantes, em que pequenos players com uma proposta inovadora são subestimados por grandes empresas e acabam por tomar seu mercado, se repetem em diferentes indústrias. E isso tem preocupado – ou, pelo menos, deveria – os executivos responsáveis por tomar decisões estratégicas.

O alerta vem de Mário Roberto Leão, vice-presidente executivo do segmento Corporate do Banco Santander Brasil, em sua palestra no coquetel realizado pelo IBEF Global. O evento regido pelo tema “Empresas e processos em transformação no mundo contemporâneo” foi patrocinado pela PwC.

Mário Roberto Leão, vice-presidente executivo do segmento Corporate do Banco Santander Brasil

Abraçando as fintechs – Diferente do que ocorreu com a Blockbuster, o surgimento de startups que se propõe a oferecer serviços financeiros ao consumidor, com custos mais baratos do que os bancos, não representa uma sentença de morte para as instituições financeiras, observou Leão.

“As fintechs prestam um excelente serviço aos bancos, pois lembram que é preciso se reinventar”, destacou o executivo do Santander. “O serviço do banco não mudou na essência, mas é preciso fazê-lo de forma diferente. E isso significa mudar processos, a forma de gerenciar times e usar a base de informações para criar uma nova experiência para o cliente, mais interativa e customizada”.

Segundo Leão, em vez de rechaçar as startups, o banco se aproximou delas. Hoje procura aprender com os novos players, os patrocina e oferece mentoria por meio do programa de aceleração “Radar Santander”.

Produtos “em beta” – A baixa previsibilidade das mudanças e o conceito de mundo em “versão Beta” (termo aplicado a produtos em fase de desenvolvimento ou teste) são dois grandes desafios enfrentados pelas empresas, destacou o palestrante.

Tema da palestra instigou debate entre executivos

Está acontecendo a mudança do paradigma da cultura da perfeição para o da cultura da inovação, disse Leão. “As empresas aplicam cada vez mais produtos e serviços em versão beta para os clientes, como forma de ganhar agilidade e aumentar o volume de novas ofertas”.

Um exemplo vem da própria transformação digital vivenciada pelo banco. Se a instituição antes levava até 2,5 anos entre a ideia, desenvolvimento e entrega de um novo projeto, hoje consegue fazê-lo em poucos meses com o uso da Metodologia Ágil, utilizada pelas startups.

Em vez de equipes imensas, os projetos passaram a ser concebidos por pequenos grupos, com perfil multidisciplinar e espírito empreendedor – tendo em mente que o produto lançado sempre pode evoluir para versões 1.1, 1.2, 1.3.
A diversidade é valorizada em seu amplo conceito – envolvendo não só as características físicas dos colaboradores, mas também buscando diferentes perfis de formação e carreira.

Quarto evento realizado pelo IBEF Global registrou sucesso de público

“Hoje conseguimos obter projetos mais ágeis e entregar muito mais serviços de forma imediata para os clientes, atendendo rapidamente suas necessidades”, ressaltou o executivo. Um dos aplicativos do banco, por exemplo, passou por 36 atualizações em apenas 1 ano – metade do tempo antes gasto para lançar o que seria a versão 1.0 de um projeto.

Perspectiva para o Brasil – Questionado sobre a visão do grupo espanhol sobre o País, no momento em que o mercado brasileiro atravessa uma das piores crises econômicas de sua história, Leão assegurou que essa visão permanece positiva.

“O Santander já fez aportes de 30 bilhões de dólares no Brasil, nos últimos 20 anos, e está extremamente feliz com o País, que representa 30% das receitas do grupo no mundo – e esse percentual está crescendo. O banco está atento ao que está acontecendo, mas nosso viés para o futuro é muito positivo”, afirmou o executivo. Leão acrescentou que a mensagem do banco para as empresas é de abertura para fazer negócios.

Marco Castro, presidente do IBEF SP

O que vem a seguir – Para o vice-presidente, o futuro dos bancos passa pela digitalização, mas isso não significa o fim das agências físicas – como ocorre com as videolocadoras.

“A agência nunca perderá sua função de ponto de contato com o cliente, mas entendo que haverá uma mudança em sua concepção”, completou o executivo. Em vez de ser o lugar onde o cliente vai para fazer uma transação – o que já é possível pelo celular – a agência passará a ser cada vez mais uma loja financeira, em que ele irá para discutir opções de investimentos e serviços com o gerente.

Para Leão, a única certeza para o futuro é que o aprendizado não pode parar. “Estima-se que pelo menos 85% de tudo o que conhecemos no último século será diferente nos próximos 10 anos. Estamos aprendendo constantemente, olhando para o mercado, nossos parceiros, clientes. Se nós, empresas, não nos questionarmos sempre, podemos cair no risco da soberba e ficarmos obsoletas”.

George Cavalcante, vice-presidente IBEF Global

Networking internacional – George Cavalcante, vice-presidente IBEF Global, ressaltou que a palestra cumpriu seu papel de ser instigante ao tratar sobre transformação, uma necessidade para todas as empresas.

A missão do IBEF Global é uma extensão da missão do IBEF SP: promover o networking, desenvolver e difundir conteúdo de interesse voltado a executivos com experiência internacional e expatriados.”Temos um comitê que se reúne periodicamente e temos todo interesse de conversar com os profissionais que queiram contribuir com o IBEF Global”.

Membro do comitê, Sérgio Dias avalia que o IBEF Global tem cumprido bem seu papel, e nota que a adesão dos executivos cresce a cada evento. Sócio da PwC, empresa que patrocina os eventos do núcleo desde o início, Dias ressalta que a companhia está pronta para auxiliar as empresas em sua transformação, seja na área tributária, tecnológica, ou outra conforme a necessidade. “Temos o orgulho de estar participando e ajudando nossos clientes nessa jornada transformacional”.

Palestrante e membros do Comitê do IBEF Global

VISÃO DOS PARTICIPANTES

“É a primeira vez que venho a um evento do IBEF, e tudo foi interessante desde o início: a oportunidade de conhecer novas pessoas e a apresentação do palestrante. Todas as indústrias estão passando pelos mesmos desafios de transformação, discutindo tópicos sobre como trabalhar em termos de Agile, com o enfoque de delighting the client. São pontos de discussão comuns, seja em um banco, em uma companhia de TI ou de outro setor. Seguirei conectado e participando ativamente do IBEF SP”, dito por Andres Jalfen, CFO Latam da IBM.

“Estou muito feliz com a evolução desta iniciativa. Vejo o IBEF Global como um polo de atração e retenção de novos associados do IBEF SP. É um aperitivo para que o executivo com perfil globalizado possa vir, conhecer novas pessoas dentro do IBEF SP e se tornar um futuro associado”, dito por Rogério Menezes, CFO da Smurfit Kappa Brasil, e idealizador do IBEF Global.

Andres Jalfen e Victor La Fuente, executivos argentinos

“O mais interessante do evento é o relacionamento proporcionado. É muito bom estar no meio de pessoas que têm atividades similares às nossas. Então vejo como um fórum de conhecimento, de discussão e de partilha. Aquilo que mais gosto é aprender, e quando você está em um evento como esse, sempre se pode aprender algo novo com a experiência de alguém”, dito por Luis Mendes, CFO da Zara Brasil.

“Foi muito legal escutar esses temas não só da empresa em que eu trabalho, mas de outras companhias que têm desafios similares aos nossos, e entender que hoje em dia eles trabalham para o mesmo objetivo: inovação, transformação digital, e mudar a empresa para um mundo mais moderno”, Victor Damian La Fuente, Application Innovation Consulting CFO da IBM.

“A organização do evento foi excelente e a apresentação muito bem estruturada. O tema da palestra é um assunto que preocupa a todos os executivos, independente da indústria. Criou um ponto comum para abrirmos uma discussão e interagir com outros profissionais”, dito por Luiz Ramos e Silva, CFO da Spirax Sarco

Participantes elogiaram a organização

“Gostei bastante do evento e de sua organização. Foi uma ótima oportunidade de networking profissional. Sou nova associada no IBEF SP, vim preocupada por não conhecer muitas pessoas, mas fui muito bem recebida por todos”, dito por Renata Bandeira, gerente tributária da Smurfit Kappa Brasil.

“Foi uma experiência muito boa e importante para conhecer novas pessoas dentro da área financeira. Ainda não sou associado do IBEF SP, mas pretendo me filiar para dar continuidade a esse networking. O tema da apresentação foi muito interessante, e o nível das pessoas que estão aqui também”, dito por Orlando Pereira, fundador da OMP Consulting.

Executivas marcaram presença

 

 

 

 

 

 

(Reportagem: Débora Soares / Fotos: Mario Palhares)

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