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Departamento de tributos se redesenha com Tax Transformation

As novas diretrizes que estão sendo ditadas nas áreas tributárias das companhias têm por trás a revolução de Tax Transformation. O tema foi amplamente debatido por grandes players do mercado no Seminário “Tax Transformation – A função fiscal do futuro”, realizado pela Comissão Técnica de Tributos IBEF-SP, na última quinta-feira (13).

O debate contou com a participação de Alessandra Heloise Vieira, head do tributário para a Claro Brasil , André Barros, responsável pelo desenvolvimento de novos produtos da holding Cassis Group, Bruno Ogusuko, diretor de Desenvolvimento de Negócios Fiscais da SAP, Daniela Meili, CFO da Henkel e Marienne Coutinho, sócia de Tax da KPMG Brasil.

O que é Tax Transformation? – Para Alessandra Vieira, o conceito de Tax Transformation representa uma chance de fazer diferente tudo o que se tem conhecido até agora. “A gente vem de uma oportunidade com as tecnologias que estão disponibilizadas de refazer o que já implementamos. Esta é a hora de sair da operação e focar muito mais na estratégia”, contou a executiva. Alessandra destacou que este processo já está em implementação em sua companhia. Hoje a área de tributos da Claro conta com uma célula de inovação, composta por profissionais de diferentes formações para oferecer um olhar voltado ao fazer diferente.

A executiva observou que o Tax Transformation traz consigo uma nova dimensão da função da área de tributos nas empresas. “Temos um estigma ainda muito complicado, pois 70% do tempo dessa área acaba sendo dedicado na operação e 30%, em média, à estratégia. Com a transformação digital, a ideia é ganhar capacidade de inversão, ou seja, ter mais tempo dedicado à operação, conseguindo por meio da robótica e de outras oportunidades digitais, essa amplitude de visão da própria área”.

Para Daniela Meili, CFO da Henkel, a tecnologia é uma aliada para que se possa desenhar processos bons, limpos e rápidos e aproximar a área tributária das demais áreas do negócio. “Como podemos trabalhar no negócio, junto com a área de marketing, por exemplo, de uma forma que o tax não seja um bloqueador de operação e sim um aliado em agilidade e trazer uma performance melhor para a empresa? Deixando de dedicar tempo à tarefas que o robô vai estar fazendo. Isso é Tax Transformation”.

Empresa em transformação – A CFO revelou os próximos passos da empresa rumo à crescente modernização. ”Estamos passando por um projeto interno muito grande. Vamos sair de uma plataforma local de SAP para uma plataforma global. E o nosso maior desafio tem sido fazer com que os estrangeiros entendam as particularidades de nosso País. Cada passo que se dá dentro de uma operação, dentro de uma empresa, está relacionado a tax¨, destaca. Ela ressalta que a área de tributos está passando por uma transformação em sua maneira de trabalhar e no modelo em que serão formados os profissionais do futuro.

A automatização de processos repetitivos sintetiza a revolução da Tax Transformation, na opinião de Bruno Ogusuko, diretor de Desenvolvimento de Negócios Fiscais da SAP. “Ser digital hoje não significa colocar o robô para corrigir erros. E a área fiscal tem que atender toda a parte regulatória e utilizar a tecnologia para trabalhar de forma proativa, com o uso de machine learning e inteligência artificial dentro do processo. A transformação não é só colocar o robô, mas repensar toda uma cadeia de processos que deve ser implementada”.

Ao ser indagado sobre o que a SAP tem a oferecer para Tax Transformation, Ogusuko revelou que a companhia trabalha em várias frentes. “O core digital engloba tecnologias e soluções em nuvem: seja na parte digital, na parte transacional ou do ponto de vista fiscal¨, ressalta ele. “Conseguimos identificar e diagnosticar, em tempo real, onde está o gargalo no processo de informações ao Fisco. Em cima desse gargalo, colocamos o nosso objetivo. E detectamos os movimentos corretos e incorretos”.

Mudanças no perfil profissional – Marienne Coutinho, sócia de Tax da KPMG Brasil reconhece que havia um abismo entre os profissionais de tecnologia e os profissionais da área de tax. “Estamos em um momento no qual é preciso fechar esse gap. Os profissionais de tributos estão cada vez mais interessados em tecnologia, conhecer nomenclaturas, ter um conhecimento mínimo, até para que possam fazer escolhas. Para fazer a compra certa de um fornecedor e entender o que ele oferece, isso passa a ser cada vez mais necessário. Na KPMG, há um esforço enorme para que os nossos profissionais de tax entendam cada vez mais de tecnologia”, diz.

André Barros, do Cassis Group, apregoa que Tax Transformation deriva da transformação digital. “É a soma da transformação de um negócio com base em tecnologias emergentes, mas sem esquecer o potencial humano. É transformar a companhia e os seus resultados, com a melhor tecnologia disponível, mas com a cabeça, o pensar do ser humano, que ainda é insubstituível. O futuro, nesse quesito, é ilimitado e bastante promissor para os provedores de tecnologia. E também para os usuários, para as companhias que já usam essa tecnologia e precisa encontrar um balanço adequado nessa cooperação”.

Perfil do profissional dos sonhos – Outro ponto alto do debate, os executivos ressaltaram os requisitos que mais têm contribuído para os projetos de Tax Transformation. Os palestrantes destacaram que envolver os outros departamentos é passo fundamental para facilitar a aprovação das iniciativas de inovação.

“Quando as outras áreas participam da construção da ideia, elas se sentem parte do processo e querem que funcione. Quando você já tem a solução pronta e fala: olha, dá o carimbo que está ok, a pessoa não tem esse comprometimento. Porque o comprometimento dela ficará com a área dela, com o risco, o compliance… Então, a criatividade e a agilidade não serão as mesmas em comparação a quando ela participa desde o início do processo. A solução que encontramos foi trazer as pessoas para participarem dos projetos desde o início, em uma tentativa de fazer um esquadrão”, narra Marienne Coutinho.

André Barros observa que o envolvimento dos profissionais tem a ver com a gestão dos trabalhos. “É preciso educar as pessoas de outros departamentos para a inovação, em um grupo único, nessa dinâmica. Quando elas participam, têm uma sensação de empoderamento muito grande, de liberdade de poder criar, contribuir. Então, esse é o caminho”.

O que vem depois: a perspectiva de quem já iniciou a Tax Transformation

A CFO da Henkel, Daniela Meili, imagina um futuro mais eficiente com a Tax Transformation. “Isso deve trazer cada vez mais eficiência para o nosso negócio. Ela vem nos agregar e nos mostrar determinados caminhos a serem seguidos em relação aos assuntos tributários, fazendo com que as nossas equipes possam focar mais na estratégia do negócio”.

Para Alessandra Vieira, head do tributário da Claro Brasil, a Tax Transformation promoveu a renovação de ideias e o replanejamento da área tributária de sua empresa, a partir de tecnologias que estão disponíveis no mercado. “O desafio é usar as tecnologias disponíveis e reduzir os desperdícios. Na área tributária, ainda há muito a aprender”, conclui.

 

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