No último dia 22 de novembro, foi realizado o último almoço do ano da Diretoria Vogal do IBEF-SP. Conduzida pelo vice-presidente de Comissões Técnicas do Instituto, Marcelo Giugliano, que é head de finanças da Amazon. Patrocinado pela Global, o almoço reuniu executivos financeiros de diferentes setores para apresentar os resultados de suas áreas este ano e as perspectivas para 2020, que no geral, foram positivas e com expectativa de crescimento.
Setor de consumo – José Filippo, diretor financeiro e de relações com investidores do grupo Natura, iniciou a rodada falando sobre o avanço da empresa após a compra da Avon, realizada em maio e que deve ser finalizada em 2020. “Como mercado global, estamos crescendo. Na América Latina, temos crescimento em alguns países. O canal eletrônico tem se desenvolvido. A perspectiva para o ano que vem é manter o atual posicionamento, defender a marca diante de um mercado competitivo, e temos a intenção de internacionalizar”.
No mesmo segmento, tratando de eletrodomésticos, Adolpho Neto, CFO para a América Latina da Whirlpool Corporation, que é dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, destacou que a venda do varejo para o consumidor final teve crescimento no final do ano. “No volume físico do mês de outubro, eletrodomésticos da linha branca tiveram crescimento de 11%. Já no acumulado dos 10 meses do ano, de janeiro a outubro, o crescimento foi de 2%. Acreditamos em um quarto trimestre bom, e no ano de 2020 também, mas com cautela”, declarou.
Educação – Mário Mafra, CFO da Editora do Brasil, deu uma visão geral sobre o mercado editorial, destacando que os resultados parciais do ano não são tão otimistas. “Duas grandes livrarias entraram em recuperação judicial. Desde 2016, o número de leitores se estabilizou em 110 milhões de pessoas. Em 2008, o mercado editorial faturava R$ 7 bilhões, e em 2018, caiu para R$ 5 bilhões. O preço médio do livro caiu, mas ainda é caro para um país de terceiro mundo, o que deve ser um dificultador do hábito da leitura”. Mafra disse ainda que 54% desse faturamento de R$ 5 bilhões são de livros didáticos, segmento no qual a Editoria do Brasil está inserida.
Automóveis – Falando sobre o mercado automobilístico, Mario Janssen, CEO da BMW Serviços Financeiros, destacou que o segmento cresceu 9% no Brasil. No setor de financiamento de automóveis, o crescimento foi de cerca de 20%. “Vemos mais interesse, o que mostra mais confiança na mudança da economia para buscar por mais crédito. Com o corte de juros do Banco Central, o crédito ficou mais barato”, comentou.
Construção – Vivianne Valente, CFO da Tigre, ressaltou que o segmento de material de construção cresceu em 2019 após passar por três anos de queda ininterruptas. “Em 2016 e 2017 tivemos retração, e 2018 ficamos estabilizados. Para este ano, há perspectivas de crescimento, sendo que no varejo a previsão de alta é de 6%”. Ela ressaltou que as construtoras precisam criar massa de consumidores, mas que depois de muito tempo, o setor terá uma performance positiva. “Temos uma expectativa, para 2020, de muitos lançamentos, e a expectativa é que construções comecem a acontecer”.
Serviços – Flávia Buiati, vice-presidente financeira e jurídica da Atlântica Hotels, administradora independente de hotéis, destacou que o setor de turismo de negócios teve 60% de taxa de ocupação este ano, o que representa um resultado positivo, com crescimento de preço de 7%. Na área de lazer, a indústria caiu em preço e em taxa de ocupação, com um cenário mais negativo no segundo semestre por conta das manchas de petróleo no Nordeste. “Ano que vem, o segmento de negócios vai retomar e isso deve refletir na indústria, mas para lazer, esperamos um ano melhor com alta do dólar, pois isso pode estimular as pessoas a viajar menos para fora do Brasil, ocupando mais hotéis brasileiros”, complementou.
Inadimplência – Jackson Sá, CEO da Global, vocalizou sobre as inadimplências de empresas, que começaram a ser mais controlada por conta das melhorias de performance com implantação de ferramentas da empresa. “Empresas acabam obtendo ciclo de vendas melhor, as vendas de varejo têm constância maior. A reação do mercado é positiva, embora ainda cresça timidamente. Empresários estão mais otimistas, e o que estava mais retraído hoje está confiante, mas com muita cautela”, destacou.
Paulo Melo, diretor da Serasa Experian, disse que no segmento de credito, há 63 milhões de consumidores e 6 milhões de empresas inadimplentes. “Acreditávamos que com a liberação do FGTS houvesse uma tendência de queda nesse número, e isso ainda pode acontecer, pois 25% dos consumidores têm dívida abaixo de R$ 500”, disse. Em relação ao saldo da carteira de crédito, houve crescimento entre janeiro e setembro. Já a taxa de inadimplência bancária está razoavelmente alta, enquanto o saldo de crédito da carteira setorial, como comércio e serviço, está crescendo.
Recrutamento – Ricardo Basaglia, diretor executivo da Michael Page, disse que a empresa cresceu 4%, em termos globais, sendo 16% na Alemanha, 10% nos Estados Unidos e 7% na América Latina. “No Brasil, o acumulado do ano indica que devemos crescer entre 22% e 25% influenciados pelo setor de TI, agronegócio, saúde, e educação. Crescemos bastante no negócio de terceiros e temporários”. Ele destacou ainda que há 10 anos, as contratações estavam mais rápidas pois o país estava crescendo. “Hoje, apesar da redução de tamanho das empresas, 35% das contratações são de expansão, 60% de substituição, o que sinaliza uma recuperação”.
Mercados – Charles Krieck, CEO da KPMG Brasil, apresentou o termômetro sobre reações do mercado, com destaque para mercado de capitais, que está trabalhando muito após um período estagnado. “Vemos muita emissão de papel, IPO e M&A nas empresas de médio porte, principalmente, o que mostra investimento no mercado”. Ele disse ainda que houve redução de quase 40% no pipeline em meio à crise, e a quantidade de propostas diminuiu, mas nos últimos meses houve recuperação, com aumento de quase 60% no pipeline, o que indica melhoria na atividade.
Complementando o setor, Rafaela Araújo, diretora de relacionamento com estruturadores de ofertas da B3, falou sobre a retomada de emissões de ações, com 34 ofertas, e empresas levantando R$ 65 bilhões este ano, batendo recorde de volume. “Tivemos cinco IPOs este ano, puxados pelo setor de varejo, com demanda forte e participação de investidor local e pessoa física”. Rafaela disse ainda que o mercado de dívida bateu recorde em outubro, com um volume emitido de R$ 220 bilhões, puxado por debênture. “Para o ano que vem, esperamos mais IPOs, e vemos empresas se preparando para acessar o mercado”, destacou.
Visão otimista – O ano está terminando com aspecto melhor do que quando começou, disse o Professo Keyler Rocha em sua avaliação. “No início do ano, o Brasil era olhado como um país de dificuldades e agora estamos em um momento conturbado no mundo todo, e o Brasil despontando com um novo horizonte. Expectativas estão positivas para o próximo ano”.
Novos mantenedores – Durante o evento também foram anunciados a Cel.Lep e a SAP como novas mantenedoras do IBEF-SP. “Temos orgulho de trazer essas empresas para o nosso quadro”, disse Marcelo Giugliano.