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O futuro: CFOnomics?

Os dois últimos anos levaram consigo uma das mais graves crises financeiras da história. Foi um período difícil e desafiador para os profissionais de finanças das corporações em todo o mundo. No Brasil, em particular, o talento do diretor financeiro foi questionado com o advento da crise dos derivativos. No entanto, o papel do CFO transcendeu os elementos tradicionais das finanças clássicas, tornando-o responsável por resultados surpreendentes em muitas organizações, sendo coroado também por implementar o Sped e o IFRS.

Quando realizamos a nossa primeira investigação sobre o papel do executivo financeiro, alguns jovens profissionais ainda viam o controller como o auge da sua ambição profissional. Naquela lógica, os financistas chefes deveriam produzir as declarações fiscais e compilações do orçamento anual. Embora essas funções continuem a ser importantes, os CFOs agregaram novos horizontes por meio da supervisão, com um esforço de compliance regulamentar cada vez mais complexo, o que sancionou o seu ingresso definitivo no campo da tomada de decisões estratégicas a fim de reduzir o tempo e os custos associados à conformidade.

Para desmistificar esses conceitos e discutir o futuro da profissão, o IBEF Jovem realizou um evento celebrando a carreira de finanças*. Na ocasião, vimos, com certa convicção, que os CFOs (e suas equipes financeiras) estão continuamente expandindo as suas atribuições. Eles experimentaram um maior envolvimento no trabalho estratégico e comercial, indo além das conformidades de regulamentações e relatórios financeiros, passando a inserir no cotidiano gestão de risco e controle interno.

O desafio é assumir as novas responsabilidades sem comprometer a qualidade na execução das funções financeiras mais tradicionais. Afinal, além de todas as atribuições, o CFO ainda não poderá prescindir de criar e liderar uma equipe de alto desempenho e alinhá-la com a visão, meta e objetivos da organização, passando-lhe a visão global de negócios.

A incerteza dos negócios nesse pós-crise ainda pode aumentar a contribuição de profissionais de finanças altamente qualificados em suas organizações. Os progressos dependerão de uma liderança forte que alinhe o poder da equipe de finanças a uma visão comum. Algumas técnicas consideradas as melhores práticas em matéria de finanças devem ser repensadas.

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De um lado, grandes organizações estão enfrentando fases de fusão e incorporação (BM&FBovespa, BR Foods, Anbima). De outro, o Brasil tem sido um dos países com maior número e volume de IPOs no mundo. Nessas esferas, os profissionais de finanças possuem uma competência fundamental, pois fornecem a estrutura para gerenciar a organização, alinhada à estratégia apresentada pela nova empresa que se criou.

Desse modo, a tendência é de que seu papel como líder empresarial se torne mais exigido. Em particular, há um consenso de que profissionais de finanças têm papel vital a desempenhar na navegação e gestão de negócios por meio dos desafios do mundo comercial. Cabe lembrar, a esse propósito, que o CFO está se tornando mais envolvido em todas as características do negócio, incluindo aspectos aparentemente externos, como a sustentabilidade socioambiental. Temos sido os principais responsáveis pela inserção mais efetiva dessa temática em nossas organizações, com inclusão de metas e indicadores com base em padrões mundiais, como o Carbon Disclosure Project (CDP).

Em face de todas as alterações apontadas, algo continua como era antes: garantir que a estratégia implementada seja cumprida exige uma combinação de monitoramento de desempenho e gestão, conseguida por meio de mecanismos como relatórios de gestão com foco na qualidade da informação gerencial, planejamento de negócios e de previsão. Nessa esfera, os profissionais de finanças no Brasil historicamente tiveram um ótimo desempenho.

Não consigo pensar em 2009 sem lembrar os eventos que foram realizados no IBEF SP, o qual foi palco de discussões de aplicabilidade prática em nossas organizações. No futuro, tenho a convicção de que o IBEF continuará agregando conhecimento aos associados, de modo ainda mais vigoroso. Por fim, a tese do (super)freakonomics relata que os incentivos impactam a sociedade, visto que influenciam as decisões e, consequentemente, os resultados dessas ações na economia. Visto de outra forma, a teoria poderia ser complementada, a partir da confirmação da atuação vital dos executivos financeiros para o resultado das empresas de um país, numa espécie de CFOnomics…

* evento comentado na IBEF News 138. Mediei a mesa do evento, o qual contou com presenças que auxiliaram a embasar este texto: Marcelo de Lucca, diretor executivo da Michael Page; João Márcio Souza, diretor da Hays Recrutamento; Antonio Salvador, diretor de RH da PwC; Edmundo Baltazar, CFO da Google; e André Rodrigues, vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP e vice-presidente financeiro da Rhodia.

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