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Seminário IBEF Jovem: China e Brasil em foco

Momento novo da economia chinesa favorece investimentos no Brasil

China e Brasil estiveram no centro do debate sobre conjuntura internacional promovido pelo IBEF Jovem. Fotos: Mario Palhares/IBEF SP

O excesso de liquidez no mundo e a aposta da China em expandir sua internacionalização por meio da concessão de financiamentos e compra de ativos em outros países abrem oportunidades interessantes para o Brasil. O novo posicionamento da economia chinesa e os possíveis cenários para a brasileira, com o desfecho da crise política, foram tema do Seminário IBEF Jovem “Conjuntura econômica global: Os novos desafios começam na China”, realizado no último dia 24, na sede do IBEF SP. O evento teve patrocínio da PwC.

O seminário foi composto pelos painéis “Você precisa saber sobre a China”, conduzido por André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, e “Perspectivas para a economia brasileira e os impactos em sua vida”, por José Cláudio Securato, CEO da Saint Paul Escola de Negócios e presidente do IBEF SP.

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O líder do IBEF Jovem, José Vinicius de Oliveira Alves, deu boas-vindas ao público. Entre os benefícios exclusivos oferecidos pelo IBEF Jovem, elencados pelo líder, destaque para o programa de mentoring, iniciativa que possibilitará aos jovens associados encontros mensais com executivos seniores para orientações sobre carreira. O primeiro encontro acontecerá em 31 de março com o convidado Rogério Menezes, CFO da AkzoNobel PPC.

A sócia da PwC, Luciana Medeiros, destacou que a companhia sempre apoiou o IBEF Jovem por se identificar com os propósitos de difusão de conteúdo técnico e de networking promovidos pelo grupo. Além disso, apesar de ser uma companhia com mais de 100 anos de Brasil, a PwC possui um perfil muito jovem: a média de idade dos colaboradores é de 27 anos. Anualmente, 500 a 600 trainees entram na organização.

China repensa seu modelo

Em um cenário internacional de descontrole monetário em que as taxas de juros despencam e as exportações chinesas se tornaram “grandes demais para o mundo”, o país asiático se vê forçado a repensar seu modelo de crescimento, observou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

O momento agora é de um ajuste “à brasileira”, observou o economista. Isso significa que se o câmbio desvalorizado contribui para que o país exporte menos, busca-se o equilíbrio das contas externas reduzindo as importações.

“A China cresceu muito voltada às exportações, mas o mundo parou. Então, a economia chinesa está tendo que repensar o seu modelo, espera-se que com um comportamento mais ensimesmado, voltando para o consumo doméstico. A China não ‘cabe mais no mundo’, pois já cresceu muito para fora; então, terá que caber dentro de si mesma”, observou.

O economista-chefe da Gradual acrescentou que a relação comercial entre Brasil e China cresceu muito nos últimos anos, o que é uma ótima notícia. Além disso, em um cenário em que há excesso de liquidez e taxas de juros em queda no mundo inteiro, o Brasil está com ativos baratos e retorno atrativo, cenário que torna o país um destino interessante para receber os volumosos recursos chineses.

Brasil: crise política

Após o disclaimer inicial de que suas opiniões são particulares e não representam as da empresa, José Cláudio Securato afirmou que a base do problema enfrentado pelo Brasil se resume a uma palavra: “confiança”. Retomada a confiança, a economia do país poderá voltar à normalidade.

Quatro fatores tiram a confiança do país, observou Securato: questões econômicas, questões políticas, questões ideológicas e, envolvendo esses três aspectos, a Operação Lava Jato.

Do lado econômico, o abandono do tripé macroeconômico para dar lugar à nova matriz econômica implementada pelo Governo Dilma em seus dois mandatos, baseada em juros baixos (tolerância inflacionária), real desvalorizado, e Estado como motor do crescimento (aumento do endividamento), resultou nos seguintes efeitos negativos: associação entre economia e política, falta de confiança dos agentes econômicos no governo, e a dificuldade de visão de longo prazo.

Com relação às questões políticas, destaque para a perda de apoio da coalização que elegeu a presidente para seu segundo mandato, as incertezas deflagradas com a Operação Lava Jato e as delações premiadas, e mais incertezas frente à possibilidade de impeachment da presidente ou cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e um possível desembarque do PMDB do Governo.

Somam-se a esse cenário as questões ideológicas, traduzidas pelo fato de que as decisões são centralizadas, há pouca margem para negociações políticas ou econômicas, o total apoio oferecido pela presidente ao seu padrinho político, o ex-presidente Lula, que está sendo investigado pela Lava jato, e a insistência em manter a política da nova matriz econômica, fatos que fragilizam ainda mais a confiança no governo.

Com ou sem?

Observados esses fatores, José Cláudio Securato traçou dois cenários para o futuro do país: o primeiro com a continuidade da presidente atual e outro sem a presidente.

No primeiro cenário, o governo atual se arrasta tolhido de governabilidade até o processo de transição provocado pelo impeachment ou então por cassação da chapa eleitoral pelo TSE. Se a presidente sair vitoriosa do processo de impeachment, ela se fortalece, mas não seria visível uma melhora da economia.

Para o segundo cenário, sem a presidente, a perspectiva é de haveria uma nova composição entre partidos, lideranças e governo que levariam a uma retomada gradual da confiança. Mesmo nesse cenário, observou Securato, 2016 será um ano perdido, dados os estragos já feitos pela crise política na economia. Contudo, haveria uma possibilidade de leve recuperação em 2017 e melhora de cenário em 2018.

 Debate

No debate, os economistas opinaram que considerando a falta de governabilidade da atual liderança, entre outros aspectos já mencionados, há uma grande possibilidade de que o impeachment aconteça.

Em resposta à questão sobre como ser daria o reequilíbrio econômico em um governo pós-impeachment, Securato afirmou que o caminho seria a reconstrução do tripé macroeconômico composto por câmbio livre, metas de inflação e superávit primário, com metas ajustadas que fossem factíveis de serem cumpridas e assim devolver a credibilidade do Governo perante o mercado. Com a confiança restabelecida com o mercado, o país voltaria a receber investimentos.

Para André Perfeito, se for verdadeira a hipótese de que a grande variável de ajuste econômico é o salário real, que está em queda, isso significaria que a correção econômica já está em andamento e não seria preciso fazer muita coisa. Ele afirmou ser remota a possibilidade de que um eventual governo de transição faça um ajuste recessivo ainda em 2016, considerando-se que este é um ano eleitoral e de crise.

Com relação à projeção para o futuro, ele apontou que com a correção das variáveis macroeconômicas já em curso, a economia tenderá a voltar ao equilíbrio, por isso basta que o governo não faça grandes intervenções, limitando-se a alguns ajustes microeconômicos.

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