Como o CFO, o líder da área tributária e o profissional de tecnologia devem interagir para garantir o sucesso de um projeto de transformação digital? É pensando nessa resposta que a Comissão de Tributos realizará, no dia 13 de dezembro próximo, seminário sobre Tax Transformation.
No aquecimento para o evento, Meily Franco, líder da Comissão de Tributos do IBEF-SP, compartilhou com os membros presentes na reunião técnica realizada no mês de novembro as ideias que devem ser exploradas no seminário, tais como as mudanças sofridas pela função fiscal nos últimos anos, e o papel da tecnologia neste processo.
Em seguida, Rodrigo La Rosa, sócio-diretor da área de Impostos da KPMG Brasil, compartilhou sua experiência com projetos de transformação digital “Há companhias que estão avaliando como seria essa jornada, outras já estão fazendo alguns movimentos, e há as que estão um pouco mais avançadas. Mas, no final das contas, todas enfrentam a mesma questão: quero transformar minha área, mas não sei por onde começo. Robotizando? Eliminando atividades repetitivas? Tirando planilha de excel? E como lido com o meu Big Data?”, destacou La Rosa.
Em projetos nessa área, as empresas também estão discutindo como revisitar as funções dos profissionais de tax e a necessidade de manter ou não a atual estrutura. Em alguns casos, cogita-se a criação da posição de tax technology manager, que faria a interação entre as vertentes de pessoas e de tecnologia.
Protagonismo para transformar – O sócio-diretor da KPMG ressaltou que cada empresa está iniciando a transformação da área tributária do seu jeito, não há uma uniformidade ou caminho único. “Isso está muito na mão do head de tax, estando ele no Brasil ou no exterior. Ele quer mudar e busca fazer esse movimento”.
O líder da área tributária pode provocar essa transformação, por exemplo, convidando consultorias para discutir como cada uma pode ajudar nesse processo, observou La Rosa. “Tenho um cliente que está há 1 ano avaliando todos os players: startups, Big 4, consultorias menores. Cabe ao head de tax colocar para os parceiros as frentes que entende que devem ser trabalhadas”.
As oportunidades de ganhos são muitas. Como exemplo, La Rosa citou uma empresa que elegeu várias frentes para a sua jornada: criar uma inteligência para controlar CND – Certidão Negativa de Débitos; montar uma plataforma para controlar fiscalização; e melhorar o Big Data nos sistemas com o objetivo de ter informações integradas, para poder gerar analytics e ter dados para atender a fiscalização nos próximos 10 anos. Outra frente seria a criação de um motor fiscal para possibilitar simulações e outras otimizações. “Cada organização está listando quais são as suas prioridades”, observou o executivo.
Primeiro passo – Contudo, antes de mergulhar nessa jornada de transformação, as organizações devem fazer a lição de casa. Segundo La Rosa, o passo inicial é atacar os principais problemas existentes de processos, como falhas na estruturação dos dados e na integração entre ERP, por exemplo. “Não adianta automatizar ou querer colocar um robô em alguma coisa se os dados estão com problema. Ou querer gerar um analytics se aquelas informações necessitam de muitos ajustes extra contabilmente”.
Essa e outras questões sobre o tema serão amplamente debatidas no seminário sobre Tax Transformation, que acontecerá em 13 de dezembro, pela manhã, na sede do IBEF-SP.
ICPC 22: incerteza sobre tratamento de tributos sobre o lucro
O segundo tema discutido na reunião da Comissão de Tax, proposto pela ibefiana Fernanda Conterno, foi a Interpretação Técnica ICPC 22 – Incerteza sobre Tratamento de Tributos sobre o Lucro, que terá́ vigência para os exercícios sociais que se iniciarem a partir de 1º de janeiro de 2019.
A ICPC 22 tem por base a IFRIC 23 e esclarece como aplicar os requisitos de reconhecimento e mensuração do CPC 32 quando há incerteza sobre os tratamentos de tributo sobre o lucro. Em tal circunstância, a empresa deve reconhecer e mensurar seu tributo corrente ou diferido ativo ou passivo, aplicando os requisitos do CPC 32 com base em lucro tributável (prejuízo fiscal), bases fiscais, prejuízos fiscais não utilizados, créditos fiscais não utilizados e alíquotas fiscais determinados, aplicando a referida Interpretação.
Durante a reunião, Fernanda Conterno, Meily Franco e Robson Pepe compartilharam experiências sobre o tratamento contábil das incertezas fiscais dos tributos sobre o lucro previsto no IFRIC 23, que é muito semelhante ao previsto US GAAP – FIN 48. Contudo, notaram que a mensuração das incertezas, entre outros aspectos, pode ser tratada de diferentes formas, merecendo uma análise mais aprofundada sobre os ajustes entre os GAAPS.
A minuta da Interpretação Técnica ICPC 22 foi posta em audiência pública pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), desde 25 de outubro, com prazo para envio de sugestões até o dia 26 de novembro deste ano.
Próxima reunião – A Comissão de Tributos voltará a se reunir no dia 7 de dezembro, a partir das 8 horas da manhã, na sede do IBEF-SP. Na ocasião, um consultor convidado fará um resumo sobre o panorama tributário de 2018.